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Reflexões para a Quaresma 2017

                                                                       .     
​LAURENCE FREEMAN OSB 

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Quinta-feira da Quinta Semana

5/4/2017

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Quinta-feira da Quinta Semana

Fui recentemente ouvir uma palestra, no lançamento de um novo livro, por uma amiga minha que vive numa pequena aldeia de East Anglia. Rosamond Richardson escreveu vários livros sobre o campo, sobre a história cultural das flores e árvores selvagens e sobre alimentação. Ela ama caminhar. Escreve com base num sítio em que confiamos e que gostaríamos de conhecer melhor. A sua conferência era sobre aves e meditação, embora ela nunca tenha mencionado a meditação.
 
Surpreendentemente, foi só há pouco tempo que ela descobriu o mundo das aves. Durante um período de dor pessoal este novo mundo trouxe-lhe uma expansão da consciência, um novo relacionamento com o mundo natural (que S. Tomás de Aquino dizia ser a “primeira e a mais perfeita revelação do divino”) e com uma nova fonte de cura. Como um verdadeiro ervanário nos dirá, se soubermos alguma coisa sobre a natureza, iremos sempre descobrir mais sobre como natureza em si é a fonte da saúde.
 
O novo livro de Rosamond, a minha recomendação para a última semana da Quaresma, especialmente para aqueles que sintam que já tiveram religião a mais, chama-se “Esperando por Albino Dunnock: Como as Aves Podem Mudar a sua Vida”.
 
A sua escrita sobre o campo e o mundo das aves que ela aí descobriu invoca para nós, seus leitores, mais detalhes da experiência plena da Criação do que qualquer documentário televisivo sobre a vida selvagem. Mostra-nos como as palavras são mais poderosas do que mil imagens, embora no nosso mundo frenético dos media acreditemos no oposto. Ela é, como confessa, uma personalidade atarefada e motivada pela curiosidade. Começou a paticar corrida. Mas as aves apresentaram-lhe a caminhada contemplativa e as alegrias da quieta, paciente, silenciosa espera.
 
Na sua palestra, aprendi que o verbo “deambular” (“to saunter”), que significa caminhar de forma lenta, descontraída, passear ou vaguear, deriva da expressão francesa “sainte terre” ou “santa terra”. Os peregrinos que caminhavam até à Terra Santa para visitar os locais sagrados onde Jesus viveu, ensinou, sofreu e morreu, deambulavam por lá. Não foram para os aeroportos de Gatwick ou Newark comprar, beber e consumir enquanto esperavam por um avião sobrelotado. Para depois tomar um autocarro que está à espera no próximo aeroporto para ir para o hotel. Eles deambulavam. O crescente número de modernos peregrinos no Camino para Compostela, que esperamos vir a acolher em breve em Bonnevaux, que está localizado nesse caminho ancestral, estão a redescobrir isso mesmo.
 
Tudo na cultura moderna se baseia na aceleração. Isso tem muitas vantagens, é claro. Mas perdemos muito nesse processo. Desacelerar abre-nos. Descobrir dos bacuraus ensinou isso mesmo a Rosamond. São aves de atividade noturna, com um vasto repertório de canções dramáticas. As gravações por técnicos de som já permitiram analisar nove mil notas até ao momento, mostrando as limitações do ouvido humano. Visualmente, também: “A sua beleza delgada de outro mundo, uma ave do tamanho dum falcão, espectral, elegante e misteriosa”.’
 
Andar lentamente não é parar. Estar em quietude não é ser improdutivo ou estar desligado. Rosamond aprendeu muito com Thoreau, um naturalista radical americano do séc. XIX que conhecia o valor espiritual da caminhada, cuja ancestral sabedoria é captada no adágio latino “solvitur ambulando” – traduzido grosseiramente como “resolve isso caminhando”.
 
Por isso, se precisar duma nova prática quaresmal, experimente deambular. Se se sentir demasiado irrequieto e stressado para meditar, vá primeiro fazer uma caminhada. E para o/a ajudar a recitar o mantra, escute os pássaros, de manhã e à noite.



Com amor,
Laurence


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​Quarta-feira da Quinta Semana

5/4/2017

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​Quarta-feira da Quinta Semana

à medida que nos aproximamos da Semana Santa, preciso de tirar algo do peito. É o meu problema com a religião, as palavras religiosas, rituais, simbolismo, crença. Desde a infância, estas coisas têm sido bastante preciosas para mim e frequentemente uma fonte de profundo enriquecimento. Têm sido, e continuam a ser, pontes desde a superfície das coisas e para mais profundos os níveis da realidade. Para mim, têm sido uma forma de evitar esse horror mundano de viver à superfície, como se fosse uma pedrinha a deslizar sobre as ondas antes de se afundar como – bem, como uma pedra. Sinto uma afinidade natural com a linguagem da religião. Uma vida ou uma mundivisão que a exclua parece-me muito incompleta. As tentativas de regimes totalitários no séc. XX de erradicar a religião fracassaram, tal como aconteceria com tentativas de banir a música, a arte ou (como queria fazer Platão, no seu mundo ideal) a poesia. De qualquer modo, devemos denunciar e evitar a má religião, que é tão possível como a má música ou a má arte. Não vamos abordar aqui o modo como devemos decidir o que significa bom ou mau. A maioria das pessoas concordaria que o evangelismo da TV americana, que explora os pobres e promete favores de Deus em troca de donativos para manter o estilo de vida luxuoso dos pastores evangelistas é um exemplo de má religião. Ou uma religião que desrespeita as outras religiões.
 
No entanto, a Quaresma parece-me de alguma maneira uma pausa refrescante face à religiosidade, uma redução da dosagem. A ênfase é posta no deserto em vez de na igreja, no silêncio em vez de nas palavras, na quietude em vez de no ritual. A vida do monge, como eu referi citado S. Bento há algumas semanas, é uma perpétua Quaresma. Interpreto-a neste sentido, não andar simplesmente na corda bamba da moderação, mas não permitir que a religião saia da proporção. Por exemplo, S. Bento (que não era um padre) disse que as ferramentas de trabalho do mosteiro deviam ser tratadas com a mesma reverência que o cálice e a patena do altar. A religião não deve ser sequestrada, isolada da vida comum. O sagrado e o profano têm que se misturar numa religião centrada na Encarnação e humanidade de Deus.

Isto não quer dizer que os monges do deserto ou que S. Bento fossem Quakers (pequena denominação cristã, igualitária e pacifista, cujo culto exclui a Eucaristia e que não pratica igualmente o Batismo - NT). Uma vida sem a Eucaristia, para mim, seria como andar no deserto da vida sem o maná. Mas trata-se dum sacramento, não de magia, um sinal duma realidade cuja fonte está dentro de nós, não uma maneira de manipular as coisas, ou uma atividade compulsiva. É por isso que uma experiência contemplativa, como a que é despertada pela meditação quotidiana, embora vista como ameaçadora por algumas pessoas pias, de facto ajuda aqueles que são afastados pela religiosidade da Igreja a restabelecer a ligação com a sua vida e linguagem simbólica de uma nova forma. Não é preciso sermos religiosos para a meditação nos conduzir à experiência de contemplação. Não se pode dizer que a meditação irá fazer de nós religiosos, no sentido convencional de nos tornarmos pessoas que vão regularmente à igreja; mas irá revelar a verdadeira natureza e significado da religião.

S. Tomás de Aquino disse que “a Criação é a primeira e a mais perfeita revelação do Divino”. Estar em comunhão com a natureza é portanto uma forma de adoração. A Criação, o mundo belo, é a igreja essencial. Encontrei esta citação de S. Tomás de Aquino num livro de que gostaria de vos falar amanhã. Não é um livro de leituras quaresmais, apresso-me a acrescentar, mas, mesmo assim, é um bom livro para a Quaresma.

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Terça-feira da Quinta Semana

4/4/2017

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Terça-feira da Quinta Semana
 
Na primeira das leituras de hoje vemos os israelitas de novo a achar a caminhada que atravessa o deserto insuportavelmente entediante. Eles desejam variedade e um estímulo novo, tal como antes desejavam recuperar a comida a que estavam acostumados, mesmo que isso custasse o regresso à condição de escravidão. Se conhecermos os nossos vícios, facilmente iremos reconhecer esta tendência recorrente na nossa vontade.
 
Em recompensa pela sua incapacidade de se manterem entediados e deste modo transcenderem a sua vontade, receberam serpentes venenosas para os morderem. É um poderoso símbolo do que é ser controlado pelos nossos desejos. E, de novo, é algo que todos nós somos capazes de reconhecer, grosseiramente ou a níveis mais subtis. Aplausos a quem pensar que tem completo domínio sobre si mesmo. 
 
A segunda leitura continua a expor o doloroso grito de Jesus no deserto dos Seus relacionamentos com os que contestavam e não O conseguiam reconhecer. Estas pessoas personificam as vistas-curtas e a mente-sangrenta da resistência ao deserto. Mostra o conflito entre a ignorância deles e a falta de sucesso em comunicar-lhes aquilo que almejava, com a eterna ânsia da parte iluminada de nós mesmos, por partilhar plenamente. “Partilhei convosco tudo o que aprendi de Meu Pai”, diz Ele aos Seus discípulos na véspera da Sua morte.
 
Quando os Seus detratores Lhe perguntam “quem és Tu?”, estão a deter o fluxo para poderem etiquetar a experiência. Para receber o que Ele tenta partilhar, eles teriam que abrir mão da ilusão de controlo, o enquadrar um modelo à realidade, que constitui o nosso pior vício. É um grau de pobreza demasiado distante para eles, tal como é para nós na vida a maior parte do tempo, e na meditação muito do tempo. Ele não pode responder à pergunta deles nos seus termos e manter-se verdadeiro. Teria que mentir para o explicar duma forma que pudesse satisfazê-los e alimentar a autojustificação deles. Por isso, mantém-se no fluxo e responde invocando “Aquele que Me enviou”, que é verdadeiro e que Lhe ensinou tudo aquilo que Ele quer “declarar ao mundo”.
 
Neste descalabro da comunicação e começo das hostilidades que irão conduzir à Sua morte, Jesus revela uma vasta ternura. Quer o Seu Pai tenha uma longa barba branca e se sente num trono, quer não, Ele é um oceano de verdadeira ternura. Esta é acompanhada por uma sempre vulnerável delicadeza de auto-reconhecimento que ocorre quando estamos absorvidos na verdade, na beleza ou no amor. Em Deus.
 
Ele não está a tentar colar um rótulo sobre outro numa guerra de ideias. Ele não está a tentar ganhar, controlar, estabelecer um domínio teológico. Confrontado com o pior da religião (que cheia de ódio nega a Deus em nome de Deus), abandona a religião e tudo o que podemos ver é a ardente luminosidade do Seu Espírito, o Seu relacionamento com a Sua fonte.


Com amor,
Laurence


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Segunda-feira da Quinta Semana

3/4/2017

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Segunda-feira da Quinta Semana
 
Maquiavel, o arquétipo do politico, dizia que “a coisa mais difícil é mudar a ordem das coisas”. É uma ideia tipicamente ocidental, um hábito mental do hemisfério esquerdo do cérebro, assumir que devíamos e podíamos mudar as coisas. É com o jogo da política sem sabedoria com que estamos nesta altura desiludidos., De alguma forma, no entanto, tomamos por certo que, se tivermos uma vontade suficientemente forte, se formos espertos e tivermos um pouco de sorte, podemos fazer qualquer coisa. Podemos controlar as coisas.
 
O Oriente e Ocidente hoje encontraram-se, atravessaram-se um ao outro várias vezes e de muitas maneiras misturaram-se, pelo menos para certas classes da sociedade. Mas mantêm-se alguns pressupostos e mentalidades orientais que apresentam grandes desafios para a mente ocidental. Um deles é o de nos permitirmos a nós mesmos sermos mudados, para algo melhor, pela aceitação da forma como as coisas estão a acontecer, indo com a corrente, em vez de mudar o curso do rio com explosivos e engenharia pesada. Ficando em quietude em vez de impulsivamente interferir. Ser em vez de fazer.
 
Cada uma das abordagens tem um preço. A ativista, centrada na vontade, tentativa de mudar a ordem das coisas pode ser frustrante e oferecer apenas vitórias de curta duração. A abordagem contemplativa exige um treino da mente e das emoções através de uma contínua prática da atenção. A mudança começa no interior antes de afetar o mundo exterior. O preço desta é mais elevado porque a mudança que ela envolve é autêntica e duradoura. Ela exige uma condição chamada “oração pura”, de “completa simplicidade, que custa nada menos do que tudo”.
 
Estive a falar recentemente com uma pessoa que estava a enfrentar esse preço. Alguém lhe tinha dito que quando surgem forças poderosas durante a meditação e que nos fazem parar de dizer o mantra, pode-se escolher desviar a atenção deste. Ou, se o estivermos a recitar e ficarmos bloqueados, paramos de dizê-lo, identificamos e nomeamos a distração responsável, antes de regressarmos ao mantra. O aconselhamento da escola de meditação que nós seguimos recomenda-nos a simplesmente, dizer o mantra e regressar a ele, não a parar para pôr uma etiqueta na distração.
 
Se não soubermos o que dizer o mantra significa (ver o mantra como uma Quaresma feliz), esta distinção poderá parecer uma espiritual separação-de-cabelos (‘bizantina’). De certa forma, é mesmo; a distinção é tão fina. Mas, se soubermos realmente o que o mantra é, iremos ver para que serve esta fina diferença. Iremos sentir a sua importância para o tipo de prática e de experiência que a meditação irá ser para nós. Penso que faz também diferença para o tipo de mudança que produz.
 
Não estou a dizer que uma forma é boa e a outra má. Não se deve nunca diminuir ou desrespeitar a prática de outra pessoa. Há muitos caminhos que serpenteiam até ao topo da montanha da verdade. Mas parece-me que é importante ver que a simplicidade completa significa uma mudança de atenção do poder da vontade fixa para o poder do fluxo. Parar e retomar o trabalho da vontade de pôr etiquetas e nomear não é o fim do mundo mas é uma paragem do comboio. Mesmo quando o comboio desacelera ele continua a mover-se. Haverá tempo suficiente, quando chegarmos à estação seguinte (após o período de meditação), para revermos o que causou a desaceleração. Mas, mais uma vez, não gastemos tanto tempo a fazê-lo que possamos vir a perder o comboio quando ele arrancar de novo.
 
Abrir mão da nossa egocêntrica vontade em completa simplicidade é o primeiro, e continuamente repetido, passo da viagem. Estamos sempre a partir e, depois de começar, porquê parar?

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Quinto Domingo da Quaresma

2/4/2017

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Quinto Domingo da Quaresma
  
Quem for à igreja hoje vai ter de encarar mais um longo evangelho. A história da cura de Lázaro, em Jo 11:1-45, precisa realmente que nos sentemos para apreciar as suas muitas e ricas camadas. Ela descreve a morte súbita dum amigo amado de Jesus e a Sua partilha da dor de suas duas irmãs, a ativa Marta e a contemplativa Maria.
 
A história mostra Jesus, ao mesmo tempo, no Seu maior poder e na Sua maior vulnerabilidade humana. Foi afetado visceralmente pela perda, mais profundamente do que palavras. Contam-nos que soltou um suspiro que veio diretamente do coração. Que podemos dizer em face do desaparecimento de alguém que amamos? Não sabemos se se evaporaram para o nada ou se mergulharam num nível profundo da realidade que ainda estamos demasiado em bruto e pouco iluminados para podermos penetrar. O sentimento de sermos deixados para trás evoca infinitas camadas de memória pré-consciente. O suspiro sem palavras expressa a dor da ausência da qual as lágrimas brotam. E dizem-nos, no mais curto versículo dos quatro evangelhos, que “Jesus chorou”. 
 
Algumas pessoas incluem estas duas potentes palavras no repertório de pequenas blasfémias que servem para dar cor ao seu discurso quando vão a conduzir ou se enganam a apagar um email. Poderá ser compreensivelmente ofensivo para os mais pios, mas pode ser visto como uma invocação, ainda que inconsciente, da empatia que Jesus tem para com a Humanidade que sofre. As lágrimas de Jesus por Lázaro, sentimos, que surgiram não apenas da angústia pessoal que Ele sentiu pela perda de alguém que amava, mas da Sua imersão em todo o oceano da dor humana. Quando estamos a sofrer, sofremos com todos os que estão sofrendo ou alguma vez sofreram ao longo de ambas as dimensões do tempo e do espaço.
 
Quando Eneias observa um mural representando cenas de guerra e a morte de amigos seus, fica comovido e diz: “Há lágrimas nas coisas e as coisas mortais tocam a mente.” As lágrimas das coisas. A nossa humanidade é diminuída se não conseguirmos senti-las e honrá-las, sempre e onde quer que encontremos o sofrimento. Talvez seja por isso que temos prazer nas más notícias, para nos fazerem sentir que ainda conseguimos sentir, mesmo neste estado excessivamente estimulado e distraído de cultura dos media.
 
Esta empatia ou compaixão faz parte das novidades profundas escondidas no que é comum, quer as notícias de última hora pareçam boas ou más. As lágrimas são uma onda de energia que traz a cura e uma vida nova. Depois de ter descido ao silêncio da profunda compaixão, Jesus “bradou com forte voz”:
 
“Lázaro, sai cá para fora!” O que estava morto saiu de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Jesus disse-lhes: “Desligai-o e deixai-o ir.”
 
As lágrimas provam que a nossa atenção é real. A atenção sustentada cura; regenera o que está morto; aquece o que está frio. E devolve a cor ao que se tornou num cinzento sem vida.


Com amor,
Laurence


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Sábado da Quarta Semana

1/4/2017

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Sábado da Quarta Semana
 
É bem provável que, em qualquer momento em que dermos atenção às notícias, venhamos a ouvir falar duma atrocidade, duma tragédia, dum horrível acidente ou dum crime que reflecte a pior mutação da natureza humana. Reparei que a Irlanda é particularmente adepta, nas notícias do dia, dos acidentes de automóvel e dos assassinatos. Estas coisas acontecem e não deveríamos adoptar uma atitude de negação face a elas. Mas, se estamos expostos a elas, de forma tão desproporcional nos media deve ser ou porque os media estão a tentar deprimir-nos ou porque retiramos alguma satisfação ou estimulação de ouvirmos falar delas. Os poucos farrapos de boas notícias que nos atiram, no final dos programas de televisão, apenas salientam o negrume geral da existência neste planeta.
 
É difícil responder à pergunta, muitas vezes feita por alguém que não vemos há algum tempo: “então, o que é que se tem passado na tua vida?” Começamos a rever o que se passou e sentimo-nos desconsolados. Como e o quê é que devemos seleccionar do fluxo de eventos e de impressões? Quão realmente interessada estaria a pessoa que pergunta numa resposta que tentasse representar a diversidade de acontecimentos ou algo mais do que a habitual resposta evasiva “está tudo bem, óptimo, obrigado”?
 
É fácil sentir que só as coisas grandes e os desfechos dramáticos (bons ou maus) merecem ser falados. Há algo nisto, de facto, já que as minúcias e trivialidades ou as coisas pequenas que não correram bem podem ser bem aborrecidas. “Bom, ontem, estava a fazer chá e liguei a chaleira. Levou séculos a ferver e só então percebi que não tinha fechado a tampa como deve ser. Tem um novo mecanismo de segurança que não deixa a chaleira funcionar se não estiver bem fechada. Mesmo usando a palavra “espantoso” não tornará isto interessante. O entediante é a, realmente, má notícia.
 
Podemos também, contudo, experienciar um libertador sentido, beleza e maravilhamento em algo geralmente considerado aborrecido e vulgar. Isso é realmente uma boa notícia. Se tivermos ficado genuinamente comovidos com uma mudança no tempo, por exemplo, em vez de a ver como um sinal do quanto a nossa vida é desinteressante, as pessoas ficarão gratas por partilharmos uma descoberta como essa. O muito inglês poeta George Herbert mostra isso mesmo no seu grande poema A Flor:
 
E agora com a provecta idade dou frutos de novo,
Depois de tantas mortes vivo e escrevo;
Eu mais uma vez sinto o aroma do orvalho e da chuva
E me delicio versejando.
 
Este é o tipo de profunda notícia que se encontra também nas grandes escrituras. O que é espantoso é como é que as pessoas religiosas aborrecidas podem estar na posse dum tal tesouro. Mesmo se, por exemplo, calhar estar envolto, como no evangelho de amanhã, num milagre de cura, não é apenas este que é interessante. É a forma como a experiência de vida da pessoa curada é mudada e o que ela faz com esse curto tempo extra de vida que obtém para ver a dimensão profunda do que é comum.
 
A Quaresma deveria estar a sintonizar-nos com este tipo de notícias profundas que realmente nos tornam novos.


​Com amor,
Laurence


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Sexta-feira da Quarta Semana

31/3/2017

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Sexta-feira da Quarta Semana
 
Em Westminster, há alguns dias, um homem nascido na Grã-Bretanha, com cerca de cinquenta anos e um longo historial de violência criminal e de instabilidade, matou impiedosamente quatro pessoas, naquilo que foi designado como mais um ataque terrorista. A selvática e sem sentido inflição de sofrimento sobre pessoas inocentes parte-nos o coração. Acaba por desaparecer das primeiras páginas, as barricadas de segurança são aumentadas e a infeção pelo medo piora. Mas a dor pessoal dos familiares e dos amigos dos que morreram ou que ficaram feridos, por uma tão impessoal expressão de ódio, durará por toda a vida.
 
O enlouquecido assassino tinha-se convertido ao Islão e tinha mudado de nome várias vezes. Tal como muitos dos que matam em nome de Alá, ele tinha-se realmente convertido a uma perversa visão religiosa que se esconde sob o rótulo desta fé que lhes permite ventilar a raiva pessoal contra o mundo e ser aplaudido por alguns por tê-lo feito. A maior parte destes terroristas parece ser gente mentalmente doente, reprimida, fracassada social e psicologicamente na vida, que são facilmente transformados por radicalizadores implacáveis. Dizem-nos que estes eventos vão continuar a acontecer. Muitos podem ser detidos, mas alguns, como este, irão sempre passar pelos buracos da rede. É algo com que o Ocidente irá ter que viver até que os complexos conflitos políticos e religiosos, que não conseguimos compreender e que ocorrem muito longe daqui, sejam resolvidos. Entretanto iremos atravessar esta era “terrorista” como as pessoas já atravessaram outros, de facto ainda piores, períodos de violência e de caos.

Os media reportam tudo em todos os seus detalhes gráficos, dando a maior publicidade desejada pelos terroristas. Os políticos e os líderes religiosos denunciam tais atos, procurando encontrar os termos mais condenatórios. Mas há um crescente sentimento de dejá-vu, de fatalismo, na repetição do choque e do medo que, lentamente, devora o coração de qualquer sociedade. Isto é, claro está, o que os perpetradores do terrorismo pretendem.
 
Será que há uma resposta contemplativa a estes trágicos eventos da nossa era de terror?
 
A contemplação faz subir os níveis de sabedoria e de compaixão nos indivíduos e na comunidade. A sabedoria é prática e sabe que tem de, primeiro, proteger o inocente de sofrer um ataque. Mas tem também que olhar para as causas do que parece ser uma mera loucura, para fazer as perguntas desconfortáveis. A compaixão não pode excluir ninguém, seja inocente, seja culpado. Não há forma mais profunda de prevenir a erosão da sociedade através do medo ou do ódio, do que explicitamente estender o poder da compaixão aos culpados. S. Paulo (Ro 12:21) diz que é uma dor lancinante ser perdoado, é como deitar carvão em brasa na cabeça do nosso inimigo. Está a fazer eco do Livro dos Provérbios (25:21), que diz, muito antes de Jesus o ter tornado central no Seu ensinamento: se o teu inimigo tem fome dá-lhe alimento para comer, dá-lhe água para beber. Pois estás a amontoar carvão em brasa na sua cabeça. O Senhor te recompensará.”
 
O perdão não é uma virtude fácil de compreender ou justificar politicamente. Mas é essencial à cura e à sobrevivência moral. A nossa tradição de fé está comprometida com ele. O Ocidente está, ostensivamente, a ser atacado por terroristas porque é cristão. O quão cristão, é a questão desafiadora. A forma como o expressamos é o nosso desafio. Na Quaresma acima de tudo, nesta época de simplificação e de redução, e mesmo debaixo de ataque e de luto, podemos beber da sabedoria e compaixão presentes no coração humano e que são também a fonte da nossa fé.


Com amor,
Laurence


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Quinta-feira da Quarta Semana

30/3/2017

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Quinta-feira da Quarta Semana
 
Aqui está, espero eu, a ligação com a Quaresma que ficou de ontem.
Recentemente, estive a meditar com um grupo de médicos e de enfermeiras que trabalham num ramo muito stressante da medicina pública. São uma coleção de indivíduos extraordinariamente generosos e compassivos que formam uma equipa de apoio poderosa de amizade profissional. Eles também, realmente, querem meditar. Expressam a sua motivação de formas diferentes, mas têm a ver com os perigos inerentes ao seu trabalho, o que não é surpreendente. Perigos como o esgotamento (o encerramento interior, ao mesmo tempo que se continua a seguir os movimentos à superfície) ou até variadas formas de dano autoinfligido, como a perda de equilíbrio entre os aspetos pessoais e profissionais da sua vida ou as consequências físicas e psicológicas do stress não gerido.
 
A maioria luta também para arranjar tempo para meditar. Esta luta mostra-lhes como a meditação conduz ao autoconhecimento, mesmo no próprio processo de aprendizagem. Compreendemos e vemo-nos melhor quando falhamos a fazer o que queremos fazer. É claro que isto pode levar-nos a desistir. Mas, de um modo mais positivo, pode ajudar-nos a rever as nossas metas, ultrapassar as nossas resistências ou simplesmente a gerir o tempo como mais bom senso. A maior parte das pessoas admite que conseguiria arranjar tempo para meditar se se decidisse mentalmente a fazê-lo.
 
De modo similar, a nossa observância quaresmal encoraja o autoconhecimento, quer estejamos satisfeitos com a nossa medida de observância, quer não. Este autoconhecimento leva ao que os Padres do Deserto chamavam “discrição”. Nada é mais importante do que a discrição no caminho espiritual a que nos referimos com a “vida”. Ela obedece às eternas leis das coisas, sem cair na armadilha de ser legalista. É por isso que os mestres do Deserto diziam que adquirir autoconhecimento é mais importante do que a capacidade de fazer milagres.
 
O nível mais puro de autoconhecimento, porém, é aquele sobre o qual escrevi ontem, referindo-o como a experiência que não pode ser experienciada. Será que isto soa demasiado astral ou esotérico? Não, se escutássemos os médicos que estão a aprender a meditar. Estavamos a falar sobre a quietude – de corpo e mente – como um elemento essencial na meditação. Perguntei se algum deles tinha experienciado a quietude. Até esse momento, tinham falado da sua meditação sobretudo em termos de distração e de fracasso. Mas, depois de um empurrãozinho, alguns eles reconheceram que tinham vislumbrado, por um momento fugaz, o que significava a quietude. Quase imediatamente, começaram a pensar sobre esta experiência e, é claro, ela perdeu-se.
 
A maior parte daquilo a que chamamos experiência é simplesmente memória, a impressão deixada por um momento puro em que fomos libertados do nosso habitual autocentramento. A experiência em si mesma é um desvelar que deita abaixo as estruturas do tempo no nosso pensamento e na nossa imaginação. É puramente presente. Assim que a designamos por experiência, ela recua. Com o passar do tempo, a nossa memória dela empalidece e, muitas vezes, torna-se incorreta. Só a experiência pura é que, em última instância, importa. Ela não pode ser repetida à nossa vontade, mas podemos sempre estar abertos a ela. A nossa abertura abnegada é a fé. À medida que a fé se fortalece, o mesmo acontece com a consciência da presença contínua, mesmo que não estejamos realmente na experiência.
 
Os médicos estão a numa introdução à meditação limitada no tempo. Tal como a Quaresma, o tempo limite dá-nos o incentivo e a disciplina para nos libertarmos do tempo e para tocarmos o presente.


Com amor,
Laurence


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Quarta-feira da Quarta Semana

29/3/2017

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Quarta-feira da Quarta Semana
 
John Main pensava que o pecado mais persistente dos cristãos era o de subestimar a total maravilha da sua fé e potencial.   É incrível. Esta é uma fé que apresenta perspetivas tão expansivas da mente sobre a infinita capacidade da natureza humana e sobre o relacionamento entre Deus, a Natureza e todo o espectro humano da ternura, alegria e sofrimento. No entanto, na velha Cristandade do Ocidente, ela é vista agora, amplamente, como aborrecida, socialmente conservadora, moralista e excessivamente preocupada, se não mesmo obcecada, com a sexualidade genital. Noutras áreas, é vista como sofrendo de um fundamentalismo de mau gosto, de falta de cortesia para com outras fés, como sendo exclusivista e intelectualmente restrita como a Casa Branca. O que é que correu mal? E, será que a situação se pode inverter, por forma a trazer a sua dose de esperança e de energia criativa à nossa crise moderna? 
 
Se tivesse que responder “sim ou não”, eu responderia “sim”. Mas, é claro, eu não sei e a questão colocada desta forma é, provavelmente, demasiado grande e abstrata. Talvez nesta altura precisemos duma abordagem contemplativa em vez de eclesiástica. Gosto da distinção, por exemplo, entre “eclesial” e “eclesiástico”. Ambos os termos se referem à “Igreja”, mas têm significados bastante diferentes. “Eclesial” sugere uma consciência emergente da profundidade e do significado, dentro duma comunidade hospitaleira que abre o acesso a algo maior do que a soma das suas partes. É um vivo e simbólico mundo em que somos libertados do legalismo pela disciplina da adoração. “Eclesiástico” quer dizer, bem, beato, o que as melhores das pessoas religiosas estariam de acordo em que, pelo menos, é pouco atraente, se não mesmo realmente repelente. No entanto, existe uma coisa chamada amor religioso e é uma forma maravilhosa de amor a descobrir. Mas não é beato.
 
O que podemos dizer tem menos a ver com “como tornar a Igreja relevante” ou “como conseguir um maior envolvimento dos jovens”. Podemos agir a partir e baseados na verdade de que uma extraordinária e porém universal experiência se mantém latente em cada ser humano. Mesmo sem palavras para explicá-la, esta experiência pode ser despertada para mostrar a cada um de nós a maravilha e a profundidade daquilo em que se baseia a fé cristã. Por exemplo, paz. Esta paz de que as Escritura falam o tempo todo está aí. Ou alegria. A alegria é uma nascente interior à espera para ser libertada, muito para além dos templos do consumismo. Se nos focássemos mais em despertar esta experiência, a forma e o significado futuros da Igreja iriam desabrochar e não estaríamos apenas a contar quantas pessoas se sentam nos seus bancos.
 
De facto, porém, não podemos despertar esta experiência pelos outros. Esse é o erro de se pôr toda a ênfase em “ir à igreja”. Ir à maior parte das igrejas faz sentido como uma resposta a esta experiência, em vez de ser uma forma de a encontrar. Embora, se tivermos sorte, possamos encontrar uma igreja com uma comunidade boa e cheia de amor, que ajuda um largo espectro de pessoas a descobrir esta experiência por si mesmas e em comunidade.
 
Não estou seguro do que é que isto tem a ver especificamente com a Quaresma. Vou pensar numa ligação para falarmos amanhã. Exceto que uma das expressões menos beatas do Cristianismo foi a dos primeiros monges do deserto. Eles viviam e respiravam Quaresma quotidianamente, com alegria, compaixão e inteligência espiritual. E, segundo as palavras de Jesus, é aí que a sabedoria da meditação mais poderosamente flui para a forma cristã de vida fiel.


​Com amor,
Laurence


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
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Terça-feira da Quarta Semana

29/3/2017

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Terça-feira da Quarta Semana
 
Mark Rothko tornou-se o grande expositor da cor em estado puro no período final da sua vida. Várias das suas enormes telas formam a Capela Rothko em Houston, Texas - EUA (perto do local onde vamos realizar o Seminário John Main em agosto). Elas não estão dentro da capela. Elas são a capela e não há mais qualquer obra ou sinal no seu espaço circular senão estas catorze telas de tons escuros. A experiência de presença é vasta, pessoal e quase opressiva, pelo menos até nos rendermos a ela.

Em resposta a uma pergunta sobre o que significavam as suas pinturas, Rothko disse uma vez: “as minhas pinturas não são retratos duma experiência; elas são uma experiência.” Depois de as ver, creio que ouvimos estas palavras como uma simples descrição e não como uma expressão de autoimportância de qualquer tipo. Elas recordam-me dum dos ensinamentos mais característicos de John Main sobre a simplicidade da meditação. Ele queria que as pessoas não imaginassem como é a “experiência” ou que a discutissem, mas que entrassem nela. Ele diria: “não tentem experienciar a experiência”. Na nossa abordagem muito autofocada e autoavaliadora da mente moderna a tudo, este é um ponto importante para escutar e tentar compreender. (Quantas vezes lemos uma história política e compreendemos que não tem a ver com eventos, mas com as personalidades e com as sondagens de opinião?) Se não estivermos alertas para este hábito da mente, estaremos a percorrer a autoestrada da meditação com o travão de mão puxado, questionando-nos porque é que há uma luz vermelha a piscar no tabelie e se sente o cheiro de borracha queimada. A mesma verdade pode ser encontrada no comentário de Jesus, no início da Quaresma, para que não deixemos a nossa mão esquerda saber o que a direita está a fazer quando estivermos a praticar uma boa ação. (Não sacrifiquemos o fluxo da vida à fixidez da observação.)
 
O movimento de pensamento e sentimento do séc. XIX a que chamamos Romantismo tem pouco a ver com as comédias românticas de Hollywood. Era um protesto e uma reação contra o crescente preconceito a favor do hemisfério esquerdo do cérebro na vida moderna, que sujeita toda a experiência a um exame e análise microscópica e, ao fazê-lo, perde a gestalt, a totalidade, ou, como poderíamos dizer, a dimensão espiritual. Muitos dos românticos tinham sofrido de depressão clínica por causa disto. Conseguiram ultrapassá-la abrindo-se a uma nova forma de perceção do mundo na sua beleza e imediatismo fresco. Thomas Carlyle expressou isto da seguinte forma: “Se vos perguntardes se sois felizes, logo deixareis de o ser. A única opção é tratar, não a felicidade, mas um qualquer fim externo a ela como o sendo o propósito da vida. Deixai a vosso autocentramento, o vosso escrutínio, o vosso autoquestionamento esgotar-se nisso.”
 
Quando passamos a ver isto por nós mesmos, é a coisa mais simples e óbvia do mundo. O centramento no outro – não buscar a própria felicidade como um fim em si mesmo – é o caminho. Dizer o mantra como uma expressão desta consciência faz desligar o travão de mão.
 
Este é o significado de qualquer prática que estivermos a observar durante a Quaresma, por muito bem ou mal que a avaliemos.


Com amor,
Laurence


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    BY LAURENCE FREEMAN OSB

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    ​Quaresma 2017

    Estas leituras diárias escritas por Laurence Freeman, um monge beneditino e director da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã, destinam-se a ajudar as pessoas que as seguem a construir uma melhor Quaresma. Esta é uma época calendarizada que serve de preparação para a Páscoa e durante a qual se dá uma atenção especial à oração, a uma generosidade suplementar com os outros e ao autocontrolo. É costume abdicar de alguma coisa para nos beneficiar espiritualmente e simplificar-nos. Folhear estas leituras será um encorajamento para começar a fazer da meditação uma prática diária ou, se já o for, para a aprofundar, preparando-se para os períodos de meditação com maior cuidado. As meditações de manhã e ao fim da tarde irão tornar-se então o centro espiritual do nosso dia. Eis aqui a tradição, uma forma muito simples de meditação que ensinamos:


    Sente-se, sente-se quieto e com as costas direitas. Feche levemente os olhos. Respire normalmente. Silenciosamente, interiormente comece a repetir uma única palavra ou mantra. Recomendamos a antiga frase de oração “Maranatha”. É a expressão em Aramaico (a língua que Jesus falava) que significa “Vem Senhor”, mas não pense no seu significado. O propósito do mantra é o de pôr de lado todos os pensamentos, bons, maus, indiferentes, juntamente com as imagens, planos, memórias e fantasias. Recite a palavra como quatro sílabas de igual intensidade: ma ra na tha. Escute-a à medida que a vai repetindo e retorne sempre a ela quando se distrair. Medite durante cerca de vinte minutos, todas as manhãs e ao fim da tarde. Meditar com outras pessoas, por exemplo num grupo semanal de meditação, é muito útil para desenvolver esta prática como parte integrante da sua vida quotidiana. Visite o site da Comunidade para procurar mais dicas e inspiração: wccm.org

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