Quinto Domingo da Quaresma
Muita da nossa formação sobre a abordagem da vida é sobre conquista, muito pouca sobre realização, e tão pouca sobre precisamente apenas viver. Foi-me útil aprender ontem que uma abelha obreira diligente, na sua atarefada vida de abelha, não produz mais do que um doze avos de uma colher de chá de mel. Claro que tem muitas companheiras (até 60.000) e assim, juntas, podem fazer o suficiente para cobrir um pedaço de pão. Mas, como parecem gostar muito do seu trabalho, presumivelmente têm modos diferentes de avaliar o significado da existência e devem estar menos obcecadas com quantidade e individualidade.
O evangelho de hoje é sobre a ressurreição de Lázaro, um amigo que Jesus amava, irmão das duas irmãs Maria e Marta que Jesus também amava. Quando Jesus chegou a casa deles, quatro dias depois do seu amigo ter morrido, Marta, uma abelha atarefada, saiu de casa ao seu encontro. Ela fez o mesmo no relato de Lucas, em que se torna distraída por causa das suas múltiplas tarefas e revela os sintomas clássicos de stress. Jesus lembra-a de que deve equilibrar a sua personalidade super-conquistadora com as qualidades da sua irmã contemplativa, que prefere simplesmente ser. Na extra-ordinária e, no entanto, comovente história humana de hoje, ambas as irmãs parecem aliviadas por o seu amigo ter vindo consolá-las na sua dor. Quando as viu “Jesus começou a chorar” e as pessoas dizem: “como Ele o amava”.
Ele depois chama Lázaro de novo a esta vida. O morto ergue-se da sepultura ainda envolto nas suas vestes funerárias. Jesus diz: “desatai-o e deixai-o ir”. Como em outras experiências que reconhecemos como autênticas e no entanto não podemos explicar, ou descartamos o episódio como um conto de fadas ou ficamos em silêncio diante do que é dito, num denso realismo simbólico, acerca da pessoa de Jesus.
Como em outros dos Seus feitos extraordinários, Jesus mostra não ter interesse em usar a Sua conquista para impressionar ou recrutar pessoas. Não parece haver qualquer significado quantificável, nada que se ganhe e se deposite no banco. É o que é. Muda uma vida e as vidas daquelas pessoas que compartilham a vida do indivíduo. Para Lázaro foi um adiamento porque ele morreria de novo, finalmente. Portanto, não se trata de ressuscitar dos mortos, como aconteceria com Jesus. Para Ele, o ciclo da morte-e-renascimento, que é o repetitivo padrão das nossas vidas diárias de abelhas atarefadas, foi quebrado e transcendido, dando-nos a nós a esperança de que não estamos condenados a repetir os fracassos-e-sucessos da vida indefinidamente.
Foi este grande acto uma conquista? A Ressurreição é uma conquista? Apesar de a história de Lázaro Lhe ter dado fama e ter conduzido à Sua prisão e execução, não é descrita como algo a acrescentar à defesa de Jesus. Foi um sinal em vez de uma conquista, uma revelação em vez de uma prova.
Esta é outra maneira de avaliar o doce mel da vida, que nem sempre é tão doce. No nosso abrandamento e reclusão, isolamento social e quarentena, será que conseguimos fazer uso do tempo para fazer um itinerário de vida nestes termos? Esqueçam as conquistas pelas quais recebemos créditos e os fracassos pelos quais somos debitados. Vejam em vez disso que eventos, relacionamentos, resultados, doces ou amargos, revelaram sentido e iluminaram a nossa natureza verdadeira.
Reflexões para a Quaresma 2020 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original , em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2020/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
Muita da nossa formação sobre a abordagem da vida é sobre conquista, muito pouca sobre realização, e tão pouca sobre precisamente apenas viver. Foi-me útil aprender ontem que uma abelha obreira diligente, na sua atarefada vida de abelha, não produz mais do que um doze avos de uma colher de chá de mel. Claro que tem muitas companheiras (até 60.000) e assim, juntas, podem fazer o suficiente para cobrir um pedaço de pão. Mas, como parecem gostar muito do seu trabalho, presumivelmente têm modos diferentes de avaliar o significado da existência e devem estar menos obcecadas com quantidade e individualidade.
O evangelho de hoje é sobre a ressurreição de Lázaro, um amigo que Jesus amava, irmão das duas irmãs Maria e Marta que Jesus também amava. Quando Jesus chegou a casa deles, quatro dias depois do seu amigo ter morrido, Marta, uma abelha atarefada, saiu de casa ao seu encontro. Ela fez o mesmo no relato de Lucas, em que se torna distraída por causa das suas múltiplas tarefas e revela os sintomas clássicos de stress. Jesus lembra-a de que deve equilibrar a sua personalidade super-conquistadora com as qualidades da sua irmã contemplativa, que prefere simplesmente ser. Na extra-ordinária e, no entanto, comovente história humana de hoje, ambas as irmãs parecem aliviadas por o seu amigo ter vindo consolá-las na sua dor. Quando as viu “Jesus começou a chorar” e as pessoas dizem: “como Ele o amava”.
Ele depois chama Lázaro de novo a esta vida. O morto ergue-se da sepultura ainda envolto nas suas vestes funerárias. Jesus diz: “desatai-o e deixai-o ir”. Como em outras experiências que reconhecemos como autênticas e no entanto não podemos explicar, ou descartamos o episódio como um conto de fadas ou ficamos em silêncio diante do que é dito, num denso realismo simbólico, acerca da pessoa de Jesus.
Como em outros dos Seus feitos extraordinários, Jesus mostra não ter interesse em usar a Sua conquista para impressionar ou recrutar pessoas. Não parece haver qualquer significado quantificável, nada que se ganhe e se deposite no banco. É o que é. Muda uma vida e as vidas daquelas pessoas que compartilham a vida do indivíduo. Para Lázaro foi um adiamento porque ele morreria de novo, finalmente. Portanto, não se trata de ressuscitar dos mortos, como aconteceria com Jesus. Para Ele, o ciclo da morte-e-renascimento, que é o repetitivo padrão das nossas vidas diárias de abelhas atarefadas, foi quebrado e transcendido, dando-nos a nós a esperança de que não estamos condenados a repetir os fracassos-e-sucessos da vida indefinidamente.
Foi este grande acto uma conquista? A Ressurreição é uma conquista? Apesar de a história de Lázaro Lhe ter dado fama e ter conduzido à Sua prisão e execução, não é descrita como algo a acrescentar à defesa de Jesus. Foi um sinal em vez de uma conquista, uma revelação em vez de uma prova.
Esta é outra maneira de avaliar o doce mel da vida, que nem sempre é tão doce. No nosso abrandamento e reclusão, isolamento social e quarentena, será que conseguimos fazer uso do tempo para fazer um itinerário de vida nestes termos? Esqueçam as conquistas pelas quais recebemos créditos e os fracassos pelos quais somos debitados. Vejam em vez disso que eventos, relacionamentos, resultados, doces ou amargos, revelaram sentido e iluminaram a nossa natureza verdadeira.
Reflexões para a Quaresma 2020 - LAURENCE FREEMAN OSB
Texto original , em inglês: aqui
https://laurencefreeman.me/category/lent-reflections-2020/
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
http://www.meditacaocrista.com/
https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal