Domingo de Ramos
Hoje na Missa lemos na íntegra a história da Paixão, desde a Última Ceia até à entrega por Jesus do Seu Espírito na Cruz.
A maior parte de vocês que leram esta última frase sabem o que eu quero dizer. Lembremo-nos da geração entre nós que não tem a mais pálida das ideias sobre aquilo a que me refiro. Porém, todos nós já conhecemos ou iremos conhecer o que é sofrer a perda de alguém de quem gostamos profundamente e o que significa viver com a sua nova e estranhamente infinita ausência. Falei esta manhã com uma amiga cujo pai morreu subitamente de um ataque cardíaco. Ela e a sua mãe, que se juntaram a nós através do WhatsApp, foram transportadas, nos poucos minutos que o seu amado pai e marido levou a morrer, para um mundo diferente. Há muito poucas palavras que uma pessoa possa dizer àqueles que têm uma dor tão fresca. É mais fácil falar de mistérios cósmicos do que da perda pessoal. Todavia a simples e carinhosa presença de outros nos momentos em que a vida foi virada de pernas para o ar e do avesso, pode evitar que colapsemos ou fiquemos loucos.
Ao vermos simplesmente o tão longo alcance da influência desta súbita pandemia e como parou o mundo de forma tão brusca, enviando choques convulsivos para todos os aspectos da nossa vida, a necessidade de ligação pessoal nunca foi mais preciosa. Aqui em Bonnevaux o ritmo regular da nossa vida quotidiana, com meditação, trabalho, leitura, conversas e amizade, sustenta-nos enquanto tentamos partilhar o dom de uma prática espiritual com outros ao redor do mundo, através de eventos online e de mensagens. Esta manhã, meditei online com a força de trabalho da DPA Architects de Singapura – a firma que está a supervisionar a renovação de Bonnevaux – a partir dos seus ateliês espalhados pelo mundo, desde Xangai até Londres. O website do programa Caminho Contemplativo ficará online em breve.
No nosso novo mundo desacelerado, confinado, a forma como oscilamos entre o global e o local nunca foi mais óbvia. Seja a pesquisar ou falar online, seja a entrar na próxima divisão da casa ou no jardim, sentimos o quanto somos criaturas que existem porque estão ligadas, ou procuram a ligação, ou choram as ligações perdidas. Vivemos da presença, não só de pão.
De repente, perder aquilo que nos faz florescer tira-nos a respiração. Porque dói, podemos pensar que fizemos alguma coisa para o merecer ou sentimo-nos escolhidos por uma força alienígena. Sentimo-nos, também, des-iludidos porque tomámos por certo que as coisas iriam ficar como eram, enquanto necessitássemos que assim fosse. Não temos que nos culpar por sentir isto. É esquisito, mas no fim de contas, faz algum tipo de sentido.
Mas depois vem a banalidade da dor. O carácter súbito da perda é melodramático, um clímax. Mas os clímax desaceleram para rotinas de viver com a perda, deslocando-se mais lentamente, com uma tristeza semelhante a uma dor maçante. É quando mais precisamos de um caminho, uma prática que dá esperança através do experienciar ligação a uma eterna fonte de ser em nós. Esta é a alvorada da idade da Ressurreição.
Este é o significado da Semana Santa (saibamos ou não o que isso significa), que iniciamos hoje. Aqui em Bonnevaux, ficaríamos felizes por partilhá-la convosco online, dia a dia, ligados. (www.wccm.org)
Reflexões para a Quaresma 2020 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original , em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2020/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Hoje na Missa lemos na íntegra a história da Paixão, desde a Última Ceia até à entrega por Jesus do Seu Espírito na Cruz.
A maior parte de vocês que leram esta última frase sabem o que eu quero dizer. Lembremo-nos da geração entre nós que não tem a mais pálida das ideias sobre aquilo a que me refiro. Porém, todos nós já conhecemos ou iremos conhecer o que é sofrer a perda de alguém de quem gostamos profundamente e o que significa viver com a sua nova e estranhamente infinita ausência. Falei esta manhã com uma amiga cujo pai morreu subitamente de um ataque cardíaco. Ela e a sua mãe, que se juntaram a nós através do WhatsApp, foram transportadas, nos poucos minutos que o seu amado pai e marido levou a morrer, para um mundo diferente. Há muito poucas palavras que uma pessoa possa dizer àqueles que têm uma dor tão fresca. É mais fácil falar de mistérios cósmicos do que da perda pessoal. Todavia a simples e carinhosa presença de outros nos momentos em que a vida foi virada de pernas para o ar e do avesso, pode evitar que colapsemos ou fiquemos loucos.
Ao vermos simplesmente o tão longo alcance da influência desta súbita pandemia e como parou o mundo de forma tão brusca, enviando choques convulsivos para todos os aspectos da nossa vida, a necessidade de ligação pessoal nunca foi mais preciosa. Aqui em Bonnevaux o ritmo regular da nossa vida quotidiana, com meditação, trabalho, leitura, conversas e amizade, sustenta-nos enquanto tentamos partilhar o dom de uma prática espiritual com outros ao redor do mundo, através de eventos online e de mensagens. Esta manhã, meditei online com a força de trabalho da DPA Architects de Singapura – a firma que está a supervisionar a renovação de Bonnevaux – a partir dos seus ateliês espalhados pelo mundo, desde Xangai até Londres. O website do programa Caminho Contemplativo ficará online em breve.
No nosso novo mundo desacelerado, confinado, a forma como oscilamos entre o global e o local nunca foi mais óbvia. Seja a pesquisar ou falar online, seja a entrar na próxima divisão da casa ou no jardim, sentimos o quanto somos criaturas que existem porque estão ligadas, ou procuram a ligação, ou choram as ligações perdidas. Vivemos da presença, não só de pão.
De repente, perder aquilo que nos faz florescer tira-nos a respiração. Porque dói, podemos pensar que fizemos alguma coisa para o merecer ou sentimo-nos escolhidos por uma força alienígena. Sentimo-nos, também, des-iludidos porque tomámos por certo que as coisas iriam ficar como eram, enquanto necessitássemos que assim fosse. Não temos que nos culpar por sentir isto. É esquisito, mas no fim de contas, faz algum tipo de sentido.
Mas depois vem a banalidade da dor. O carácter súbito da perda é melodramático, um clímax. Mas os clímax desaceleram para rotinas de viver com a perda, deslocando-se mais lentamente, com uma tristeza semelhante a uma dor maçante. É quando mais precisamos de um caminho, uma prática que dá esperança através do experienciar ligação a uma eterna fonte de ser em nós. Esta é a alvorada da idade da Ressurreição.
Este é o significado da Semana Santa (saibamos ou não o que isso significa), que iniciamos hoje. Aqui em Bonnevaux, ficaríamos felizes por partilhá-la convosco online, dia a dia, ligados. (www.wccm.org)
Reflexões para a Quaresma 2020 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original , em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2020/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal