Quinta-feira da Terceira Semana
(Lucas 11:14-23)
Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu.
Há uma história de um encontro do Buda com um grupo de brâmanes entre os quais está um rapaz de dezasseis anos, insuportavelmente falador, prodígio, que conhece todos os textos e desafia a autoridade do iluminado. Gautama responde a todas as suas perguntas e finalmente faz-lhe um xeque-mate. O fim feliz é que o jovem aprendeu a lição e tornou-se um discípulo.
Tornar-se discípulo para a maioria de nós é uma história mais longa. O ego, como Lúcifer, na luta cósmica que levou à guerra civil no Céu, deseja não servir. Ele prefere a derrota e a exclusão das fileiras dos abençoados ao reconhecimento de um poder superior.
Em termos mais terra-a-terra, isso reflecte-se na nossa luta com a adição. O primeiro dos Doze Passos que conduz à liberdade é o que nos faz mais humildes: reconhecer a nossa incapacidade de nos libertarmos a nós mesmos e a necessidade de reconhecer um poder superior. Isso por fim conduz ao décimo primeiro passo, durante o qual aprendemos o que a oração realmente significa: “consciente contato com Deus, à medida que entendemos” o que Deus quer dizer. Só então, depois do “despertar espiritual” que resulta de se dominar o ego, estamos prontos para ajudar os outros que sofrem de adição e para começar a viver o que aprendemos em todas as partes da nossa vida.
Não podemos ensinar até termos aprendido com um professor ao qual reconhecemos um poder superior. Enquanto virmos esse relacionamento como uma batalha de vontades, que competem com o nosso professor, impacientes pela nossa formatura com honras, ainda não demos sequer o primeiro passo. Em última análise, contudo, não nos rendemos ao nosso professor. Amamos o nosso professor e portanto, o professor do nosso professor…. Estudantes formam-se e ficam por conta própria. Discípulos entram numa comunidade estendendo-se em todas as direcções no espaço e no tempo.
Ao princípio, testar o nosso professor não é uma coisa má, desde que isso também leve o nosso ego para fora, para o meio do descampado onde ele próprio possa ser testado e dominado. Calculo que o Buda não se tenha zangado realmente com o rapaz prodígio brâmane ou sequer ofendido com a sua atitude. Ele percebeu de onde é que ela vinha. Finalmente, com a sua ajuda, o jovem compreendeu-se a si mesmo e viu que o seu eu verdadeiro só seria libertado, e os seus talentos postos em bom uso, através do que poderia parecer uma humilhante derrota mas era, na verdade, a mútua aceitação que existe entre um verdadeiro professor e um verdadeiro discípulo.
Mas isto pode ser um longo e difícil jogo até encontrarmos este tipo de professor, o que pode fazer de nós este tipo de discípulo. Até lá, o ego tem imensas linhas vermelhas que recusa atravessar e chega mesmo ao ponto de procurar derrubar e humilhar o professor de quem ele depende para a sua liberdade. Isto torna-se explícito mais tarde na história da Páscoa.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
(Lucas 11:14-23)
Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu.
Há uma história de um encontro do Buda com um grupo de brâmanes entre os quais está um rapaz de dezasseis anos, insuportavelmente falador, prodígio, que conhece todos os textos e desafia a autoridade do iluminado. Gautama responde a todas as suas perguntas e finalmente faz-lhe um xeque-mate. O fim feliz é que o jovem aprendeu a lição e tornou-se um discípulo.
Tornar-se discípulo para a maioria de nós é uma história mais longa. O ego, como Lúcifer, na luta cósmica que levou à guerra civil no Céu, deseja não servir. Ele prefere a derrota e a exclusão das fileiras dos abençoados ao reconhecimento de um poder superior.
Em termos mais terra-a-terra, isso reflecte-se na nossa luta com a adição. O primeiro dos Doze Passos que conduz à liberdade é o que nos faz mais humildes: reconhecer a nossa incapacidade de nos libertarmos a nós mesmos e a necessidade de reconhecer um poder superior. Isso por fim conduz ao décimo primeiro passo, durante o qual aprendemos o que a oração realmente significa: “consciente contato com Deus, à medida que entendemos” o que Deus quer dizer. Só então, depois do “despertar espiritual” que resulta de se dominar o ego, estamos prontos para ajudar os outros que sofrem de adição e para começar a viver o que aprendemos em todas as partes da nossa vida.
Não podemos ensinar até termos aprendido com um professor ao qual reconhecemos um poder superior. Enquanto virmos esse relacionamento como uma batalha de vontades, que competem com o nosso professor, impacientes pela nossa formatura com honras, ainda não demos sequer o primeiro passo. Em última análise, contudo, não nos rendemos ao nosso professor. Amamos o nosso professor e portanto, o professor do nosso professor…. Estudantes formam-se e ficam por conta própria. Discípulos entram numa comunidade estendendo-se em todas as direcções no espaço e no tempo.
Ao princípio, testar o nosso professor não é uma coisa má, desde que isso também leve o nosso ego para fora, para o meio do descampado onde ele próprio possa ser testado e dominado. Calculo que o Buda não se tenha zangado realmente com o rapaz prodígio brâmane ou sequer ofendido com a sua atitude. Ele percebeu de onde é que ela vinha. Finalmente, com a sua ajuda, o jovem compreendeu-se a si mesmo e viu que o seu eu verdadeiro só seria libertado, e os seus talentos postos em bom uso, através do que poderia parecer uma humilhante derrota mas era, na verdade, a mútua aceitação que existe entre um verdadeiro professor e um verdadeiro discípulo.
Mas isto pode ser um longo e difícil jogo até encontrarmos este tipo de professor, o que pode fazer de nós este tipo de discípulo. Até lá, o ego tem imensas linhas vermelhas que recusa atravessar e chega mesmo ao ponto de procurar derrubar e humilhar o professor de quem ele depende para a sua liberdade. Isto torna-se explícito mais tarde na história da Páscoa.
Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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