
Quinto Domingo da Quaresma
Quem for à igreja hoje vai ter de encarar mais um longo evangelho. A história da cura de Lázaro, em Jo 11:1-45, precisa realmente que nos sentemos para apreciar as suas muitas e ricas camadas. Ela descreve a morte súbita dum amigo amado de Jesus e a Sua partilha da dor de suas duas irmãs, a ativa Marta e a contemplativa Maria.
A história mostra Jesus, ao mesmo tempo, no Seu maior poder e na Sua maior vulnerabilidade humana. Foi afetado visceralmente pela perda, mais profundamente do que palavras. Contam-nos que soltou um suspiro que veio diretamente do coração. Que podemos dizer em face do desaparecimento de alguém que amamos? Não sabemos se se evaporaram para o nada ou se mergulharam num nível profundo da realidade que ainda estamos demasiado em bruto e pouco iluminados para podermos penetrar. O sentimento de sermos deixados para trás evoca infinitas camadas de memória pré-consciente. O suspiro sem palavras expressa a dor da ausência da qual as lágrimas brotam. E dizem-nos, no mais curto versículo dos quatro evangelhos, que “Jesus chorou”.
Algumas pessoas incluem estas duas potentes palavras no repertório de pequenas blasfémias que servem para dar cor ao seu discurso quando vão a conduzir ou se enganam a apagar um email. Poderá ser compreensivelmente ofensivo para os mais pios, mas pode ser visto como uma invocação, ainda que inconsciente, da empatia que Jesus tem para com a Humanidade que sofre. As lágrimas de Jesus por Lázaro, sentimos, que surgiram não apenas da angústia pessoal que Ele sentiu pela perda de alguém que amava, mas da Sua imersão em todo o oceano da dor humana. Quando estamos a sofrer, sofremos com todos os que estão sofrendo ou alguma vez sofreram ao longo de ambas as dimensões do tempo e do espaço.
Quando Eneias observa um mural representando cenas de guerra e a morte de amigos seus, fica comovido e diz: “Há lágrimas nas coisas e as coisas mortais tocam a mente.” As lágrimas das coisas. A nossa humanidade é diminuída se não conseguirmos senti-las e honrá-las, sempre e onde quer que encontremos o sofrimento. Talvez seja por isso que temos prazer nas más notícias, para nos fazerem sentir que ainda conseguimos sentir, mesmo neste estado excessivamente estimulado e distraído de cultura dos media.
Esta empatia ou compaixão faz parte das novidades profundas escondidas no que é comum, quer as notícias de última hora pareçam boas ou más. As lágrimas são uma onda de energia que traz a cura e uma vida nova. Depois de ter descido ao silêncio da profunda compaixão, Jesus “bradou com forte voz”:
“Lázaro, sai cá para fora!” O que estava morto saiu de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Jesus disse-lhes: “Desligai-o e deixai-o ir.”
As lágrimas provam que a nossa atenção é real. A atenção sustentada cura; regenera o que está morto; aquece o que está frio. E devolve a cor ao que se tornou num cinzento sem vida.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Quem for à igreja hoje vai ter de encarar mais um longo evangelho. A história da cura de Lázaro, em Jo 11:1-45, precisa realmente que nos sentemos para apreciar as suas muitas e ricas camadas. Ela descreve a morte súbita dum amigo amado de Jesus e a Sua partilha da dor de suas duas irmãs, a ativa Marta e a contemplativa Maria.
A história mostra Jesus, ao mesmo tempo, no Seu maior poder e na Sua maior vulnerabilidade humana. Foi afetado visceralmente pela perda, mais profundamente do que palavras. Contam-nos que soltou um suspiro que veio diretamente do coração. Que podemos dizer em face do desaparecimento de alguém que amamos? Não sabemos se se evaporaram para o nada ou se mergulharam num nível profundo da realidade que ainda estamos demasiado em bruto e pouco iluminados para podermos penetrar. O sentimento de sermos deixados para trás evoca infinitas camadas de memória pré-consciente. O suspiro sem palavras expressa a dor da ausência da qual as lágrimas brotam. E dizem-nos, no mais curto versículo dos quatro evangelhos, que “Jesus chorou”.
Algumas pessoas incluem estas duas potentes palavras no repertório de pequenas blasfémias que servem para dar cor ao seu discurso quando vão a conduzir ou se enganam a apagar um email. Poderá ser compreensivelmente ofensivo para os mais pios, mas pode ser visto como uma invocação, ainda que inconsciente, da empatia que Jesus tem para com a Humanidade que sofre. As lágrimas de Jesus por Lázaro, sentimos, que surgiram não apenas da angústia pessoal que Ele sentiu pela perda de alguém que amava, mas da Sua imersão em todo o oceano da dor humana. Quando estamos a sofrer, sofremos com todos os que estão sofrendo ou alguma vez sofreram ao longo de ambas as dimensões do tempo e do espaço.
Quando Eneias observa um mural representando cenas de guerra e a morte de amigos seus, fica comovido e diz: “Há lágrimas nas coisas e as coisas mortais tocam a mente.” As lágrimas das coisas. A nossa humanidade é diminuída se não conseguirmos senti-las e honrá-las, sempre e onde quer que encontremos o sofrimento. Talvez seja por isso que temos prazer nas más notícias, para nos fazerem sentir que ainda conseguimos sentir, mesmo neste estado excessivamente estimulado e distraído de cultura dos media.
Esta empatia ou compaixão faz parte das novidades profundas escondidas no que é comum, quer as notícias de última hora pareçam boas ou más. As lágrimas são uma onda de energia que traz a cura e uma vida nova. Depois de ter descido ao silêncio da profunda compaixão, Jesus “bradou com forte voz”:
“Lázaro, sai cá para fora!” O que estava morto saiu de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Jesus disse-lhes: “Desligai-o e deixai-o ir.”
As lágrimas provam que a nossa atenção é real. A atenção sustentada cura; regenera o que está morto; aquece o que está frio. E devolve a cor ao que se tornou num cinzento sem vida.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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