
Sexta-feira da Primeira Semana
A interioridade – o primeiro passo no modo como Jesus descreve o significado da oração – é, hoje em dia, um bem bastante raro. Desde muito cedo, somos treinados para ver a vida como uma série de objetivos e conquistas externos. Podemos ser bem-sucedidos ou fracassar nesse processo. Seja como for, o nosso foco está treinado para se virar para fora, para a próxima montanha que temos que escalar, a próxima barreira ou oportunidade. Então, um dia, talvez sejamos atirados ao chão, caindo da bicicleta.
Foi isto que aconteceu a um aluno meu, com uma vida muito disciplinada e um passado militar. Ele falou sobre isso, quando voltou um ano mais tarde como orador convidado, no curso. Tinha sido atingido por um camião e saltou em voo, magoando severamente a face e sofrendo danos cerebrais. Mostrou à turma fotografias suas e era difícil acreditar que ele tinha recuperado tão bem como tinha acontecido. Para além dos danos ósseos que tinham sido reparados, ainda sofria de terríveis dores de cabeça. Tinha descoberto que a meditação era a única forma de as fazer parar. Os médicos disseram-lhe para não fazer nada, para dormir o mais possível e acrescentaram: “tente não pensar”. Este último conselho intrigou-o. Como é que se pode parar de pensar? Então, lembrou-se de que a meditação se baseava completamente em não pensar, certo?
A sua determinação em melhorar e a falta de pena de si mesmo ou de negatividade impressionou-nos a todos. Mas o que ainda mais nos impressionou foi a mudança pessoal nele próprio, depois das suas tribulações lhe terem mostrado que a vida não consistia apenas em objetivos exteriores. Ele tinha descoberto a sua vida interior. Conhecia-se a si mesmo como sendo o sujeito das montanhas que queria escalar e das oportunidades que tinha que aproveitar ao máximo.
Não era a primeira pessoa a dizer que uma tragédia, que qualquer de nós temeria sequer imaginar, lhe tinha ensinado algo mais valioso do que o sofrimento que a acompanhou. Com o despertar da dimensão interior da consciência veio o discernimento e a perspetiva. Tudo na vida podia, então, ser melhor valorizado e priorizado. E a ilusão e a realidade distinguiam-se muito mais obviamente uma da outra.
Salientando isto, Diádoco, o nosso amigo de há mil e seiscentos anos, descreve as distintas energias da sabedoria e do conhecimento espiritual. De acordo com ele, ambos são puros dons do Espírito Santo. O conhecimento espiritual vem através “da oração, profunda quietude e completo desprendimento”. Ele une-nos a Deus através da experiência. Mas não nos leva a falar sobre isso. O que acontece no silêncio fica no silêncio. Assim, podemos estar conscientemente iluminados pelo conhecimento interior sem precisar de o expressar exteriormente. Mas a sabedoria pode vir, mais raramente, diz Diádoco, como uma graça complementar para articular este conhecimento especialmente com o auxílio da Escritura.
O conhecimento espiritual tem prioridade. Para o encontrar, são necessários períodos de quietude e da prática do desprendimento, como nos dá oportunidade a Quaresma. Em alternativa, podemos sempre esperar por ser atirados da bicicleta ao chão.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
A interioridade – o primeiro passo no modo como Jesus descreve o significado da oração – é, hoje em dia, um bem bastante raro. Desde muito cedo, somos treinados para ver a vida como uma série de objetivos e conquistas externos. Podemos ser bem-sucedidos ou fracassar nesse processo. Seja como for, o nosso foco está treinado para se virar para fora, para a próxima montanha que temos que escalar, a próxima barreira ou oportunidade. Então, um dia, talvez sejamos atirados ao chão, caindo da bicicleta.
Foi isto que aconteceu a um aluno meu, com uma vida muito disciplinada e um passado militar. Ele falou sobre isso, quando voltou um ano mais tarde como orador convidado, no curso. Tinha sido atingido por um camião e saltou em voo, magoando severamente a face e sofrendo danos cerebrais. Mostrou à turma fotografias suas e era difícil acreditar que ele tinha recuperado tão bem como tinha acontecido. Para além dos danos ósseos que tinham sido reparados, ainda sofria de terríveis dores de cabeça. Tinha descoberto que a meditação era a única forma de as fazer parar. Os médicos disseram-lhe para não fazer nada, para dormir o mais possível e acrescentaram: “tente não pensar”. Este último conselho intrigou-o. Como é que se pode parar de pensar? Então, lembrou-se de que a meditação se baseava completamente em não pensar, certo?
A sua determinação em melhorar e a falta de pena de si mesmo ou de negatividade impressionou-nos a todos. Mas o que ainda mais nos impressionou foi a mudança pessoal nele próprio, depois das suas tribulações lhe terem mostrado que a vida não consistia apenas em objetivos exteriores. Ele tinha descoberto a sua vida interior. Conhecia-se a si mesmo como sendo o sujeito das montanhas que queria escalar e das oportunidades que tinha que aproveitar ao máximo.
Não era a primeira pessoa a dizer que uma tragédia, que qualquer de nós temeria sequer imaginar, lhe tinha ensinado algo mais valioso do que o sofrimento que a acompanhou. Com o despertar da dimensão interior da consciência veio o discernimento e a perspetiva. Tudo na vida podia, então, ser melhor valorizado e priorizado. E a ilusão e a realidade distinguiam-se muito mais obviamente uma da outra.
Salientando isto, Diádoco, o nosso amigo de há mil e seiscentos anos, descreve as distintas energias da sabedoria e do conhecimento espiritual. De acordo com ele, ambos são puros dons do Espírito Santo. O conhecimento espiritual vem através “da oração, profunda quietude e completo desprendimento”. Ele une-nos a Deus através da experiência. Mas não nos leva a falar sobre isso. O que acontece no silêncio fica no silêncio. Assim, podemos estar conscientemente iluminados pelo conhecimento interior sem precisar de o expressar exteriormente. Mas a sabedoria pode vir, mais raramente, diz Diádoco, como uma graça complementar para articular este conhecimento especialmente com o auxílio da Escritura.
O conhecimento espiritual tem prioridade. Para o encontrar, são necessários períodos de quietude e da prática do desprendimento, como nos dá oportunidade a Quaresma. Em alternativa, podemos sempre esperar por ser atirados da bicicleta ao chão.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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