
Terça-feira da 5ª Semana da Quaresma
Estava a sentir, desde há algum tempo, que precisava de aumentar as lentes dos meus óculos. Esta sensação foi crescendo, até me parecer urgente. Mas tornava-se difícil ir ao oculista polaco de Londres que vinha examinando os meus olhos desde que eu era criança, pois já devia de ter-se reformado e senti-me um pouco ansioso em relação ao grande intervalo no meu ´checkup´ regular.
Então, ao estar em Singapura durante um período mais ou menos longo a dar aulas, decidi romper com o hábito antigo e tratar de ir a um novo oculista. A loja num pequeno centro comercial era pequena, desarrumada e baratucha. O singular oculista chinês, que evitava olhar-me nos olhos até os examinar propriamente, não me inspirou confiança. Se ele tivesse de me fazer algo mais para além de examinar os meus olhos eu teria encontrado uma desculpa para me ir embora. Tive saudades do meu velho amigo de Londres em quem confiava. Imaginei que este homem podia ser um sapateiro a tomar a vez do amigo, o verdadeiro oculista, ou um pescador que examinava olhos a tempo parcial.
Depois do exame ele emitiu um grunhido indecifrável e começou a pôr de parte as suas lentes. Como ele se preparava para deixar a sala sem qualquer comentário, apressei-me a perguntar-lhe se ele podia arranjar-me uns óculos novos antes da minha partida de Singapura. Ele olhou para mim e disse ‘não é necessário’ e saiu. Segui-o e confirmei que, de acordo com o exame que me tinha feito, os óculos que eu tinha eram perfeitamente adequados. ´Mas´ comecei eu a dizer e perguntei ‘Quanto é?’ ´Nada´.
Então o que sobressaiu foi o seu modo peculiar e estranho de fazer negócio. Realizei que confiava nele e que era competente e íntegro. Pensei que, provavelmente, eu estaria errado acerca dos meus olhos estarem a perder a visão e, na verdade, as coisas pareceram-me mais nítidas quando saí para a rua.
É fácil nos convencermos de algo que não é verdadeiro, de confundir a nossa própria visão da realidade. Esta é a forma de ilusão mais perigosa, porque ao acreditarmos verdadeiramente nalguma coisa, torna-se mais fácil convencer os outros que isso é verdade. Sociedades inteiras e instituições importantes podem trilhar assim o caminho do prazer para o desastre, como aconteceu com a última crise financeira.
Encontrar um profeta é conhecer alguém que nos diz a verdade tal como a vê e que está também na razão. Para acreditarmos nele ajuda perceber que ele não tem qualquer interesse pessoal ou desejo de agradar. Para ele a verdade basta. Para ver claro vemos através do seu olhar.
‘Nós, contudo, possuímos a mente de Cristo´.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Estava a sentir, desde há algum tempo, que precisava de aumentar as lentes dos meus óculos. Esta sensação foi crescendo, até me parecer urgente. Mas tornava-se difícil ir ao oculista polaco de Londres que vinha examinando os meus olhos desde que eu era criança, pois já devia de ter-se reformado e senti-me um pouco ansioso em relação ao grande intervalo no meu ´checkup´ regular.
Então, ao estar em Singapura durante um período mais ou menos longo a dar aulas, decidi romper com o hábito antigo e tratar de ir a um novo oculista. A loja num pequeno centro comercial era pequena, desarrumada e baratucha. O singular oculista chinês, que evitava olhar-me nos olhos até os examinar propriamente, não me inspirou confiança. Se ele tivesse de me fazer algo mais para além de examinar os meus olhos eu teria encontrado uma desculpa para me ir embora. Tive saudades do meu velho amigo de Londres em quem confiava. Imaginei que este homem podia ser um sapateiro a tomar a vez do amigo, o verdadeiro oculista, ou um pescador que examinava olhos a tempo parcial.
Depois do exame ele emitiu um grunhido indecifrável e começou a pôr de parte as suas lentes. Como ele se preparava para deixar a sala sem qualquer comentário, apressei-me a perguntar-lhe se ele podia arranjar-me uns óculos novos antes da minha partida de Singapura. Ele olhou para mim e disse ‘não é necessário’ e saiu. Segui-o e confirmei que, de acordo com o exame que me tinha feito, os óculos que eu tinha eram perfeitamente adequados. ´Mas´ comecei eu a dizer e perguntei ‘Quanto é?’ ´Nada´.
Então o que sobressaiu foi o seu modo peculiar e estranho de fazer negócio. Realizei que confiava nele e que era competente e íntegro. Pensei que, provavelmente, eu estaria errado acerca dos meus olhos estarem a perder a visão e, na verdade, as coisas pareceram-me mais nítidas quando saí para a rua.
É fácil nos convencermos de algo que não é verdadeiro, de confundir a nossa própria visão da realidade. Esta é a forma de ilusão mais perigosa, porque ao acreditarmos verdadeiramente nalguma coisa, torna-se mais fácil convencer os outros que isso é verdade. Sociedades inteiras e instituições importantes podem trilhar assim o caminho do prazer para o desastre, como aconteceu com a última crise financeira.
Encontrar um profeta é conhecer alguém que nos diz a verdade tal como a vê e que está também na razão. Para acreditarmos nele ajuda perceber que ele não tem qualquer interesse pessoal ou desejo de agradar. Para ele a verdade basta. Para ver claro vemos através do seu olhar.
‘Nós, contudo, possuímos a mente de Cristo´.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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