
Sábado da Segunda Semana
A política e o desporto somados constituem a maior parte daquilo a que chamamos “notícias”. A maioria de nós acha que precisamos de nos manter a par do que se está a passar. No entanto, por vezes, ficamos, de certo modo, presos de forma aditiva à corrente global de consciência que os media fazem fluir constantemente. Não só as nossas opiniões mas até as nossas emoções são, assim, manipuladas ou injectadas nas nossas mente passivas e receptivas, que se tornam cada vez menos capazes de pensar por si próprias. Recebemos as notícias que gostamos de ouvir para manter alta a dose de estímulo. O pensamento crítico parece até subversivo em algumas sociedades. Reagindo contra isto, podemos até rejeitar as ‘novidades’ e os media de forma total, numa atitude como a dos pais que optam pelo ensino em casa.
Como sempre, o melhor é a média, o meio, o moderado. Isto, a Quaresma nos lembra, este não é o caminho de prímulas (rosas-de-Páscoa) das opções fáceis, a rota do compromisso ou da evasão às questões difíceis. É o fio da navalha, é o arame tenso dos acrobatas, é uma frágil ponte de cordas sobre um profundo abismo. Jesus chamava-lhe um “caminho estreito que conduz à vida”, acrescentando a advertência pouco popular de que “poucos são os que o encontram”.
De certa forma, essa advertência adicional sempre me fez sentir reconfortado. Não por eu ser capaz de dançar no arame da moderação por muito tempo sem me desequilibrar perigosamente ou cair, porque o não sou, mas porque isso me mostra que há um caminho verdadeiro. Existe mesmo. Estranhamente, é porque não o consigo encontrar devidamente que sei que ele existe. Mesmo que eu não consiga percorrer este caminho muito bem, pelo menos, ele está lá e, mesmo que eu o perca periodicamente, como quando largo o mantra durante a meditação e me ponho a resolver os problemas do mundo, encontro-o novamente. Ou talvez seja ele que me encontra a mim de novo.
A política, o desporto e as “outras notícias” são desconfortavelmente similares à nossa psique e ao nosso inconsciente. Projectamos no ecrã das “notícias locais e mundiais” o que está a acontecer nas nossas profundezas incoerentes. Tudo na política é política psíquica, razão pela qual é tão fácil fazer a psicanálise dos políticos – não admira que já não confiemos neles – mas também porque sentimos que é tão difícil conhecermo-nos a nós mesmos tal como realmente somos.
Esta semana temos vindo a reflectir sobre a beleza – a forma como o ascetismo (exercício espiritual) da Quaresma desperta e refina o nosso sentido de beleza. O medo é o grande inimigo da beleza – talvez porque o medo é a antítese do amor e não conseguimos perceber a beleza sem a amar. Por isso, sempre que vemos a ascensão da política do medo (e o ódio vem sempre escondido no medo), devemos soar o alarme, porque ela pronuncia a dessacralização da beleza da vida e, com ela, da inocência, da disposição para ser apanhado de surpresa, da forma de ser como crianças que é o nosso caminho – por muito imperfeitamente que o sigamos – para a plenitude e sentido da nossa curta existência humana.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
A política e o desporto somados constituem a maior parte daquilo a que chamamos “notícias”. A maioria de nós acha que precisamos de nos manter a par do que se está a passar. No entanto, por vezes, ficamos, de certo modo, presos de forma aditiva à corrente global de consciência que os media fazem fluir constantemente. Não só as nossas opiniões mas até as nossas emoções são, assim, manipuladas ou injectadas nas nossas mente passivas e receptivas, que se tornam cada vez menos capazes de pensar por si próprias. Recebemos as notícias que gostamos de ouvir para manter alta a dose de estímulo. O pensamento crítico parece até subversivo em algumas sociedades. Reagindo contra isto, podemos até rejeitar as ‘novidades’ e os media de forma total, numa atitude como a dos pais que optam pelo ensino em casa.
Como sempre, o melhor é a média, o meio, o moderado. Isto, a Quaresma nos lembra, este não é o caminho de prímulas (rosas-de-Páscoa) das opções fáceis, a rota do compromisso ou da evasão às questões difíceis. É o fio da navalha, é o arame tenso dos acrobatas, é uma frágil ponte de cordas sobre um profundo abismo. Jesus chamava-lhe um “caminho estreito que conduz à vida”, acrescentando a advertência pouco popular de que “poucos são os que o encontram”.
De certa forma, essa advertência adicional sempre me fez sentir reconfortado. Não por eu ser capaz de dançar no arame da moderação por muito tempo sem me desequilibrar perigosamente ou cair, porque o não sou, mas porque isso me mostra que há um caminho verdadeiro. Existe mesmo. Estranhamente, é porque não o consigo encontrar devidamente que sei que ele existe. Mesmo que eu não consiga percorrer este caminho muito bem, pelo menos, ele está lá e, mesmo que eu o perca periodicamente, como quando largo o mantra durante a meditação e me ponho a resolver os problemas do mundo, encontro-o novamente. Ou talvez seja ele que me encontra a mim de novo.
A política, o desporto e as “outras notícias” são desconfortavelmente similares à nossa psique e ao nosso inconsciente. Projectamos no ecrã das “notícias locais e mundiais” o que está a acontecer nas nossas profundezas incoerentes. Tudo na política é política psíquica, razão pela qual é tão fácil fazer a psicanálise dos políticos – não admira que já não confiemos neles – mas também porque sentimos que é tão difícil conhecermo-nos a nós mesmos tal como realmente somos.
Esta semana temos vindo a reflectir sobre a beleza – a forma como o ascetismo (exercício espiritual) da Quaresma desperta e refina o nosso sentido de beleza. O medo é o grande inimigo da beleza – talvez porque o medo é a antítese do amor e não conseguimos perceber a beleza sem a amar. Por isso, sempre que vemos a ascensão da política do medo (e o ódio vem sempre escondido no medo), devemos soar o alarme, porque ela pronuncia a dessacralização da beleza da vida e, com ela, da inocência, da disposição para ser apanhado de surpresa, da forma de ser como crianças que é o nosso caminho – por muito imperfeitamente que o sigamos – para a plenitude e sentido da nossa curta existência humana.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
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