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Reflexões para a Quaresma 2019

                                                                       .     
​LAURENCE FREEMAN OSB 

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Quarto Domingo da Quaresma

31/3/2019

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Quarto Domingo da Quaresma
(Lucas 15:1-32)  

“Este homem,” murmuravam entre si os fariseus e os escribas, “acolhe os pecadores e come com eles”.

Ser rejeitado, ser lançado nas trevas exteriores longe do grupo sentado à roda do fogo tribal, é um dos medos mais profundos da Humanidade. Os rejeitados subitamente tornam-se o inimigo do grupo que os rejeitam. Associar-se a eles é um sinal de deslealdade e faz deles tóxicos e infecciosos.

No filme inglês Apostasia, a Igreja das Testemunhas de Jeová excomunga uma jovem mulher por ela romper com as regras desta e a família dela confronta-se (e falha) com uma agonizante escolha entre rejeitar a jovem e permanecerem como membros dos eleitos. O mais diabólico aspecto do drama é a invertida linguagem religiosa da autojustificação e o falso e arrepiante tom dos moralistas de coração duro. A palavra “diabolus” implica o estado de “di-visão”, colocar à parte. A palavra oposta é “symbolum” que une e junta as partes separadas. O diabólico ataca em nome de Deus. Divide, servindo-se de todos os estratagemas, incluindo a citação das Escrituras, de modo a dar a ideia de que está do lado dos anjos.

Momentos de abismo surgem de tempos em tempos quando somos obrigados a escolher onde nos posicionamos. Ficamos na segurança da multidão que grita por sangue, ou nos posicionamos em solidariedade com o excluído? Tomem os imigrantes como exemplo. Em algumas partes da sociedade rica de hoje é perigoso falar compassivamente sobre imigrantes. Assim que o nosso líder estatal os tenha acusado de serem “traficantes de droga, criminosos e violadores, a sua desumanização inicia-se. A linha limite para o abusar deles, os mais vulneráveis, foi elevada.

“Pecadores” é um termo comum para rejeição no vocabulário religioso, ainda que seja frequentemente usado de modo errado. Jesus juntou-se a “pecadores”, gente fora do radar da pureza. Ele viu que o pecado que importa não é ser rejeitado, como os intocáveis no sistema de classes. A palavra grega para pecado significa “errar o alvo”. Não no sentido de não fazer parte da sociedade respeitável, mas no sentido humano de falhar. Quando tentamos deitar um pedaço de papel no caixote do lixo e falhamos, devemos zangar-nos e praguejar ou devemos apanhá-lo e tentar de novo?

Para compreendermos o pecado, temos de ser honestos relativamente às nossas divisões e contradições interiores, os sintomas universais da fraqueza humana. Caso contrário, mergulhamos na hipocrisia colectiva que é a força aglutinadora de qualquer multidão. 

Os que jantam com pecadores põem-se a si mesmos em risco. Mas, mesmo quando, por sua vez, são desprezados e rejeitados, eles esvaziam o poder da hipocrisia. Eles expõem os verdadeiros pecadores no drama humano – não a vítima mas os vitimadores, os que separam e não os separados. Fica claro como é fácil escorregarmos do lado dos anjos para o dos demónios. Os verdadeiros pecadores são os que rejeitam e não os rejeitados. São os escorraçadores não os escorraçados os que realmente pecam.



​Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB 

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Sábado da Terceira Semana

30/3/2019

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Sábado da Terceira Semana
(Lucas 18:9-14) 

Porque todo aquele se exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado.


Tenho encontrado algumas pessoas encantadoras que de modo bem natural parecem ter o seu ego sob controlo. Não é aparente que isso lhes custe algum esforço e até nos parece que elas não têm ego. Claro que, todos os que se relacionam connosco têm um ego, porque é isso que nos torna distintos. Se não fôssemos seres separados não seríamos capazes de morrer para nós próprios e elevarmo-nos numa mais profunda união.
​
A maioria de nós tem egos relativamente magoados. Através do longo processo de desenvolvimento psicológico e de individuação, o ego acumula memórias dolorosas e medos que formam padrões que formam a nossa personalidade. Nenhuma separação ocorre sem dor e a dor deixa uma cicatriz na memória. Sem um grande amor que o envolva e que sare essa ferida repetida, o ego constrói a desconfiança e aprende a dissimular para se proteger. Por vezes torna-se inchado e agressivo para compensar pela sua falta de equilíbrio. Às vezes torna-se tímido e inseguro, com pavor de ser visto ou ouvido. Às vezes nós saltamos de um tipo de ego para um outro.

Quem cresceu com um mínimo de estragos foi envolto desde o início no amor. Tem um mais equilibrado mundo interior, no qual a alavanca do ego opera gentilmente – como um meio de comunicação em vez de como uma arma. São pessoas mais amáveis. Quando frequentam um evento social, não se preocupam se vão ser reconhecidos ou se vão ser chamados a sentar-se numa mesa mais distinta. Podem estar curiosos sobre o que vai acontecer mas não sentem a ansiedade egocêntrica dos que precisam e anseiam por aplausos ou dos que ficam aterrorizados ao serem notados.

Como a maior parte de nós não tem egos tão bem equilibrados, o evangelho de hoje oferece-nos uma prática e compassiva sabedoria. Faça um esforço extra no sentido de evitar aquilo pelo que o ego anseia ou que teme e então, sem se sentir orgulhoso por ter feito a coisa certa. Assim você será “exaltado”. Isto não significa tornar-se a estrela mais recente do X Factor. Um clip do YouTube em que você se encontra perante uma audiência em adoração, espantada com o seu talento, não se vai tornar viral.

É antes uma outra espécie de exaltação, na qual, desprendido do sucesso ou do fracasso, o seu ego se pode rir de si mesmo. Liberto da garra da auto-fixação você pode dar a sua atenção, o seu ser, a outros, com o deleite de ver a transformação que a pura e altruísta atenção pode operar.



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6ª-feira da Terceira Semana

29/3/2019

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Sexta-feira da Terceira Semana
(Marcos 12:28-34)  

Amarás o senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. O segundo é este: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.

​
Enquanto ele agonizava, os discípulos de Buda discutiam entre si como é que poderiam manter as 227 regras monásticas que Buda lhes dera. Solicitararam então ao seu discípulo mais chegado que lhe pedisse para destacar um número de regras mais fácil de gerir. Quando voltou, o discípulo disse-lhes que infelizmente Buda tinha morrido antes de lhe responder à questão. E assim eles ficaram com uma grande quantidade de regras. 

Quando perguntaram a Jesus qual era o mandamento mais importante, ele respondeu como acima – as três dimensões do amor, a Deus, a si mesmo e aos outros. Três em um. Do ponto de vista teológico faz sentido colocar o amor a Deus em primeiro lugar. Do ponto de vista psicológico, temos de começar pelo amor a nós mesmos. A pessoa devotamente religiosa, que está focada no amor a Deus pela obediência a todos os mandamentos e obtenção da aprovação divina, pode facilmente ser uma pessoa em conflito e dividida, que nunca integrou as suas sombras nem teve a humildade para aceitar as suas imperfeições. A pessoa que fez o seu trabalho no deserto e aprendeu a amar a si própria humildemente, pode parecer não religiosa, enquanto cumpre o maior dos mandamentos. Aqueles que não amam trazem sempre a religião ao descrédito. Mas seja quem for que obedeça ao “primeiro e maior” mandamento da vida – amar com todo o coração – não tem que se preocupar com as pequenas regras. “Ama e faz o que quiseres”, disse Santo Agostinho.

Amar gatinhos fofos, crianças, idosos com bom feitio, aqueles que fazem o que dizem que vão fazer, os que facilitam a nossa vida, os grandes cozinheiros, aqueles que nos apreciam adequadamente, pessoas em todos os tipos de pedestais da nossa própria criação – esses são os fáceis – amigos – para amar. Os nossos inimigos são outra questão. As pessoas que nos decepcionam, que bloqueiam uma decisão que estava a caminho por complicarem o assunto desnecessariamente, os desonestos, infiéis, manipuladores e animais como ratos e baratas: esses são os que realmente nos ajudam a obedecer ao mandamento. Os que são difíceis de amar põem a nu as nossas ocultas condições e agenda. Eles revelam o inadequado grau do nosso autoconhecimento e da nossa autoaceitação – o nosso amor a nós mesmos. Assim, os “nossos inimigos são os nossos melhores professores espirituais”, tal como o fracasso nos treina melhor do que o sucesso.

Às vezes, é difícil de ver o que é que uma pessoa vê noutra a quem ama profunda e altruisticamente. É difícil sentir o amor que S. Francisco sentiu pelo leproso que ele abraçou e os moribundos que a Madre Teresa resgatava das ruas de Calcutá e deles cuidava como se fossem Cristo. Um jornalista moderno poria a questão se eles estariam a fazer isso para a câmara. Mas amar de todo o coração é ver o que outros, que só conseguem amar aqueles os amam, não conseguem ver.

Poderíamos dizer que os que amam realmente vêem Deus ou Cristo naqueles que não inspiram amor. Seria igualmente verdadeiro dizer que eles se vêem a si mesmos no outro e o outro neles próprios. Este envolvimento de pessoas é Deus. Quando uma pessoa ama outra há sempre três envolvidos.
 


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5ª-feira da Terceira Semana

28/3/2019

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Quinta-feira da Terceira Semana
(Lucas 11:14-23)  
Outros, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal vindo do céu.


Há uma história de um encontro do Buda com um grupo de brâmanes entre os quais está um rapaz de dezasseis anos, insuportavelmente falador, prodígio, que conhece todos os textos e desafia a autoridade do iluminado. Gautama responde a todas as suas perguntas e finalmente faz-lhe um xeque-mate. O fim feliz é que o jovem aprendeu a lição e tornou-se um discípulo.

Tornar-se discípulo para a maioria de nós é uma história mais longa. O ego, como Lúcifer, na luta cósmica que levou à guerra civil no Céu, deseja não servir. Ele prefere a derrota e a exclusão das fileiras dos abençoados ao reconhecimento de um poder superior.

Em termos mais terra-a-terra, isso reflecte-se na nossa luta com a adição. O primeiro dos Doze Passos que conduz à liberdade é o que nos faz mais humildes: reconhecer a nossa incapacidade de nos libertarmos a nós mesmos e a necessidade de reconhecer um poder superior. Isso por fim conduz ao décimo primeiro passo, durante o qual aprendemos o que a oração realmente significa: “consciente contato com Deus, à medida que entendemos” o que Deus quer dizer. Só então, depois do “despertar espiritual” que resulta de se dominar o ego, estamos prontos para ajudar os outros que sofrem de adição e para começar a viver o que aprendemos em todas as partes da nossa vida.

Não podemos ensinar até termos aprendido com um professor ao qual reconhecemos um poder superior. Enquanto virmos esse relacionamento como uma batalha de vontades, que competem com o nosso professor, impacientes pela nossa formatura com honras, ainda não demos sequer o primeiro passo. Em última análise, contudo, não nos rendemos ao nosso professor. Amamos o nosso professor e portanto, o professor do nosso professor…. Estudantes formam-se e ficam por conta própria. Discípulos entram numa comunidade estendendo-se em todas as direcções no espaço e no tempo.

Ao princípio, testar o nosso professor não é uma coisa má, desde que isso também leve o nosso ego para fora, para o meio do descampado onde ele próprio possa ser testado e dominado. Calculo que o Buda não se tenha zangado realmente com o rapaz prodígio brâmane ou sequer ofendido com a sua atitude. Ele percebeu de onde é que ela vinha. Finalmente, com a sua ajuda, o jovem compreendeu-se a si mesmo e viu que o seu eu verdadeiro só seria libertado, e os seus talentos postos em bom uso, através do que poderia parecer uma humilhante derrota mas era, na verdade, a mútua aceitação que existe entre um verdadeiro professor e um verdadeiro discípulo. 

Mas isto pode ser um longo e difícil jogo até encontrarmos este tipo de professor, o que pode fazer de nós este tipo de discípulo. Até lá, o ego tem imensas linhas vermelhas que recusa atravessar e chega mesmo ao ponto de procurar derrubar e humilhar o professor de quem ele depende para a sua liberdade. Isto torna-se explícito mais tarde na história da Páscoa. 



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4ª-feira da Terceira Semana

27/3/2019

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Quarta-feira da Terceira Semana
 (Mateus 5:17-19) (Evangelho Quotidiano)


Não penseis que vim para anular a Lei ou os Profetas. Não vim para anulá-los, mas sim para completá-los.


É difícil libertarmo-nos do passado. Mesmo quando foi um fracasso, temos tendência a branqueá-lo, a fim de evitarmos admitir os nossos erros. É difícil mudar a nossa mente (metanoia) e quanto mais as pessoas nos gritam para que o façamos, mais entranhados passamos a estar.

Mas as circunstâncias alteram-se. O que estava certo ontem pode não ser o melhor para hoje. Podemos sempre dizer “desculpa” e deixar ir, mas o hemisfério esquerdo do cérebro acha isso difícil de fazer porque construiu toda uma teia de boas razões para opiniões antecipadamente formadas. Ele gosta de fixidez. (Não vou fazer uma comparação com o Brexit). Mas mesmo quando admitimos que uma nova abordagem é necessária, não nos estamos a condenar a nós próprios pelos erros passados: fizemos o melhor que era possível com a informação que tínhamos na altura. O hemisfério direito do cérebro está no fluxo da realidade e é-lhe mais fácil aceitar a mudança. Só então poderemos fazer as pazes com o passado e ver o seu melhor, a Lei e os Profetas, transportados para o novo.

Até os deuses, assim como as civilizações a que antes suportaram, mudam e morrem. Hoje vivemos no crepúsculo dos deuses antigos. Eles dependiam dos seus devotos para se manterem vivos com oferendas de petições e sacrifícios. Quando os devotos deixam de acreditar nos deuses a vinha murcha. Até os poderosos deuses do Olimpo foram despromovidos. Antes de morrerem, tornaram-se locais, vestígios de nostalgia ou objectos de diversão para as novas gerações.

Mas não podemos viver sem deuses. (Até o ateu tem de lidar com eles).  Precisamos dos símbolos e encantos que eles proporcionam para exprimirmos esperanças e necessidades que não conseguimos pôr em palavras. A mudança no panteão dos deuses, no entanto, é um tempo de perda e de crise, como o que estamos a atravessar agora no Cristianismo e noutras religiões. Os novos deuses são adorados nos filmes de Hollywood e Bollywood, nos templos dos centros comerciais, dos escritórios de negócios e das redacções dos jornais. Existem os deuses da desinformação e da divisão (e alguns bons). Alguns dos deuses antigos tentam reinventar-se e tornar-se relevantes enquanto outros se desvanecem e desaparecem. O consenso – a certeza que os deuses antigas davam – é corroído e substituído pelo conflito e controvérsia, até que nasça algo novo.

É por isso que o deserto e os nossos quarenta dias passados aí, ou os nossos vinte minutos aí, duas vezes por dia, são tão libertadores. Não há deuses, mortos ou vivos, no deserto, nem templos excepto o coração, nem sacrifícios excepto a nossa atenção. Existem, é claro, os nossos demónios interiores e alguns anjos necessários. Sem deuses, tudo o que fica é o Deus que é, mas não tem nome: o “Cristianismo sem religião” de que Dietrich Bonhoeffer teve um vislumbre a partir dos destroços da ordem antiga?



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3ª-feira da Terceira Semana

26/3/2019

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Terça-feira da Terceira Semana
(Lucas 18:21-35)  

Quantas vezes deverei perdoar a meu irmão ou minha irmã quando me insultarem? Sete vezes? Jesus respondeu, “Em verdade te digo, não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete.”


Tal como a maior parte de nós, sei como é doloroso não ser perdoado. Talvez eu esteja iludido, mas não acho que custa tanto perdoar (depois de algum tempo) como sentir que me é recusada essa graça maravilhosa que muda não só os relacionamentos mas o mundo e faz avançar o reino de Deus.

Quando parece que você resolveu interiormente um erro ou um relacionamento quebrado; quando um tempo suficiente já passou e as pessoas continuaram com as suas vidas, andaram para a frente, você poderá então sentir-se apto para tentar conseguir uma reconciliação. Até que o perdão aconteça, o sentimento infeliz de qualquer coisa bloqueada e inacabada não permite o início de uma cura profunda. Para se alcançar a paz e a justiça não basta que os sentimentos de mágoa desapareçam. O perdão é ontológico, mais profundo do que o sentimento. Não há um voltar atrás para o passado: algumas relações ficam lá, na história pessoal. Mas a nossa natural sede e fome de justiça não tem a ver com o esquecer ou o atribuir culpas. Tem a ver com uma consciente restauração e re-equilibrar. 

Quando Jesus diz não sete mas setenta vezes sete Ele mostra ao ouvinte atento que não há justiça sem perdão. Nem esperança numa justiça que restaure a nossa humanidade, a não ser que estejamos verdadeiramente abertos ao perdão. Quando oiço as pessoas dizerem que “não podem perdoar este-ou-aquele por isto-ou-aquilo”, detecto muitas vezes um sentimento de vergonha e autojustificação. Por detrás está o sentimento de “a culpa não é minha e eu até o faria se pudesse”. É claro que nós precisamos de perdoar aqueles que não conseguem perdoar. Para esse propósito, temos de nos perdoar a nós mesmos por não perdoarmos. Mas também precisamos de não confundir o perdão com um autojustificado apego a um ressentimento ou vitimização (para bem da parte lesada primeiro e da parte que lesou em segundo). Como é que vemos a diferença? Talvez vendo como nos sentimos quando a parte que nos ofendeu segue em frente e floresce. 

Perdão é cura interior e não a concessão uma absolvição. Um dia percebemos que já aconteceu sem disso nos darmos conta. Recebemos a graça do perdão subtilmente (e podemos então partilhá-la activamente) depois de termos passado pelas 77 questões que penetraram todos os cantos escuros do nosso coração. O que é que eu realmente sinto? Porque é que fulano agiu daquela maneira? Estou em busca de plenitude ou apegado à retribuição? Eu “amo o meu inimigo”, significando que já não é meu inimigo (ainda que não optasse por ir com ele para férias)? 

Esta percepção do perdão vem daquele que diria na Cruz: “Pai, perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem”. Para Ele esta era a última das chaves que abria a sua porta ao paraíso.



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2ª-feira da Terceira Semana

25/3/2019

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Segunda-feira da Terceira Semana
(Lucas 1:26-38) 

“Eis aqui a escrava do Senhor” disse Maria “faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo retirou-se.

Para quem gosta de planear com antecipação, estamos a nove meses do Natal a partir do dia de hoje, que celebra a festa da Anunciação, o momento oculto em que a Palavra começou a fazer-se carne. Tem sentido para todos, tanto para crentes como para não crentes. Para o não-crente afirma o facto de que a verdade cresce em nós de um modo integrado. A verdade é mais do que uma ideia. Para a mais rara espécie dos crentes, significa a abertura de uma nova era nos assuntos humanos, em que a transcendente Fonte do mundo material se funde com este, em, através de e como uma pessoa humana particular a quem os seus pais deram o nome de Jesus. A Fonte de tudo quanto existe, que diz simplesmente ‘EU SOU’ é tanto revelada como oculta neste acontecimento. Não podemos verdadeiramente chamar esta fonte de Ele, Ela ou Isso, mas apenas EU SOU. 

Anjos vêm e vão. A Bíblia com frequência vê-os não apenas como mensageiros, na tradução literal da palavra. O mundo está cheio de mensagens portadoras de sentido (ligação com o que é sempre uma perspectiva maior) se nos dermos tempo de as escutar e interpretar. Mas, mais, a Bíblia às vezes também identifica o mensageiro com aquele que envia a mensagem. É como na física quântica onde as habituais dualidades e limites ficam suspensos. Eles podem formar-se e voltar a formar-se segundo a natureza do nosso ponto de vista observacional. Objectividade, assim, adquire um novo e mais brincalhão significado. Preconceitos e intimidações afrouxam e emerge um novo modo de ver e interagir no mundo. A Anunciação significa que isto realmente acontece. A Quaresma ajuda-nos a clarificar a nossa percepção disso a acontecer ao dar-nos a ótima distância e a correcta abrangência focal para vermos como isso influencia a nossa vida diária.  

Assim como as partículas atómicas divididas por grandes distâncias e ainda funcionando como um todo, isto pode parecer um pouco estranho. Eu andei à volta da abadia em Bonnevaux ontem, espantado e emocionado com a forma como foi transformada, simples mas bela, com imenso talento e esmero e também expressando um sentido de “justa medida” que satisfaz profundamente a alma. Pensei nos 900 anos que passaram desde que a primeira comunidade veio para cá para “verdadeiramente buscar a Deus” e amar o mundo ao amarem-se uns aos outros. Deu-me o estranho sentimento de que Bonnevaux estava grato por ter sido salvo. 

Pensei nas palavras de Isaías: O teu povo reparará as ruínas antigas e levantará sobre os alicerces seculares e tu serás chamado Reparador de Paredes Derrubadas, Restaurador de Estradas com Habitações. (58:12)

Se a Quaresma é um tempo para reparar os alicerces espirituais pessoais, esta festa é sobre a evolucionária restauração da humanidade. É um outro modo de olhar para as coisas – talvez haja um tempo para desfazer e começar a partir do zero mas uma mais profunda verdade é a continuidade das coisas, revelada no ver-se o momento para reconstruir e restaurar.



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3º Domingo da Quaresma 2019

24/3/2019

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Terceiro Domingo da Quaresma 2019
(Lucas 13:1-9)
 
Se não vos arrependerdes, perecereis todos da mesma forma.


Recordemos que “arrepender-se” não significa sentir-se culpado e tornar-se servilmente submisso, mas sim ter a força e a determinação para mudar de ideias. Há um dito de Lao Tsé que ecoa a parábola do evangelho de hoje da figueira que não dá fruto: “se não mudares de direcção, podes bem acabar no lugar para onde te estás dirigindo”. Esta descrição das consequências de recusar-se a mudar não é uma ameaça, mas um simples aviso. E porém, é assustadoramente difícil mudar algo em que estivemos por longo tempo a investir.

Bem cedo numa manhã de Outono, eu parti com alguns companheiros para uma longa viagem de carro, de regresso a casa. As estradas estavam vazias e ainda mal amanhecia. Dirigíamo-nos para Leste e eu pensava que tínhamos tomado essa direcção quando entrámos na auto-estrada. Depois de uns cinquenta quilómetros, olhei para o retrovisor e vi as maravilhosas cores do nascer do sol. Fiz um comentário sobre isso e os outros olharam para trás e disseram: “Oh, que bonito!” Então, instalou-se um silêncio desconfortável entre nós que ninguém queria quebrar. “O sol nasce a Leste, não é?”, perguntou uma pessoa corajosa. Mesmo nessa altura, ao princípio, foi difícil engolir a verdade e fazer a inversão de sentido.

No mito da Travessia do Mar Vermelho, os Israelitas estão a fugir para o deserto e para a liberdade, mas estão a ser perseguidos pelos Egípcios, que mudaram de ideias sobre deixá-los partir. Os Israelitas entram em pânico e culpam o pobre Moisés, não pela primeira vez, por os conduzir ao desastre e começam a falar em voltar para trás. Então o pilar da nuvem que os tinha estado a guiar até àquele momento, muda de posição e coloca-se na cauda da sua caravana, escondendo-os dos seus perseguidores e preparando-se para o grande sinal da separação das águas. Há muitas mudanças a acontecer nesta história – os Israelitas mudam de ideias, os Egípcios mudam as suas, Moisés pensa em mudar a sua e até Deus parece mudar a Sua ideia sobre onde colocar a nuvem.

Arrependimento, mudar o caminho que estamos a seguir – metanoia – não consiste apenas em tomar uma decisão. Isso pode ser agonizante se pensarmos que é só isso que temos que mudar. Mas por trás da decisão de mudar está o motor da concordância, ver como as coisas são e aceitá-lo, dizendo: “Sim. Desculpa. Está certo”.  Ver o que está realmente a acontecer significa despir e deitar fora todas as nossas mais familiares e bem justificadas ilusões. Sendo difícil de fazer no melhor dos tempos, é mesmo muito difícil no pior dos tempos, quando tememos a mudança e ansiamos acima de tudo pela segurança de estar certo. Leva tempo, tal como aprender a observar a Quaresma leva tempo. É melhor ter o hábito de o fazer regularmente a cada dia, de modo a que as ideias erradas e os comportamentos que elas produzem não tenham tempo de solidificar. 

Ver o que é, experienciar a incontroversa imperiosidade da verdade, é a essência do bom julgamento e, espantosamente, isso nos dá até a energia necessária para a escolher. 


Reflexões para a Quaresma 2019 - LAURENCE FREEMAN OSB 

Texto original, em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2019/

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Sábado da Segunda Semana

23/3/2019

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Sábado da Segunda Semana
(Lucas 15: 1-32)

Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.


Um conceito intrigante da moderna cosmologia é o da existência de um incontável número de universos paralelos. Mas não há nenhuma evidência ou provas disso. Há provavelmente mais evidência, da própria Ciência, de uma inteligência criativa visível na beleza da matemática e na elegância do Universo à escala cósmica e microcósmica. Uma implícita ordem existe na realidade, de harmonia, beleza e conectividade – que é possível perceber apesar da existência do caos, de matanças em massa e de sofrimento inocente.

“Nunca poderemos conhecer a Deus pelo pensamento, mas somente pelo amor.” Nesta característica declaração da consciência mística, o amor significa não apenas uma emoção ou um entusiasmo contido no âmbito do prazer e da dor humanos – embora ele exista aí também. Amor significa a inteligência do espírito, de fato a mente do próprio Deus, que apenas pode ser conhecida tomando parte no Seu próprio ser. Todos sabemos que quando nos apaixonamos vemos e sentimos o mundo de forma bem diferente. Quando vamos mais profundamente no amor, o nosso próprio sentido do “eu” progressivamente passa por uma massiva transformação. Não sabemos aonde ela nos vai levar. (O místico diz que por fim nos tornamos Deus.) Mas qualquer verdadeira forma de amor, mesmo a mais autocentrada no início, contém um fragmento do todo, um sabor da bonita harmonia de todas as coisas. 

Com demasiada frequência os níveis mais baixos da consciência humana intervêm em cruciais momentos de transição. Em vez de aprofundarmos o amor, optamos por - ou somos sugados para – a possessividade, a tristeza e a raiva. “Cada homem mata a coisa que ele ama.” Mas quando o pai na parábola dos dois irmãos (o filho pródigo é um deles, o nada acolhedor irmão mais velho é o outro), atira para o lado a sua dignidade e o direito a repreender o seu filho extraviado e, em vez de o fazer, abraço-o e saúda-o com um beijo, vislumbramos que o Universo como um todo é amistoso. Quem é que se importa então que seja um só ou um de muitos? Apesar do confronto de galáxias, das erupções vulcânicas e da maldade humana, quando voltamos para casa, somos sempre acolhidos como bem-vindos. 

Pense naquilo que sente quando regressa à meditação, depois de um tempo sem a fazer. Talvez tenha estado a adiar porque imaginava que haveria uma penalidade interior a pagar por ter desistido ou estar atrasado. Em vez disso, há um maravilhoso sentido de “sem culpa” (como o I Ching o descreve) e umas incondicionais boas-vindas no regressar a casa para o nosso verdadeiro “eu”.

É difícil acreditar nisto até que o tenhamos sentido. E é difícil contar com este sentimento, pois os seres humanos só raramente são assim tão semelhantes a Deus. Quantas vezes, entre nós, é que o perdão incondicional e a reconciliação acontecem? No entanto, até como crianças nós temos um inato sentido de justiça e intuitivamente esperamos ou acreditamos (qual deles, não podemos saber) que é assim que a realidade é. O nosso microcosmos interior portanto reflecte o todo. Sabê-lo-íamos se ao menos conseguíssemos ser reais. Até lá, Deus é tão imaginário, tão fora do alcance quanto os universos paralelos.

 


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6ª feira da Segunda Semana

21/3/2019

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Sexta-feira da Segunda Semana 
(Génesis 37: 3-28)

“Eis que se aproxima o homem dos sonhos” disseram uns aos outros. “Vamos, matemo-lo, atiremo-lo a qualquer cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Então veremos como se realizarão os seus sonhos.” 


Esta passagem é tirada da história dos irmãos de José, ciumentos porque ele era o favorito de seu pai, conspirando para o fazer desaparecer. Eles não o queriam matar – isso iria trazer-lhes má sorte – mas planeavam deixá-lo a morrer, lentamente, no fundo dum poço. Isto expõe a escondida história do mundo e boa parte da nossa vida de família e da política religiosa e civil. É perturbadora a frequência com que o ciúme opera como o factor decisivo no nosso comportamento. Mesmo Deus é um “Deus ciumento”. Um comentário zeloso, defendendo o significado literal a todo o custo, diz: “o ciúme de Deus é apropriado e bom”. O ciúme é uma inevitável consequência do favoritismo: uma raça escolhida, o profeta que supera todos os predecessores, os salvos, os eleitos sob qualquer forma. Porém, como é difícil para o monoteísta, ansiando ser amado mais do que os outros, acreditar (como S. Paulo) que “Deus não tem favoritos”.

Você provavelmente tem um programa antivírus no seu computador. Ele protege-nos do terrorismo digital de indivíduos ocultos, isolados, que provavelmente acabam por sentir que só se ligam aos outros online. A persona online é uma aposta arriscada. Então, nós precisamos de uma verificação interior, também – exame de consciência, alerta espiritual, guardar o coração. Vírus como o ciúme, o racismo ou o perfeccionismo espreitam a partir dos ocultos anexos no mais profundo dos nossos discos rígidos. A meditação procura-os e expulsa-os. Temos que estar preparados para a luta que eles nos vão dar antes de serem apagados – ou de a sua energia ser convertida na nossa original bondade. A Quaresma é um tempo adequado para esta limpeza da Primavera.

As modernas e abastadas culturas dão grande atenção às escolhas relacionadas com o estilo de vida e a formas de melhorar o nosso bem-estar físico e psicológico. Quantas conversas sobre a actualidade andam à volta de alimentos que são “bons para nós”, o mais recente vegetal das celebridades, dietas que vão salvar o mundo, novas pérolas de sabedoria esotérica reveladas para todos. Estas “descobertas” e as reacções que evocam no moderno consumidor-de-novidades dão a sensação de que são um bando de pássaros que levanta voo em conjunto e desviando-se em interminável mudança de direções. Muito menos atenção é dada ao nosso estado mental.

Cuidamos menos daquilo que permitimos que a nossa mente absorve e em que se torne concentrada ou viciada. Por isso, o adepto de vida e comida saudáveis de hoje em dia pode parecer uma “virgem orgulhosa” dos primeiros séculos. Podemos ser tão cuidadosos (e correctos) a um nível e no entanto deitar tudo a perder noutro. O orgulho, tal como o ciúme, é a nossa habitual perdição. Tudo o que é necessário para fazer deste critério-duplo um dissimulado estilo de vida é que haja um número suficiente de pessoas que concorde connosco. 

Porque é que amamos os nossos próprios “sonhos” tanto e tantas vezes desprezamos ou ridicularizamos os sonhos de outros? Partilhar um sonho pode inspirar o auto-sacrifício e serviço. Ou pode desencadear um pesadelo colectivo e transformar os mais vulneráveis em bodes expiatórios. Vigiem os vossos sonhos.

Inspeccionar a nossa mente profunda à procura de vírus e testar a vivacidade dos nossos sonhos – este é o trabalho da oração pura. O único teste seguro é abrir mão de todas as representações das nossas esperanças e crenças – conceptuais, verbais ou visuais. O que quer que regularmente sobreviver a esta limpeza radical da nossa mente é digno de confiança (a maior parte do tempo).


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