Terça-feira da Quarta Semana
(João 5:1-16)
«Queres ficar são?»
Algumas estatísticas sobre Jesus. Pelo relato evangélico sabemos que ele fez 307 perguntas. Fizeram-Lhe 183 perguntas, das quais Ele respondeu a 3.
Um dos aspectos desconcertantes do discurso público moderno é o familiar – a nova norma na política – de os políticos falarem muito mas dizendo nada. A arte de não responder à pergunta é fundamental para a vida política hoje. Não admira que a política esteja a perder a confiança das pessoas.
No caso de Jesus, por contraste, a Sua recusa em responder à maioria das perguntas que Lhe faziam aprofunda a nossa confiança na Sua autoridade e integridade. Muitas das perguntas eram armadilhas. Portanto, mesmo não as tendo respondido especificamente, Ele realmente deu resposta a elas, corrigindo-as com o contar de uma história. A ficção honesta, como numa parábola, ajuda a fazer-nos chegar à verdade mais directamente do que respostas puramente “factuais”. Em algumas ocasiões, Ele ficava simplesmente em silêncio, recusando-Se a ser arrastado para o labirinto das palavras; mas nessas ocasiões o Seu silêncio denunciava a falsidade das questões de modo a revelar a profundidade da verdade.
Ele ensinava, isso sim, mais através de fazer perguntas do que de dar respostas. Isto salienta a diferença entre a contrastante motivação de um professor e um instrutor ou a de um funcionário da ortodoxia da crença. Um professor é movido pelo desejo de despertar o direto conhecimento no aluno. Simplesmente descarregar a informação ou as respostas não conduz à compreensão, por muito bem que sejam repetidas.
Uma vez eu estava a ler um ensaio de uma aluna. O seu domínio do Inglês era fraco, mas eu estava a tentar pôr de lado esse aspecto e ver o que ela estava a tentar dizer. Então uma passagem apareceu de repente, em Inglês perfeito. Passado um pouco a qualidade linguagem colapsou de novo – um não muito subtil caso de plágio. Havia mais verdade, mais conhecimento directo na sua luta com a língua do que na desonestidade das palavras de outra pessoa. Política, religião, vida empresarial, discussões médicas, toda a comunicação humana quebram a confiança ao esconderem-se por trás das palavras.
Porque é que as perguntas, melhor do que as respostas, despertam o directo conhecimento? Porque elas conduzem-nos a aceitar a responsabilidade pessoal, a praticar a integridade e a ser humildes. Neste estado mental, a resposta que encontramos, mesmo que seja “eu não sei”, pode surgir como uma revelação e um progresso. Tornamo-nos parte duma comunidade de aprendizagem, um discípulo, que vê que qualquer resposta, por muito correcta que seja, é um passo na viagem, não ainda o destino.
A pergunta “Queres fica são?” soa a verdadeira. Foca a atenção não em quem fala mas na outra pessoa, o que sempre abre a porta da verdade.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
(João 5:1-16)
«Queres ficar são?»
Algumas estatísticas sobre Jesus. Pelo relato evangélico sabemos que ele fez 307 perguntas. Fizeram-Lhe 183 perguntas, das quais Ele respondeu a 3.
Um dos aspectos desconcertantes do discurso público moderno é o familiar – a nova norma na política – de os políticos falarem muito mas dizendo nada. A arte de não responder à pergunta é fundamental para a vida política hoje. Não admira que a política esteja a perder a confiança das pessoas.
No caso de Jesus, por contraste, a Sua recusa em responder à maioria das perguntas que Lhe faziam aprofunda a nossa confiança na Sua autoridade e integridade. Muitas das perguntas eram armadilhas. Portanto, mesmo não as tendo respondido especificamente, Ele realmente deu resposta a elas, corrigindo-as com o contar de uma história. A ficção honesta, como numa parábola, ajuda a fazer-nos chegar à verdade mais directamente do que respostas puramente “factuais”. Em algumas ocasiões, Ele ficava simplesmente em silêncio, recusando-Se a ser arrastado para o labirinto das palavras; mas nessas ocasiões o Seu silêncio denunciava a falsidade das questões de modo a revelar a profundidade da verdade.
Ele ensinava, isso sim, mais através de fazer perguntas do que de dar respostas. Isto salienta a diferença entre a contrastante motivação de um professor e um instrutor ou a de um funcionário da ortodoxia da crença. Um professor é movido pelo desejo de despertar o direto conhecimento no aluno. Simplesmente descarregar a informação ou as respostas não conduz à compreensão, por muito bem que sejam repetidas.
Uma vez eu estava a ler um ensaio de uma aluna. O seu domínio do Inglês era fraco, mas eu estava a tentar pôr de lado esse aspecto e ver o que ela estava a tentar dizer. Então uma passagem apareceu de repente, em Inglês perfeito. Passado um pouco a qualidade linguagem colapsou de novo – um não muito subtil caso de plágio. Havia mais verdade, mais conhecimento directo na sua luta com a língua do que na desonestidade das palavras de outra pessoa. Política, religião, vida empresarial, discussões médicas, toda a comunicação humana quebram a confiança ao esconderem-se por trás das palavras.
Porque é que as perguntas, melhor do que as respostas, despertam o directo conhecimento? Porque elas conduzem-nos a aceitar a responsabilidade pessoal, a praticar a integridade e a ser humildes. Neste estado mental, a resposta que encontramos, mesmo que seja “eu não sei”, pode surgir como uma revelação e um progresso. Tornamo-nos parte duma comunidade de aprendizagem, um discípulo, que vê que qualquer resposta, por muito correcta que seja, é um passo na viagem, não ainda o destino.
A pergunta “Queres fica são?” soa a verdadeira. Foca a atenção não em quem fala mas na outra pessoa, o que sempre abre a porta da verdade.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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