Quarta-feira da Quarta Semana
(João 5:17-30)
Não busco a Minha vontade, mas a d’Aquele que Me enviou.
Centramento no outro: uma mais difícil ideia do que auto-centramento. Estamos todos mais familiarizados com um estado mental auto-centrado, embora habitualmente mais prontos a acusar os outros disso do que a vê-lo em nós próprios. O seu oposto está no cerne de todo o ensinamento de sabedoria e da dinâmica básica da própria meditação.
A verdade – que estamos mais plenamente vivos e somos mais verdadeiramente nós mesmos quando estamos orientados para os outros, em vez de o estarmos para os nossos próprios interesses – é difícil de praticar. No entanto, pouco a pouco e com muitas recaídas, à medida da re-orientação das nossas mentes, nossos sentimentos e nossa motivação nos movem nesta nova direcção, descobrimos uma nova forma de felicidade. Um novo nível de significado na vida emerge. A meditação, devidamente compreendida, abraça esta mudança mental de todo o coração, à medida que aprendemos a retirar a atenção de nós mesmos.
Ao princípio, e por algum tempo, parece que estamos a batalhar contra um poderoso vento frontal. A atenção regressa frequentemente aos pensamentos, planos e memórias que estamos a tentar pôr de lado dizendo o mantra. A mente, como um cachorrinho que está a ser treinado para se comportar em casa, continua a cometer o mesmo erro. Isso requer, não força ou castigo, mas uma grande paciência que reflecte o amor que sentimos por ele. Actuais preocupações, com as antigas ansiedades que nos são familiares, continuam a voltar, reclamando a nossa atenção. Parece bastante plausível que poderíamos usar o nosso tempo de forma mais proveitosa resolvendo os nossos problemas ou os re-analisando. Em breve veremos, porém, que a menos que aprendamos a arte de direcionar a nossa atenção, cada pensamento ou plano, incluindo até aqueles que dizem respeito ao bem-estar dos outros, ela é rapidamente sequestrada pelo auto-centramento. O mantra, suave mas consistentemente, retreina a nossa mente com um mais elevado nível de atenção centrada no outro, o que traz verdadeiros benefícios para nós e para todos os aspectos do nosso trabalho.
É um bom trabalho porque faz brotar o melhor que há em nós e produz benefícios para os outros. O que fazemos nas nossas sessões de treino da meditação, deste modo, dá frutos em todo o âmbito das nossas conscientes escolha e actividade; mas também transforma os nossos inconscientes hábitos da mente e sentimento.
Assim, um novo horizonte fica visível. Vemos a inata ordem moral da realidade, a essencial bondade do universo que é, ele próprio, o supremo bom trabalho. Isto reflecte-se no nosso instinto de consistência – na fidelidade, justiça, verdade e bondade – em tudo o que nos diz respeito, no corpo, mente e linguagem. Mesmo reconhecendo as consequências das nossas palavras e acções e vendo as nossas responsabilidades tal como realmente são, sentimos que não é apenas a nossa própria vontade que estamos a seguir. Há uma vontade no universo que é, ela própria, centrada-no-outro, estabelecida na natureza da realidade. Lao Tse chamava-lhe o Caminho. Jesus conhecia-a como o Pai.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
(João 5:17-30)
Não busco a Minha vontade, mas a d’Aquele que Me enviou.
Centramento no outro: uma mais difícil ideia do que auto-centramento. Estamos todos mais familiarizados com um estado mental auto-centrado, embora habitualmente mais prontos a acusar os outros disso do que a vê-lo em nós próprios. O seu oposto está no cerne de todo o ensinamento de sabedoria e da dinâmica básica da própria meditação.
A verdade – que estamos mais plenamente vivos e somos mais verdadeiramente nós mesmos quando estamos orientados para os outros, em vez de o estarmos para os nossos próprios interesses – é difícil de praticar. No entanto, pouco a pouco e com muitas recaídas, à medida da re-orientação das nossas mentes, nossos sentimentos e nossa motivação nos movem nesta nova direcção, descobrimos uma nova forma de felicidade. Um novo nível de significado na vida emerge. A meditação, devidamente compreendida, abraça esta mudança mental de todo o coração, à medida que aprendemos a retirar a atenção de nós mesmos.
Ao princípio, e por algum tempo, parece que estamos a batalhar contra um poderoso vento frontal. A atenção regressa frequentemente aos pensamentos, planos e memórias que estamos a tentar pôr de lado dizendo o mantra. A mente, como um cachorrinho que está a ser treinado para se comportar em casa, continua a cometer o mesmo erro. Isso requer, não força ou castigo, mas uma grande paciência que reflecte o amor que sentimos por ele. Actuais preocupações, com as antigas ansiedades que nos são familiares, continuam a voltar, reclamando a nossa atenção. Parece bastante plausível que poderíamos usar o nosso tempo de forma mais proveitosa resolvendo os nossos problemas ou os re-analisando. Em breve veremos, porém, que a menos que aprendamos a arte de direcionar a nossa atenção, cada pensamento ou plano, incluindo até aqueles que dizem respeito ao bem-estar dos outros, ela é rapidamente sequestrada pelo auto-centramento. O mantra, suave mas consistentemente, retreina a nossa mente com um mais elevado nível de atenção centrada no outro, o que traz verdadeiros benefícios para nós e para todos os aspectos do nosso trabalho.
É um bom trabalho porque faz brotar o melhor que há em nós e produz benefícios para os outros. O que fazemos nas nossas sessões de treino da meditação, deste modo, dá frutos em todo o âmbito das nossas conscientes escolha e actividade; mas também transforma os nossos inconscientes hábitos da mente e sentimento.
Assim, um novo horizonte fica visível. Vemos a inata ordem moral da realidade, a essencial bondade do universo que é, ele próprio, o supremo bom trabalho. Isto reflecte-se no nosso instinto de consistência – na fidelidade, justiça, verdade e bondade – em tudo o que nos diz respeito, no corpo, mente e linguagem. Mesmo reconhecendo as consequências das nossas palavras e acções e vendo as nossas responsabilidades tal como realmente são, sentimos que não é apenas a nossa própria vontade que estamos a seguir. Há uma vontade no universo que é, ela própria, centrada-no-outro, estabelecida na natureza da realidade. Lao Tse chamava-lhe o Caminho. Jesus conhecia-a como o Pai.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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