
Sexta-feira da Segunda Semana
Um pouco mais sobre beleza. E de quão importante é ver a nossa própria beleza se quisermos agir e responder corretamente, respeitando a beleza do mundo natural e humano. A justiça, uma distribuição justa da riqueza, uma resposta imediata à fome, seja qual for a sua causa, manter-se fiel aos princípios democráticos que professamos, mesmo quando isso não nos dá uma vantagem política: estas são também coisas belas. Salvam-nos do caos, da desumanidade e do desmoronar dos valores civilizados.
Mas dependem de que tenhamos visto a nossa própria beleza. A nossa capacidade para a ver isto é, em parte, uma questão de condicionamento social e psicológico. Isto surpreendeu-me uma vez, quando estava a ensinar a meditação num país asiático desenvolvido. Reparei em dois estudantes, sentados separadamente dos restantes, escutando e olhando com um forte sentido de desapego face ao grupo. Depois da sessão, vieram ter comigo e, timidamente, apresentaram-se. Estavam a estudar com uma bolsa empresarial da Coreia do Norte. Em bom Inglês, disseram-me que não tinham entendido sequer uma palavra do que eu estava a dizer. Isso, pensei eu, explicava a forma como olhavam para mim durante a palestra. Devo ter parecido um extraterrestre. Todos os conceitos que eu estava a desenvolver eram estranhos, desconhecidos e sem significado. Os dois não tinham qualquer enquadramento religioso, espiritual ou intelectual para conseguir ver sentido naquilo.
Até, pelo menos, me ouvirem dizer que a meditação é transformadora porque nos torna conscientes e nos põe em contacto com a nossa bondade essencial. Esta é uma ideia relativamente familiar, até mesmo um lugar comum, para a maioria de nós. Mas no seu caso, vindos de uma cultura que parece uma paisagem devastadoramente escura, temerosa e opressiva, onde a arte de viver é substituída pela monocromática arte da sobrevivência, esta ideia simples embateu neles como um meteorito.
A Quaresma é um tempo em que os talentos da arte de viver são refinados. Lápis afiados, instrumentos afinados, palavras enxaguadas. Um dos benefícios pode ser o de, também nós, recebermos um choque saudável quando o lugar comum se torna uma percepção profunda original. A minha verdadeira natureza é uma obra da beleza. Ela ressoa com beleza em todas as formas à minha volta nas quais eu participo. Não sou perfeito, mas belo. As minhas muitas imperfeições até mostram a beleza mais claramente e, talvez, de forma mais tocante ao coração. Como uma nódoa, um rasgão ou uma quebra de padrão num belo tapete. (Não há beleza que não tenha em si alguma imperfeição.)
Um pouco mais sobre beleza. E de quão importante é ver a nossa própria beleza se quisermos agir e responder corretamente, respeitando a beleza do mundo natural e humano. A justiça, uma distribuição justa da riqueza, uma resposta imediata à fome, seja qual for a sua causa, manter-se fiel aos princípios democráticos que professamos, mesmo quando isso não nos dá uma vantagem política: estas são também coisas belas. Salvam-nos do caos, da desumanidade e do desmoronar dos valores civilizados.
Mas dependem de que tenhamos visto a nossa própria beleza. A nossa capacidade para a ver isto é, em parte, uma questão de condicionamento social e psicológico. Isto surpreendeu-me uma vez, quando estava a ensinar a meditação num país asiático desenvolvido. Reparei em dois estudantes, sentados separadamente dos restantes, escutando e olhando com um forte sentido de desapego face ao grupo. Depois da sessão, vieram ter comigo e, timidamente, apresentaram-se. Estavam a estudar com uma bolsa empresarial da Coreia do Norte. Em bom Inglês, disseram-me que não tinham entendido sequer uma palavra do que eu estava a dizer. Isso, pensei eu, explicava a forma como olhavam para mim durante a palestra. Devo ter parecido um extraterrestre. Todos os conceitos que eu estava a desenvolver eram estranhos, desconhecidos e sem significado. Os dois não tinham qualquer enquadramento religioso, espiritual ou intelectual para conseguir ver sentido naquilo.
Até, pelo menos, me ouvirem dizer que a meditação é transformadora porque nos torna conscientes e nos põe em contacto com a nossa bondade essencial. Esta é uma ideia relativamente familiar, até mesmo um lugar comum, para a maioria de nós. Mas no seu caso, vindos de uma cultura que parece uma paisagem devastadoramente escura, temerosa e opressiva, onde a arte de viver é substituída pela monocromática arte da sobrevivência, esta ideia simples embateu neles como um meteorito.
A Quaresma é um tempo em que os talentos da arte de viver são refinados. Lápis afiados, instrumentos afinados, palavras enxaguadas. Um dos benefícios pode ser o de, também nós, recebermos um choque saudável quando o lugar comum se torna uma percepção profunda original. A minha verdadeira natureza é uma obra da beleza. Ela ressoa com beleza em todas as formas à minha volta nas quais eu participo. Não sou perfeito, mas belo. As minhas muitas imperfeições até mostram a beleza mais claramente e, talvez, de forma mais tocante ao coração. Como uma nódoa, um rasgão ou uma quebra de padrão num belo tapete. (Não há beleza que não tenha em si alguma imperfeição.)