
Quarta-feira da Segunda Semana
Shakespeare não desperdiçava a sua energia inventando histórias. Os enredos das suas peças já estavam nos livros da sua estante. Tinha apenas que os ler e, por meio do poder da sua imaginação, transformá-los totalmente, elevando velhos contos e novelas populares para o reino das reflexões intemporais e inesquecíveis sobre a Natureza e o Infinito, sombras interativas do caráter humano. Em uma cena, ele consegue mostrar como várias personalidades diferentes respondem de forma diferenciada aos mesmos acontecimentos. Ele era também um empresário de teatro e um perspicaz investidor e, quando já tinha ganho o suficiente para se retirar, na obscuridade da sua cidade natal, foi isso que fez. Tal como Bach, tornou-se um génio incomparável sendo alguém bastante comum, sempre a aperfeiçoar a sua arte, fiel ao seu dom e mantendo os pés assentes no chão.
Nem todos temos este tipo de talento. Mas nós todos temos o génio da santidade na nossa capacidade para a plenitude. A Quaresma é um tempo para mantermos uma atitude discreta, sem dramatismo e sem brilhantismo. Nesta altura, focamo-nos nos pequenos detalhes e nas rotinas da nossa observância e vemos o que eles nos estão a ensinar, ao esfregarem e arrancarem um pouco da nossa sujidade encardida de maus hábitos e soprarem para longe a poeira da preguiça.
O ego está a sofrer reparações durante a Quaresma. Fazemos uma revisão do seu desempenho. Ele não gosta disto ao princípio e, depois de alguns dias, quando o brilho da novidade se dissipa, fica desinquieto e procura formas de se afirmar. Pode fazê-lo enviando mensagens por Twitter, de madrugada, que nos embaraçam à luz do alvorecer ou durante o dia, quando quer uma grande plateia. A fidelidade à prática irá facilmente desmontar estas velhas e estafadas tentativas de ser original.
A originalidade não é algo que possamos fabricar. O ego gosta de se chegar à frente e de ser aplaudido, nem que seja por si mesmo, se a plateia não o fizer. Mas, se tentarmos fabricar a originalidade, somos apresentados como pessoas de terceira escolha. A originalidade, a criatividade, a bondade e a plenitude a que chamamos santidade têm de acontecer por si mesmas e apanhar a todos, incluindo a nós mesmos, de surpresa. Jesus lembrou-nos, no primeiro dia da Quaresma, que não devemos estar autocentrados, que devemos retirar a nossa atenção de nós próprios. Será que conseguimos imaginar o quão surpreendidos e humildes se devem ter sentido Shakespeare ou Bach quando escreveram a última linha ou nota de uma nova obra-prima? Porque eram também pessoas normais, devem ter sentido uma revoada de autossatisfação antes de notarem a chegada da próxima onda da sua imaginação.
A Quaresma ajuda-nos a recuperar a nossa inocência original. Ela refresca a nossa capacidade de nos deixarmos surpreender e de viver no sempre-espantoso presente. Faz-nos ver que a nossa vida é uma obra de arte e que a nossa maneira de a viver constitui o nosso génio. É por isso que podemos pensar no mantra como uma contínua Quaresma.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Shakespeare não desperdiçava a sua energia inventando histórias. Os enredos das suas peças já estavam nos livros da sua estante. Tinha apenas que os ler e, por meio do poder da sua imaginação, transformá-los totalmente, elevando velhos contos e novelas populares para o reino das reflexões intemporais e inesquecíveis sobre a Natureza e o Infinito, sombras interativas do caráter humano. Em uma cena, ele consegue mostrar como várias personalidades diferentes respondem de forma diferenciada aos mesmos acontecimentos. Ele era também um empresário de teatro e um perspicaz investidor e, quando já tinha ganho o suficiente para se retirar, na obscuridade da sua cidade natal, foi isso que fez. Tal como Bach, tornou-se um génio incomparável sendo alguém bastante comum, sempre a aperfeiçoar a sua arte, fiel ao seu dom e mantendo os pés assentes no chão.
Nem todos temos este tipo de talento. Mas nós todos temos o génio da santidade na nossa capacidade para a plenitude. A Quaresma é um tempo para mantermos uma atitude discreta, sem dramatismo e sem brilhantismo. Nesta altura, focamo-nos nos pequenos detalhes e nas rotinas da nossa observância e vemos o que eles nos estão a ensinar, ao esfregarem e arrancarem um pouco da nossa sujidade encardida de maus hábitos e soprarem para longe a poeira da preguiça.
O ego está a sofrer reparações durante a Quaresma. Fazemos uma revisão do seu desempenho. Ele não gosta disto ao princípio e, depois de alguns dias, quando o brilho da novidade se dissipa, fica desinquieto e procura formas de se afirmar. Pode fazê-lo enviando mensagens por Twitter, de madrugada, que nos embaraçam à luz do alvorecer ou durante o dia, quando quer uma grande plateia. A fidelidade à prática irá facilmente desmontar estas velhas e estafadas tentativas de ser original.
A originalidade não é algo que possamos fabricar. O ego gosta de se chegar à frente e de ser aplaudido, nem que seja por si mesmo, se a plateia não o fizer. Mas, se tentarmos fabricar a originalidade, somos apresentados como pessoas de terceira escolha. A originalidade, a criatividade, a bondade e a plenitude a que chamamos santidade têm de acontecer por si mesmas e apanhar a todos, incluindo a nós mesmos, de surpresa. Jesus lembrou-nos, no primeiro dia da Quaresma, que não devemos estar autocentrados, que devemos retirar a nossa atenção de nós próprios. Será que conseguimos imaginar o quão surpreendidos e humildes se devem ter sentido Shakespeare ou Bach quando escreveram a última linha ou nota de uma nova obra-prima? Porque eram também pessoas normais, devem ter sentido uma revoada de autossatisfação antes de notarem a chegada da próxima onda da sua imaginação.
A Quaresma ajuda-nos a recuperar a nossa inocência original. Ela refresca a nossa capacidade de nos deixarmos surpreender e de viver no sempre-espantoso presente. Faz-nos ver que a nossa vida é uma obra de arte e que a nossa maneira de a viver constitui o nosso génio. É por isso que podemos pensar no mantra como uma contínua Quaresma.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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