
Segunda-Feira da Semana Santa
Existe uma qualidade única de autocontrole e de desapego no modo como Jesus passa pelas suas provações. A partir da nossa experiência comum de enfrentar crises e transformações, perdas e mortes, poderíamos interpretá-lo como uma ausência de sentimento ou uma auto-anestesia. Temos todos tendência para enterrarmos a cabeça na areia quando não gostamos do que vemos. A partir de um ponto de vista quase teológico poderia ser mal-interpretado dizendo-se, ‘bem Ele era Deus portanto verdadeiramente Ele não sofria. Ele sabia que tudo iria acabar bem no final.´ Tendemos todos a preferir um mestre espiritual idealizado ou um deus olímpico que está de preferência acima e não por dentro do reino da nossa humanidade.
A questão é que toda esta história é sem sentido – e perdemos o nosso tempo na Quaresma – se não percebermos que Jesus era tão humano quanto nós somos e é tão humano quanto nós seremos.
Como lidamos nós com a perda, morte, traição e deceção? Quem é que não experimenta tudo isto, até certo ponto, em momentos das nossas breves vidas? O modo como reagimos ao sofrimento determina, também, como lidamos com descobertas, regeneração, amor e a realização das nossas expectativas. Isto também caracteriza, em certa medida, a existência humana. Não há dúvida que preferiríamos escolher da paleta de cor humana. Mas também, não há qualquer dúvida no final de que ambas as categorias nos ensinam e nos formam e devemos abraçá-las todas com a mesma humildade.
O distanciamento que aprendemos com o tempo e nos traz maturidade de caráter significa que não fazemos uma birra de cada vez que não conseguimos o que queremos. Nem mergulhamos num desespero total quando perdemos o que possuímos. Do mesmo modo, não nos tornamos possessivos quando as coisas boas da vida vêm ter connosco. Não nos iludimos que não haja problemas ao voltar da esquina. Mas é, justamente, este fino equilíbrio nas reações que nos permite ir para além dos jogos da emoção e do apego do ego à perspetiva dor-prazer.
A meditação como parte da vida, a nossa tentativa quaresmal de vivermos melhor a nossa vida aponta para o grande sinal que havemos de contemplar nestes próximos dias. Ir através da dor, libertarmo-nos para a morte quando chegar a hora, deixarmos todos os que amamos e os prazeres da vida sem ressentimento: assim encontraremos a bondade para além do bom e do mau, uma realização para além do perder e encontrar, uma vida para além da vida e da morte. Mais, descobriremos que isso não está lá no Monte Olimpo mas aqui no nosso próprio ADN.
Se a Quaresma tinha a ver com caminhar no deserto durante quarenta dias, a Semana Santa tem a ver com o voltar a casa e dizer um exultante obrigado do fundo dos nossos corações.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Existe uma qualidade única de autocontrole e de desapego no modo como Jesus passa pelas suas provações. A partir da nossa experiência comum de enfrentar crises e transformações, perdas e mortes, poderíamos interpretá-lo como uma ausência de sentimento ou uma auto-anestesia. Temos todos tendência para enterrarmos a cabeça na areia quando não gostamos do que vemos. A partir de um ponto de vista quase teológico poderia ser mal-interpretado dizendo-se, ‘bem Ele era Deus portanto verdadeiramente Ele não sofria. Ele sabia que tudo iria acabar bem no final.´ Tendemos todos a preferir um mestre espiritual idealizado ou um deus olímpico que está de preferência acima e não por dentro do reino da nossa humanidade.
A questão é que toda esta história é sem sentido – e perdemos o nosso tempo na Quaresma – se não percebermos que Jesus era tão humano quanto nós somos e é tão humano quanto nós seremos.
Como lidamos nós com a perda, morte, traição e deceção? Quem é que não experimenta tudo isto, até certo ponto, em momentos das nossas breves vidas? O modo como reagimos ao sofrimento determina, também, como lidamos com descobertas, regeneração, amor e a realização das nossas expectativas. Isto também caracteriza, em certa medida, a existência humana. Não há dúvida que preferiríamos escolher da paleta de cor humana. Mas também, não há qualquer dúvida no final de que ambas as categorias nos ensinam e nos formam e devemos abraçá-las todas com a mesma humildade.
O distanciamento que aprendemos com o tempo e nos traz maturidade de caráter significa que não fazemos uma birra de cada vez que não conseguimos o que queremos. Nem mergulhamos num desespero total quando perdemos o que possuímos. Do mesmo modo, não nos tornamos possessivos quando as coisas boas da vida vêm ter connosco. Não nos iludimos que não haja problemas ao voltar da esquina. Mas é, justamente, este fino equilíbrio nas reações que nos permite ir para além dos jogos da emoção e do apego do ego à perspetiva dor-prazer.
A meditação como parte da vida, a nossa tentativa quaresmal de vivermos melhor a nossa vida aponta para o grande sinal que havemos de contemplar nestes próximos dias. Ir através da dor, libertarmo-nos para a morte quando chegar a hora, deixarmos todos os que amamos e os prazeres da vida sem ressentimento: assim encontraremos a bondade para além do bom e do mau, uma realização para além do perder e encontrar, uma vida para além da vida e da morte. Mais, descobriremos que isso não está lá no Monte Olimpo mas aqui no nosso próprio ADN.
Se a Quaresma tinha a ver com caminhar no deserto durante quarenta dias, a Semana Santa tem a ver com o voltar a casa e dizer um exultante obrigado do fundo dos nossos corações.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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