
Sábado da Quinta Semana
Ter uma boa Quaresma pode significar simplesmente sentir-se satisfeito consigo próprio por não ter perdido o comboio das observâncias quaresmais escolhidas. Jesus avisou-nos severamente sobre este erro farisaico. Poderá também significar que nos sentimos mais leves e mais presentes simplesmente porque a nossa atenção foi fortalecida e purificada. Como disse ontem, fazer alguma coisa habitual (como ler textos que sabemos de cor) pode facilmente levar a um estado de piloto automático e à desatenção. Mas há também uma alegria em ter estas pontes incorporadas, de familiaridade e amizade, ligando diferentes níveis da nossa existência quotidiana.
Rosamond Richardson descobriu isto quando descobriu aquilo que se tornou para ela uma expressão de algo com que já estava muito familiarizada, o mundo natural das árvores e plantas, no mundo paralelo das aves. Elas desaceleraram-na e lhe permitiram aceder a uma nova forma de estar atenta e presente. No seu livro cita Kierkegaard que fala desta atenção no presente como uma descoberta de alegria. “Esta alegria é alcançada por meio de estar no momento presente… Alegria é o presente do indicativo com toda a ênfase no presente.”
Rosamond diz: “Cedo descobri que a atenção necessária para observar as aves era uma forma de meditação: a quietude e a absorção que requeria levavam-me para fora de mim mesma.” Quando prestamos atenção podemos ser estimulados a fazê-lo ao descobrir algo novo. O mundo moderno, porém, é muitas vezes enganado pela falsa novidade. Novas embalagens e campanhas de publicidade comandam o consumismo. Mas aprendemos alguma coisa assim que desaceleramos o nosso consumo. Ao fazê-lo, podemos estar a reduzir o crescimento económico mas estamos também a preparar o caminho para uma distribuição mais justa de recursos.
Quando nos tornamos presentes e atentos descobrimos que mesmo o que é mais familiar não é realmente uma repetição mecânica. Na vida real, não podemos copiar e colar. Não podemos duplicar imagens do mesmo modo que o fazemos quando editamos a nossa galeria de fotos. Uma paisagem coberta de neve ou uma avalanche são compostas por um número incontável de flocos de neve individuais. Desde o tempo em que nevou pela primeira vez sobre a terra, nunca dois flocos de neve foram idênticos. O mesmo acontece com as pessoas. E com as aves. E com tudo.
Depois de ter entrado no seu novo mundo das aves, Rosamond descreve o avistamento de um bando de escrevedeiras-amarelas elevando-se de uma moita, subindo e descendo, “ganhando terreno uma e outra vez, dispersando numa explosão de ouro a cada vez”. Ela ainda não tinha aprendido o nome desta ave. Um ano mais tarde, sabia o que se chama a estes pássaros amorosos e conseguia identificar a canção duma escrevedeira-amarela. Familiar e fresca, simultaneamente. Como todas as aves, estas são atentas. Não chocam umas com as outras quando realizam estes espetáculos celestiais. São seres individuais e uma unidade com as outras. Quem as observa aprende com elas, a sua atenção e o seu ajustamento umas às outras na comunidade.
Meditar desenvolve a presença atenta em todas as coisas. (Se não quiser meditar, experimente caminhar ou observar aves.) Não só é uma fonte de alegria, mas é indispensável para a nossa sanidade. Alguns pensadores mais antigos chamavam-lhe Contemplação Natural. Merton pensava que era o que faltava aos noviços dos tempos modernos quando chegavam ao mosteiro. É certamente algo que falta às mais recentes ordens executivas do Presidente dos EUA sobre o ambiente.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Ter uma boa Quaresma pode significar simplesmente sentir-se satisfeito consigo próprio por não ter perdido o comboio das observâncias quaresmais escolhidas. Jesus avisou-nos severamente sobre este erro farisaico. Poderá também significar que nos sentimos mais leves e mais presentes simplesmente porque a nossa atenção foi fortalecida e purificada. Como disse ontem, fazer alguma coisa habitual (como ler textos que sabemos de cor) pode facilmente levar a um estado de piloto automático e à desatenção. Mas há também uma alegria em ter estas pontes incorporadas, de familiaridade e amizade, ligando diferentes níveis da nossa existência quotidiana.
Rosamond Richardson descobriu isto quando descobriu aquilo que se tornou para ela uma expressão de algo com que já estava muito familiarizada, o mundo natural das árvores e plantas, no mundo paralelo das aves. Elas desaceleraram-na e lhe permitiram aceder a uma nova forma de estar atenta e presente. No seu livro cita Kierkegaard que fala desta atenção no presente como uma descoberta de alegria. “Esta alegria é alcançada por meio de estar no momento presente… Alegria é o presente do indicativo com toda a ênfase no presente.”
Rosamond diz: “Cedo descobri que a atenção necessária para observar as aves era uma forma de meditação: a quietude e a absorção que requeria levavam-me para fora de mim mesma.” Quando prestamos atenção podemos ser estimulados a fazê-lo ao descobrir algo novo. O mundo moderno, porém, é muitas vezes enganado pela falsa novidade. Novas embalagens e campanhas de publicidade comandam o consumismo. Mas aprendemos alguma coisa assim que desaceleramos o nosso consumo. Ao fazê-lo, podemos estar a reduzir o crescimento económico mas estamos também a preparar o caminho para uma distribuição mais justa de recursos.
Quando nos tornamos presentes e atentos descobrimos que mesmo o que é mais familiar não é realmente uma repetição mecânica. Na vida real, não podemos copiar e colar. Não podemos duplicar imagens do mesmo modo que o fazemos quando editamos a nossa galeria de fotos. Uma paisagem coberta de neve ou uma avalanche são compostas por um número incontável de flocos de neve individuais. Desde o tempo em que nevou pela primeira vez sobre a terra, nunca dois flocos de neve foram idênticos. O mesmo acontece com as pessoas. E com as aves. E com tudo.
Depois de ter entrado no seu novo mundo das aves, Rosamond descreve o avistamento de um bando de escrevedeiras-amarelas elevando-se de uma moita, subindo e descendo, “ganhando terreno uma e outra vez, dispersando numa explosão de ouro a cada vez”. Ela ainda não tinha aprendido o nome desta ave. Um ano mais tarde, sabia o que se chama a estes pássaros amorosos e conseguia identificar a canção duma escrevedeira-amarela. Familiar e fresca, simultaneamente. Como todas as aves, estas são atentas. Não chocam umas com as outras quando realizam estes espetáculos celestiais. São seres individuais e uma unidade com as outras. Quem as observa aprende com elas, a sua atenção e o seu ajustamento umas às outras na comunidade.
Meditar desenvolve a presença atenta em todas as coisas. (Se não quiser meditar, experimente caminhar ou observar aves.) Não só é uma fonte de alegria, mas é indispensável para a nossa sanidade. Alguns pensadores mais antigos chamavam-lhe Contemplação Natural. Merton pensava que era o que faltava aos noviços dos tempos modernos quando chegavam ao mosteiro. É certamente algo que falta às mais recentes ordens executivas do Presidente dos EUA sobre o ambiente.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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