
Terça-feira da 2ª. Semana
Não há nada mais intimidante ou cheio de esperança do que uma página em branco.
Talvez isso seja o que, ao mesmo tempo, tememos e nos atrai na meditação. Os termos “em branco” e “vazio”, tal como a palavra “pobre”, são enganadoramente negativos porque não conseguem captar a qualidade de plenamente-importante do potencial. Será que o vazio é uma falta, uma ausência, ou será antes o espaço em que uma nova plenitude pode emergir, assim que nela penetramos e a abraçamos? Será que “em branco” significa nada, a imagem esmorecida que fica no ecrã depois de termos apagado tudo? Ou será que significa a oportunidade para um novo e mais rico conteúdo?
Porque somos uma cultura de consumo e de consumo excessivo, usando, de forma aditiva, mais do que precisamos, estas ideias aparentemente ultra subtis de potencial e de oportunidade não conseguem prender a nossa imaginação. Ficamos mais satisfeitos com a página cheia ou, preferivelmente, com um documento multipágina, cheio de pontos importantes em multiníveis, de calão sonante, de ilustrações, de palavras como “compulsivo”, “sustentável”, “entusiasmante” e “inovador”. Sabemos que significam muito pouco, mas, pelo menos, asseguram-nos que preenchemos o vazio, cobrimos a neve virgem com muitas pegadas.
A meditação intriga os profissionais apanhados em sistemas de trabalho que cada vez mais se caracterizam por estes padrões excessivos de comunicação. O seu nível de stress, muitas vezes, leva-os a sentirem-se aprisionados num labirinto sem saída de atividade, de planos de trabalho que se entrechocam, com reuniões, pontos de situação, relatórios, viagens e pouco tempo para a verdadeira reflexão ou para realmente implementar o que foi “decidido”. Ao princípio, lutam para arranjar tempo para a meditação, mas alguns descobrem a verdade quântica de que o tempo dado à meditação aumenta a quantidade de tempo na vida quotidiana duma pessoa. Isto é absurdo para a mente stressada, mas é uma doce verdade, libertadora para os que a saborearam.
Os nossos dois tipos de práticas quaresmais – o que renunciamos e o que fazemos a mais – podem proporcionar-nos o muito necessário caminho de fuga da compulsividade para a liberdade. Mas exige um bocadinho de força de vontade. Tal como o exercício envolverá sempre um pouco de suor e algumas dores musculares iniciais.
Recentemente, estive a conversar com um jovem filho de uma família não religiosa. Ele frequenta uma escola religiosa e tem-se sentido atraído pelos rituais e até pela disciplina da Quaresma. Imitando os seus companheiros de escola, decidiu abdicar do chocolate. À hora do chá, quando eu estava de visita, a sua mãe deu-lhe uma sanduíche barrada de chocolate que ele, compreensivelmente, não podia recusar. Eu não tinha nenhuma vontade de o fazer sentir-se culpado por causa disso, mas pareceu-me ser uma oportunidade perdida para o ajudar a desenvolver uma capacidade essencial e uma competência para a vida: o autocontrolo e a abstinência.
Todos arranjamos desculpas. Para não meditar. Para escrever um documento mais longo de modo a esconder o quanto desconhecemos aquilo que fazemos. Para desistir de renunciar. Para adiar essa coisa a mais que queríamos fazer. A única maneira de resolver o assunto – e a nosso favor – é “arrependermo-nos”, o que significa evitar a culpa e voltar a começar do princípio.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
http://www.meditacaocrista.com/
Não há nada mais intimidante ou cheio de esperança do que uma página em branco.
Talvez isso seja o que, ao mesmo tempo, tememos e nos atrai na meditação. Os termos “em branco” e “vazio”, tal como a palavra “pobre”, são enganadoramente negativos porque não conseguem captar a qualidade de plenamente-importante do potencial. Será que o vazio é uma falta, uma ausência, ou será antes o espaço em que uma nova plenitude pode emergir, assim que nela penetramos e a abraçamos? Será que “em branco” significa nada, a imagem esmorecida que fica no ecrã depois de termos apagado tudo? Ou será que significa a oportunidade para um novo e mais rico conteúdo?
Porque somos uma cultura de consumo e de consumo excessivo, usando, de forma aditiva, mais do que precisamos, estas ideias aparentemente ultra subtis de potencial e de oportunidade não conseguem prender a nossa imaginação. Ficamos mais satisfeitos com a página cheia ou, preferivelmente, com um documento multipágina, cheio de pontos importantes em multiníveis, de calão sonante, de ilustrações, de palavras como “compulsivo”, “sustentável”, “entusiasmante” e “inovador”. Sabemos que significam muito pouco, mas, pelo menos, asseguram-nos que preenchemos o vazio, cobrimos a neve virgem com muitas pegadas.
A meditação intriga os profissionais apanhados em sistemas de trabalho que cada vez mais se caracterizam por estes padrões excessivos de comunicação. O seu nível de stress, muitas vezes, leva-os a sentirem-se aprisionados num labirinto sem saída de atividade, de planos de trabalho que se entrechocam, com reuniões, pontos de situação, relatórios, viagens e pouco tempo para a verdadeira reflexão ou para realmente implementar o que foi “decidido”. Ao princípio, lutam para arranjar tempo para a meditação, mas alguns descobrem a verdade quântica de que o tempo dado à meditação aumenta a quantidade de tempo na vida quotidiana duma pessoa. Isto é absurdo para a mente stressada, mas é uma doce verdade, libertadora para os que a saborearam.
Os nossos dois tipos de práticas quaresmais – o que renunciamos e o que fazemos a mais – podem proporcionar-nos o muito necessário caminho de fuga da compulsividade para a liberdade. Mas exige um bocadinho de força de vontade. Tal como o exercício envolverá sempre um pouco de suor e algumas dores musculares iniciais.
Recentemente, estive a conversar com um jovem filho de uma família não religiosa. Ele frequenta uma escola religiosa e tem-se sentido atraído pelos rituais e até pela disciplina da Quaresma. Imitando os seus companheiros de escola, decidiu abdicar do chocolate. À hora do chá, quando eu estava de visita, a sua mãe deu-lhe uma sanduíche barrada de chocolate que ele, compreensivelmente, não podia recusar. Eu não tinha nenhuma vontade de o fazer sentir-se culpado por causa disso, mas pareceu-me ser uma oportunidade perdida para o ajudar a desenvolver uma capacidade essencial e uma competência para a vida: o autocontrolo e a abstinência.
Todos arranjamos desculpas. Para não meditar. Para escrever um documento mais longo de modo a esconder o quanto desconhecemos aquilo que fazemos. Para desistir de renunciar. Para adiar essa coisa a mais que queríamos fazer. A única maneira de resolver o assunto – e a nosso favor – é “arrependermo-nos”, o que significa evitar a culpa e voltar a começar do princípio.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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