
Quinta-feira depois das Cinzas
Recordemos o arquétipo da Quaresma que nos vai alimentando nesta viagem, que é o tempo que Jesus passou jejuando no deserto.
Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães.» Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.»
Quando estamos verdadeiramente atentos a alguma coisa, plenamente absorvidos nela, não somos distraídos por coisa alguma tão pequena como não ter comido nos últimos quarenta dias. Estar plenamente absorvido em alguma coisa é uma forma de felicidade. Se, por outo lado, estamos constantemente a petiscar, a consumir, a digerir ou a jorrar textos, mensagens no Twitter e emails pode bem acontecer esquecermos como a fome é um bom molho. Não me estou a referir à fome das necessidades da vida, que é um escândalo e uma vergonha que alguém a tenha que enfrentar. Refiro-me à fome de realidade que o nosso consumo aditivo bloqueia e nega. O sinal do excesso de consumo é a falta de compaixão pelas necessidades dos outros.
Num mundo do Brexit e da política feita no Twitter, a única certeza é a incerteza. Isto faz os patrões da finança do universo tremer porque o crescimento depende do investimento e o risco é o grande medo. Por isso, esta é a altura de nos perguntarmos se temos que transformar cada pedra no nosso caminho num pão com compota.
A vida é crescimento e mudança. A tradição serve a vida, não a sufoca. As metas e objetivos para o crescimento têm que ser temperados e treinados pelos filamentos de significado e de sabedoria que nos ligam às nossas raízes, tanto histórica como espiritualmente. O “tentador” rompe esses filamentos fazendo despertar as sementes perenes de ganância e de luxúria. Em breve, estaremos a correr loucamente às voltas no deserto, transformando cada pedra num pão desnecessário. Não os conseguimos consumir todos, o que nos frustra, mas perdemos também a fome de verdade que dá ao pão significado e permite apreciá-lo.
Se um país decide que tem que entrar em guerra, deveria declarar os seus objetivos de guerra e parar quando fossem atingidos. Se o mundo globalizado procura o crescimento económico, deveria declarar quais são os seus objetivos, como é que ele pode ser distribuído e quais os seus limites. O crescimento ilimitado é o cancro.
A moderação realmente cura. O caminho do meio do Buda ou de S. Bento, o “caminho estreito” de Jesus que “conduz à vida” é a viagem. A fome de realidade engloba também a fome de verdade. Como previu Orwell e Goebbels provou, a verdade pode ser alterada através da manipulação. Os “factos alternativos”, ou mentiras, podem ser introduzidos sob o aspeto inocente de qualquer afirmação sincera. Como descobrem os agentes de espionagem, depois de terem aprendido a sua arte de engano, em breve torna-se difícil distinguir qual o lado ao serviço do qual estamos realmente.
Quando sentimos fome de realidade, saboreamos a Palavra de Deus. As Cinzas de ontem podem já ter desaparecido, mas a viagem começou. Cada vez que meditarmos, repitamos a resposta de Jesus às forças do autoengano.
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Recordemos o arquétipo da Quaresma que nos vai alimentando nesta viagem, que é o tempo que Jesus passou jejuando no deserto.
Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães.» Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.»
Quando estamos verdadeiramente atentos a alguma coisa, plenamente absorvidos nela, não somos distraídos por coisa alguma tão pequena como não ter comido nos últimos quarenta dias. Estar plenamente absorvido em alguma coisa é uma forma de felicidade. Se, por outo lado, estamos constantemente a petiscar, a consumir, a digerir ou a jorrar textos, mensagens no Twitter e emails pode bem acontecer esquecermos como a fome é um bom molho. Não me estou a referir à fome das necessidades da vida, que é um escândalo e uma vergonha que alguém a tenha que enfrentar. Refiro-me à fome de realidade que o nosso consumo aditivo bloqueia e nega. O sinal do excesso de consumo é a falta de compaixão pelas necessidades dos outros.
Num mundo do Brexit e da política feita no Twitter, a única certeza é a incerteza. Isto faz os patrões da finança do universo tremer porque o crescimento depende do investimento e o risco é o grande medo. Por isso, esta é a altura de nos perguntarmos se temos que transformar cada pedra no nosso caminho num pão com compota.
A vida é crescimento e mudança. A tradição serve a vida, não a sufoca. As metas e objetivos para o crescimento têm que ser temperados e treinados pelos filamentos de significado e de sabedoria que nos ligam às nossas raízes, tanto histórica como espiritualmente. O “tentador” rompe esses filamentos fazendo despertar as sementes perenes de ganância e de luxúria. Em breve, estaremos a correr loucamente às voltas no deserto, transformando cada pedra num pão desnecessário. Não os conseguimos consumir todos, o que nos frustra, mas perdemos também a fome de verdade que dá ao pão significado e permite apreciá-lo.
Se um país decide que tem que entrar em guerra, deveria declarar os seus objetivos de guerra e parar quando fossem atingidos. Se o mundo globalizado procura o crescimento económico, deveria declarar quais são os seus objetivos, como é que ele pode ser distribuído e quais os seus limites. O crescimento ilimitado é o cancro.
A moderação realmente cura. O caminho do meio do Buda ou de S. Bento, o “caminho estreito” de Jesus que “conduz à vida” é a viagem. A fome de realidade engloba também a fome de verdade. Como previu Orwell e Goebbels provou, a verdade pode ser alterada através da manipulação. Os “factos alternativos”, ou mentiras, podem ser introduzidos sob o aspeto inocente de qualquer afirmação sincera. Como descobrem os agentes de espionagem, depois de terem aprendido a sua arte de engano, em breve torna-se difícil distinguir qual o lado ao serviço do qual estamos realmente.
Quando sentimos fome de realidade, saboreamos a Palavra de Deus. As Cinzas de ontem podem já ter desaparecido, mas a viagem começou. Cada vez que meditarmos, repitamos a resposta de Jesus às forças do autoengano.
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