
Terça-feira da 3ª Semana da Quaresma
Fiquei satisfeito por ver uma “sala tranquila” num aeroporto e entrei nela, encontrando um homem a falar ao telefone. Olhámo-nos (em silêncio) até que ele disse “vem à espera de silêncio aqui?” Sendo um indivíduo muito sensível, deve ter lido a minha mente e, sem mais delongas, delicadamente, saiu para continuar a sua conversa lá fora. Estive ali uma hora sozinho e mais ninguém lá entrou. Como por vezes acontece nos retiros de meditação, facilmente esquecemos que silêncio significa silêncio, não meramente privacidade, termos simplesmente o nosso próprio espaço. De facto, o silêncio é uma das salas mais públicas e, simultaneamente, íntimas em que podemos entrar; o quarto interior em que estamos na mais profunda solidão, estando, porém, imersos no terreno de toda a existência.
O silêncio tem muitas camadas. João o Solitário falava de quatro: a língua, o corpo todo, a mente e o espírito, que é o silêncio do silêncio. Este é descrito por ele como a capacidade de estar quieto e em silêncio, movido apenas pelo próprio silêncio, não por qualquer pensamento, nem sequer o mais subtil, sobre o silêncio.
Por vezes, quando meditamos, somos conduzidos a um espaço que parece livre de pensamentos e refrescantemente calmo – como uma sala tranquila num aeroporto barulhento. Mas podem estar ali algumas pessoas em conversa sobre o que realmente significa a tranquilidade e que boa ideia que é ter um espaço como este. Portanto, embora possamos ter chegado a um dos níveis mais profundos de silêncio mental, evidentemente (quando o vemos, é evidente), ainda não estamos no silêncio absoluto.
O mantra é um caminho fiel que nos conduz ao mais pleno silêncio. Irá acompanhar-nos todo o caminho. Mas, à medida que ficamos mais perto do fim, o caminho torna-se mais simples e mais estreito, não menos, mas mais amistoso e familiar. Por fim, o mantra, quem o recita e a presença misteriosa em que ele é recitado tornam-se um só e esse é o silêncio do silêncio.
Isto poderá parecer algum tipo de sistema de graduação e a maior parte de nós sente que ocupa um dos níveis mais baixos. No entanto, isso é uma falsificação do ego. O ego que gosta sempre de ser especial e de ser primeiro. Esta falsa ideia de desenvolvimento espiritual dissolve-se por exposição à fé ao longo do tempo. O que emerge, em vez disso, é uma consciência – uma humilde percepção – de que vivemos, nos movemos, actuamos e falamos no silêncio pleno do espírito. Podemos não o conhecer tão plenamente quanto nos é possível porque os outros níveis de silêncio ainda não evoluíram o suficiente.
Mas sabemos, de qualquer modo, que o silêncio da Presença que tudo sustenta é real e constante. Isso, por seu lado, dá-nos uma motivação para regressar e trabalhar nos outros níveis de silêncio, dia a dia.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Fiquei satisfeito por ver uma “sala tranquila” num aeroporto e entrei nela, encontrando um homem a falar ao telefone. Olhámo-nos (em silêncio) até que ele disse “vem à espera de silêncio aqui?” Sendo um indivíduo muito sensível, deve ter lido a minha mente e, sem mais delongas, delicadamente, saiu para continuar a sua conversa lá fora. Estive ali uma hora sozinho e mais ninguém lá entrou. Como por vezes acontece nos retiros de meditação, facilmente esquecemos que silêncio significa silêncio, não meramente privacidade, termos simplesmente o nosso próprio espaço. De facto, o silêncio é uma das salas mais públicas e, simultaneamente, íntimas em que podemos entrar; o quarto interior em que estamos na mais profunda solidão, estando, porém, imersos no terreno de toda a existência.
O silêncio tem muitas camadas. João o Solitário falava de quatro: a língua, o corpo todo, a mente e o espírito, que é o silêncio do silêncio. Este é descrito por ele como a capacidade de estar quieto e em silêncio, movido apenas pelo próprio silêncio, não por qualquer pensamento, nem sequer o mais subtil, sobre o silêncio.
Por vezes, quando meditamos, somos conduzidos a um espaço que parece livre de pensamentos e refrescantemente calmo – como uma sala tranquila num aeroporto barulhento. Mas podem estar ali algumas pessoas em conversa sobre o que realmente significa a tranquilidade e que boa ideia que é ter um espaço como este. Portanto, embora possamos ter chegado a um dos níveis mais profundos de silêncio mental, evidentemente (quando o vemos, é evidente), ainda não estamos no silêncio absoluto.
O mantra é um caminho fiel que nos conduz ao mais pleno silêncio. Irá acompanhar-nos todo o caminho. Mas, à medida que ficamos mais perto do fim, o caminho torna-se mais simples e mais estreito, não menos, mas mais amistoso e familiar. Por fim, o mantra, quem o recita e a presença misteriosa em que ele é recitado tornam-se um só e esse é o silêncio do silêncio.
Isto poderá parecer algum tipo de sistema de graduação e a maior parte de nós sente que ocupa um dos níveis mais baixos. No entanto, isso é uma falsificação do ego. O ego que gosta sempre de ser especial e de ser primeiro. Esta falsa ideia de desenvolvimento espiritual dissolve-se por exposição à fé ao longo do tempo. O que emerge, em vez disso, é uma consciência – uma humilde percepção – de que vivemos, nos movemos, actuamos e falamos no silêncio pleno do espírito. Podemos não o conhecer tão plenamente quanto nos é possível porque os outros níveis de silêncio ainda não evoluíram o suficiente.
Mas sabemos, de qualquer modo, que o silêncio da Presença que tudo sustenta é real e constante. Isso, por seu lado, dá-nos uma motivação para regressar e trabalhar nos outros níveis de silêncio, dia a dia.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal