
Quarta-feira da Quarta Semana
John Main pensava que o pecado mais persistente dos cristãos era o de subestimar a total maravilha da sua fé e potencial. É incrível. Esta é uma fé que apresenta perspetivas tão expansivas da mente sobre a infinita capacidade da natureza humana e sobre o relacionamento entre Deus, a Natureza e todo o espectro humano da ternura, alegria e sofrimento. No entanto, na velha Cristandade do Ocidente, ela é vista agora, amplamente, como aborrecida, socialmente conservadora, moralista e excessivamente preocupada, se não mesmo obcecada, com a sexualidade genital. Noutras áreas, é vista como sofrendo de um fundamentalismo de mau gosto, de falta de cortesia para com outras fés, como sendo exclusivista e intelectualmente restrita como a Casa Branca. O que é que correu mal? E, será que a situação se pode inverter, por forma a trazer a sua dose de esperança e de energia criativa à nossa crise moderna?
Se tivesse que responder “sim ou não”, eu responderia “sim”. Mas, é claro, eu não sei e a questão colocada desta forma é, provavelmente, demasiado grande e abstrata. Talvez nesta altura precisemos duma abordagem contemplativa em vez de eclesiástica. Gosto da distinção, por exemplo, entre “eclesial” e “eclesiástico”. Ambos os termos se referem à “Igreja”, mas têm significados bastante diferentes. “Eclesial” sugere uma consciência emergente da profundidade e do significado, dentro duma comunidade hospitaleira que abre o acesso a algo maior do que a soma das suas partes. É um vivo e simbólico mundo em que somos libertados do legalismo pela disciplina da adoração. “Eclesiástico” quer dizer, bem, beato, o que as melhores das pessoas religiosas estariam de acordo em que, pelo menos, é pouco atraente, se não mesmo realmente repelente. No entanto, existe uma coisa chamada amor religioso e é uma forma maravilhosa de amor a descobrir. Mas não é beato.
O que podemos dizer tem menos a ver com “como tornar a Igreja relevante” ou “como conseguir um maior envolvimento dos jovens”. Podemos agir a partir e baseados na verdade de que uma extraordinária e porém universal experiência se mantém latente em cada ser humano. Mesmo sem palavras para explicá-la, esta experiência pode ser despertada para mostrar a cada um de nós a maravilha e a profundidade daquilo em que se baseia a fé cristã. Por exemplo, paz. Esta paz de que as Escritura falam o tempo todo está aí. Ou alegria. A alegria é uma nascente interior à espera para ser libertada, muito para além dos templos do consumismo. Se nos focássemos mais em despertar esta experiência, a forma e o significado futuros da Igreja iriam desabrochar e não estaríamos apenas a contar quantas pessoas se sentam nos seus bancos.
De facto, porém, não podemos despertar esta experiência pelos outros. Esse é o erro de se pôr toda a ênfase em “ir à igreja”. Ir à maior parte das igrejas faz sentido como uma resposta a esta experiência, em vez de ser uma forma de a encontrar. Embora, se tivermos sorte, possamos encontrar uma igreja com uma comunidade boa e cheia de amor, que ajuda um largo espectro de pessoas a descobrir esta experiência por si mesmas e em comunidade.
Não estou seguro do que é que isto tem a ver especificamente com a Quaresma. Vou pensar numa ligação para falarmos amanhã. Exceto que uma das expressões menos beatas do Cristianismo foi a dos primeiros monges do deserto. Eles viviam e respiravam Quaresma quotidianamente, com alegria, compaixão e inteligência espiritual. E, segundo as palavras de Jesus, é aí que a sabedoria da meditação mais poderosamente flui para a forma cristã de vida fiel.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
John Main pensava que o pecado mais persistente dos cristãos era o de subestimar a total maravilha da sua fé e potencial. É incrível. Esta é uma fé que apresenta perspetivas tão expansivas da mente sobre a infinita capacidade da natureza humana e sobre o relacionamento entre Deus, a Natureza e todo o espectro humano da ternura, alegria e sofrimento. No entanto, na velha Cristandade do Ocidente, ela é vista agora, amplamente, como aborrecida, socialmente conservadora, moralista e excessivamente preocupada, se não mesmo obcecada, com a sexualidade genital. Noutras áreas, é vista como sofrendo de um fundamentalismo de mau gosto, de falta de cortesia para com outras fés, como sendo exclusivista e intelectualmente restrita como a Casa Branca. O que é que correu mal? E, será que a situação se pode inverter, por forma a trazer a sua dose de esperança e de energia criativa à nossa crise moderna?
Se tivesse que responder “sim ou não”, eu responderia “sim”. Mas, é claro, eu não sei e a questão colocada desta forma é, provavelmente, demasiado grande e abstrata. Talvez nesta altura precisemos duma abordagem contemplativa em vez de eclesiástica. Gosto da distinção, por exemplo, entre “eclesial” e “eclesiástico”. Ambos os termos se referem à “Igreja”, mas têm significados bastante diferentes. “Eclesial” sugere uma consciência emergente da profundidade e do significado, dentro duma comunidade hospitaleira que abre o acesso a algo maior do que a soma das suas partes. É um vivo e simbólico mundo em que somos libertados do legalismo pela disciplina da adoração. “Eclesiástico” quer dizer, bem, beato, o que as melhores das pessoas religiosas estariam de acordo em que, pelo menos, é pouco atraente, se não mesmo realmente repelente. No entanto, existe uma coisa chamada amor religioso e é uma forma maravilhosa de amor a descobrir. Mas não é beato.
O que podemos dizer tem menos a ver com “como tornar a Igreja relevante” ou “como conseguir um maior envolvimento dos jovens”. Podemos agir a partir e baseados na verdade de que uma extraordinária e porém universal experiência se mantém latente em cada ser humano. Mesmo sem palavras para explicá-la, esta experiência pode ser despertada para mostrar a cada um de nós a maravilha e a profundidade daquilo em que se baseia a fé cristã. Por exemplo, paz. Esta paz de que as Escritura falam o tempo todo está aí. Ou alegria. A alegria é uma nascente interior à espera para ser libertada, muito para além dos templos do consumismo. Se nos focássemos mais em despertar esta experiência, a forma e o significado futuros da Igreja iriam desabrochar e não estaríamos apenas a contar quantas pessoas se sentam nos seus bancos.
De facto, porém, não podemos despertar esta experiência pelos outros. Esse é o erro de se pôr toda a ênfase em “ir à igreja”. Ir à maior parte das igrejas faz sentido como uma resposta a esta experiência, em vez de ser uma forma de a encontrar. Embora, se tivermos sorte, possamos encontrar uma igreja com uma comunidade boa e cheia de amor, que ajuda um largo espectro de pessoas a descobrir esta experiência por si mesmas e em comunidade.
Não estou seguro do que é que isto tem a ver especificamente com a Quaresma. Vou pensar numa ligação para falarmos amanhã. Exceto que uma das expressões menos beatas do Cristianismo foi a dos primeiros monges do deserto. Eles viviam e respiravam Quaresma quotidianamente, com alegria, compaixão e inteligência espiritual. E, segundo as palavras de Jesus, é aí que a sabedoria da meditação mais poderosamente flui para a forma cristã de vida fiel.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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