Terça-feira da Segunda Semana
O Deserto da Judeia que Jesus conheceu e onde João Baptista baptizava, não fica longe da sempre-ancestral moderna cidade de Jerusalém. Está localizado num planalto 800 metros acima do nível do mar, entre o Mar Morto e o Mar Mediterrâneo, dois corpos de água tão afastados em natureza e personalidade quanto seria possível imaginar. Israel é um pequeno território, de grandes extremos e polaridades, incluindo a sua geografia.
Convencemos o nosso guia e motorista a levar-nos ao deserto, o que queria dizer a um alto e tranquilo local de onde observámos por sobre as colinas que, por ter sido um Inverno húmido, havia uma inabitual ténue camada verde. Ainda assim pode sentir-se a aridez e nudez que o sol irá em breve ressequir. Sentámo-nos e olhámos para baixo, para o Mosteiro de S. Jorge, agarrado às paredes dum vale escarpado. Tal como em Skellig Michael e noutras remotas localidades monásticas, questionamo-nos porque é que a busca por Deus no coração do “eu” e na Criação tantas vezes chama algumas pessoas para tão estranhos e até perigosos extremos.
Uma coisa é certa, a busca por Deus não é coisa para turistas. Ela transforma-nos em peregrinos. É uma peregrinação interior que no final “exige nada menos do que tudo”. Este não é assim um tão mau negócio já que recebemos tudo – a que se chama o Reino. Podemos ir ao nosso passo natural – até mesmo fazer uma pausa – sem sermos castigados por isso. Mas mesmo assim, exige de nós que finalmente vejamos todos os aspectos da nossa vida como ininterruptas revelações do sagrado, quer seja através de uma alegria que dissolve o nosso ser no Universo, quer seja através do sofrimento que encaminha um parafuso de ferro através da alma. A vida de Jesus retraçada na Terra Santa conduz o peregrino desde as verdes colinas da Galileia aonde, entre o cantar dos passarinhos e os lírios do campo, Ele transmitiu a Sua versão da sabedoria universal, o Sermão da Montanha, até ao suar sangue em Getsémani, violentado, torturado e executado no Gólgota.
Os clientes de pacotes turísticos que desfrutam de resorts idílicos podem também atravessar noites escuras da alma, mas esta não é a forma como os operadores turísticos lhes fazem chegar a publicidade – “umas maravilhosas férias na praia, onde irá tocar as alturas e profundezas da experiência humana”. Não estou a dizer que o sofrimento seja desejável, mas é inevitável e tem sempre significado. Os hóspedes dum hotel reclamam quando não obtêm tudo o que querem. Mas a vida consiste menos em reclamação e mais em interpretação.
Para ver o significado do espectro todo da experiência, necessitamos de juntar as extremidades para que a unidade possa ser sentida. Então vemos e sentimos a harmonia entre a nossa própria natureza – o pessoal e interior sentido do “eu” – e a natureza externa, o mundo tal como ele é.
Exceptuando que, aprender como esperar em dor sem fantasia no deserto, e como dançar no barco no silencioso Mar da Galileia, é mais do que harmonia. É ser um. “Quando fizeres de dois um e o interior como o exterior […] então, entrarás no Reino”, diz o Evangelho de Tomé (22).
Quando aquilo por que estamos a passar interiormente não é integrado com as pessoas e a natureza à nossa volta, temos uma emergência ecológica. Quando são um, nós somos paz e beleza, o sinal da presença da Deus, banha tudo em si mesmo.
O Deserto da Judeia que Jesus conheceu e onde João Baptista baptizava, não fica longe da sempre-ancestral moderna cidade de Jerusalém. Está localizado num planalto 800 metros acima do nível do mar, entre o Mar Morto e o Mar Mediterrâneo, dois corpos de água tão afastados em natureza e personalidade quanto seria possível imaginar. Israel é um pequeno território, de grandes extremos e polaridades, incluindo a sua geografia.
Convencemos o nosso guia e motorista a levar-nos ao deserto, o que queria dizer a um alto e tranquilo local de onde observámos por sobre as colinas que, por ter sido um Inverno húmido, havia uma inabitual ténue camada verde. Ainda assim pode sentir-se a aridez e nudez que o sol irá em breve ressequir. Sentámo-nos e olhámos para baixo, para o Mosteiro de S. Jorge, agarrado às paredes dum vale escarpado. Tal como em Skellig Michael e noutras remotas localidades monásticas, questionamo-nos porque é que a busca por Deus no coração do “eu” e na Criação tantas vezes chama algumas pessoas para tão estranhos e até perigosos extremos.
Uma coisa é certa, a busca por Deus não é coisa para turistas. Ela transforma-nos em peregrinos. É uma peregrinação interior que no final “exige nada menos do que tudo”. Este não é assim um tão mau negócio já que recebemos tudo – a que se chama o Reino. Podemos ir ao nosso passo natural – até mesmo fazer uma pausa – sem sermos castigados por isso. Mas mesmo assim, exige de nós que finalmente vejamos todos os aspectos da nossa vida como ininterruptas revelações do sagrado, quer seja através de uma alegria que dissolve o nosso ser no Universo, quer seja através do sofrimento que encaminha um parafuso de ferro através da alma. A vida de Jesus retraçada na Terra Santa conduz o peregrino desde as verdes colinas da Galileia aonde, entre o cantar dos passarinhos e os lírios do campo, Ele transmitiu a Sua versão da sabedoria universal, o Sermão da Montanha, até ao suar sangue em Getsémani, violentado, torturado e executado no Gólgota.
Os clientes de pacotes turísticos que desfrutam de resorts idílicos podem também atravessar noites escuras da alma, mas esta não é a forma como os operadores turísticos lhes fazem chegar a publicidade – “umas maravilhosas férias na praia, onde irá tocar as alturas e profundezas da experiência humana”. Não estou a dizer que o sofrimento seja desejável, mas é inevitável e tem sempre significado. Os hóspedes dum hotel reclamam quando não obtêm tudo o que querem. Mas a vida consiste menos em reclamação e mais em interpretação.
Para ver o significado do espectro todo da experiência, necessitamos de juntar as extremidades para que a unidade possa ser sentida. Então vemos e sentimos a harmonia entre a nossa própria natureza – o pessoal e interior sentido do “eu” – e a natureza externa, o mundo tal como ele é.
Exceptuando que, aprender como esperar em dor sem fantasia no deserto, e como dançar no barco no silencioso Mar da Galileia, é mais do que harmonia. É ser um. “Quando fizeres de dois um e o interior como o exterior […] então, entrarás no Reino”, diz o Evangelho de Tomé (22).
Quando aquilo por que estamos a passar interiormente não é integrado com as pessoas e a natureza à nossa volta, temos uma emergência ecológica. Quando são um, nós somos paz e beleza, o sinal da presença da Deus, banha tudo em si mesmo.