
Terça-feira da Quarta Semana
Mark Rothko tornou-se o grande expositor da cor em estado puro no período final da sua vida. Várias das suas enormes telas formam a Capela Rothko em Houston, Texas - EUA (perto do local onde vamos realizar o Seminário John Main em agosto). Elas não estão dentro da capela. Elas são a capela e não há mais qualquer obra ou sinal no seu espaço circular senão estas catorze telas de tons escuros. A experiência de presença é vasta, pessoal e quase opressiva, pelo menos até nos rendermos a ela.
Em resposta a uma pergunta sobre o que significavam as suas pinturas, Rothko disse uma vez: “as minhas pinturas não são retratos duma experiência; elas são uma experiência.” Depois de as ver, creio que ouvimos estas palavras como uma simples descrição e não como uma expressão de autoimportância de qualquer tipo. Elas recordam-me dum dos ensinamentos mais característicos de John Main sobre a simplicidade da meditação. Ele queria que as pessoas não imaginassem como é a “experiência” ou que a discutissem, mas que entrassem nela. Ele diria: “não tentem experienciar a experiência”. Na nossa abordagem muito autofocada e autoavaliadora da mente moderna a tudo, este é um ponto importante para escutar e tentar compreender. (Quantas vezes lemos uma história política e compreendemos que não tem a ver com eventos, mas com as personalidades e com as sondagens de opinião?) Se não estivermos alertas para este hábito da mente, estaremos a percorrer a autoestrada da meditação com o travão de mão puxado, questionando-nos porque é que há uma luz vermelha a piscar no tabelie e se sente o cheiro de borracha queimada. A mesma verdade pode ser encontrada no comentário de Jesus, no início da Quaresma, para que não deixemos a nossa mão esquerda saber o que a direita está a fazer quando estivermos a praticar uma boa ação. (Não sacrifiquemos o fluxo da vida à fixidez da observação.)
O movimento de pensamento e sentimento do séc. XIX a que chamamos Romantismo tem pouco a ver com as comédias românticas de Hollywood. Era um protesto e uma reação contra o crescente preconceito a favor do hemisfério esquerdo do cérebro na vida moderna, que sujeita toda a experiência a um exame e análise microscópica e, ao fazê-lo, perde a gestalt, a totalidade, ou, como poderíamos dizer, a dimensão espiritual. Muitos dos românticos tinham sofrido de depressão clínica por causa disto. Conseguiram ultrapassá-la abrindo-se a uma nova forma de perceção do mundo na sua beleza e imediatismo fresco. Thomas Carlyle expressou isto da seguinte forma: “Se vos perguntardes se sois felizes, logo deixareis de o ser. A única opção é tratar, não a felicidade, mas um qualquer fim externo a ela como o sendo o propósito da vida. Deixai a vosso autocentramento, o vosso escrutínio, o vosso autoquestionamento esgotar-se nisso.”
Quando passamos a ver isto por nós mesmos, é a coisa mais simples e óbvia do mundo. O centramento no outro – não buscar a própria felicidade como um fim em si mesmo – é o caminho. Dizer o mantra como uma expressão desta consciência faz desligar o travão de mão.
Este é o significado de qualquer prática que estivermos a observar durante a Quaresma, por muito bem ou mal que a avaliemos.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Mark Rothko tornou-se o grande expositor da cor em estado puro no período final da sua vida. Várias das suas enormes telas formam a Capela Rothko em Houston, Texas - EUA (perto do local onde vamos realizar o Seminário John Main em agosto). Elas não estão dentro da capela. Elas são a capela e não há mais qualquer obra ou sinal no seu espaço circular senão estas catorze telas de tons escuros. A experiência de presença é vasta, pessoal e quase opressiva, pelo menos até nos rendermos a ela.
Em resposta a uma pergunta sobre o que significavam as suas pinturas, Rothko disse uma vez: “as minhas pinturas não são retratos duma experiência; elas são uma experiência.” Depois de as ver, creio que ouvimos estas palavras como uma simples descrição e não como uma expressão de autoimportância de qualquer tipo. Elas recordam-me dum dos ensinamentos mais característicos de John Main sobre a simplicidade da meditação. Ele queria que as pessoas não imaginassem como é a “experiência” ou que a discutissem, mas que entrassem nela. Ele diria: “não tentem experienciar a experiência”. Na nossa abordagem muito autofocada e autoavaliadora da mente moderna a tudo, este é um ponto importante para escutar e tentar compreender. (Quantas vezes lemos uma história política e compreendemos que não tem a ver com eventos, mas com as personalidades e com as sondagens de opinião?) Se não estivermos alertas para este hábito da mente, estaremos a percorrer a autoestrada da meditação com o travão de mão puxado, questionando-nos porque é que há uma luz vermelha a piscar no tabelie e se sente o cheiro de borracha queimada. A mesma verdade pode ser encontrada no comentário de Jesus, no início da Quaresma, para que não deixemos a nossa mão esquerda saber o que a direita está a fazer quando estivermos a praticar uma boa ação. (Não sacrifiquemos o fluxo da vida à fixidez da observação.)
O movimento de pensamento e sentimento do séc. XIX a que chamamos Romantismo tem pouco a ver com as comédias românticas de Hollywood. Era um protesto e uma reação contra o crescente preconceito a favor do hemisfério esquerdo do cérebro na vida moderna, que sujeita toda a experiência a um exame e análise microscópica e, ao fazê-lo, perde a gestalt, a totalidade, ou, como poderíamos dizer, a dimensão espiritual. Muitos dos românticos tinham sofrido de depressão clínica por causa disto. Conseguiram ultrapassá-la abrindo-se a uma nova forma de perceção do mundo na sua beleza e imediatismo fresco. Thomas Carlyle expressou isto da seguinte forma: “Se vos perguntardes se sois felizes, logo deixareis de o ser. A única opção é tratar, não a felicidade, mas um qualquer fim externo a ela como o sendo o propósito da vida. Deixai a vosso autocentramento, o vosso escrutínio, o vosso autoquestionamento esgotar-se nisso.”
Quando passamos a ver isto por nós mesmos, é a coisa mais simples e óbvia do mundo. O centramento no outro – não buscar a própria felicidade como um fim em si mesmo – é o caminho. Dizer o mantra como uma expressão desta consciência faz desligar o travão de mão.
Este é o significado de qualquer prática que estivermos a observar durante a Quaresma, por muito bem ou mal que a avaliemos.
Com amor,
Laurence
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
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