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Reflexões para a Quaresma 2021


​LAURENCE FREEMAN OSB 

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Terça-feira da Semana Santa​ - Quaresma 2021

30/3/2021

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Quaresma 2021 - Terça-feira da Semana Santa
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(Evangelho: Jo 13:21-33, 36-38. Seguir-Me-eis mais tarde)

 
Antigamente, eu costumava tirar alguns dias para ir de carro até Monte Oliveto, a minha casa-mãe monástica, na Toscânia. Era uma viagem solitária, pelas boas estradas francesas. Quando chegávamos à fronteira italiana, porém, começava uma infindável série de túneis longos e curtos, demasiado estreitos para o tráfego moderno e cheios de condutores loucos.

Os túneis não eram tão belos com o resto do caminho. Engoliam-nos na escuridão e depois expeliam-nos para a encandeante luminosidade do sol mediterrânico. Não havia qualquer previsibilidade: alguns duravam quilómetros, outros algumas centenas de metros. Lembrei-me disto quando ontem estava a escrever sobre o desagradável Ano da Covid com que ainda estamos a lutar.

Falamos dele como “a crise”, esquecendo as outras crises com que não conseguíamos lidar antes da Covid e que ainda estão à espera: as alterações climáticas, a democracia, a globalização, a crise de sentido que está na base dos vícios e aos sistemáticos abusos de todos os tipos.

“Oh, não”, podem pensar, “não será isso tudo. Porque é que, em vez disso, não diz alguma coisa agradável sobre a Páscoa?” Concordo e vou tentar. Mas as boas notícias da Páscoa não irão penetrar em nós se não compreendermos aquilo por que estamos a passar nos túneis da nossa mente. A Ressurreição vem só depois da morte, não como um sedativo para a dor de morrer. 

Seria uma absurda subestimação dizer que a Crucifixão foi uma crise na vida de Jesus. A morte não é apenas uma crise. É um fim. Seja qual for a fé e a esperança que possamos ter, um fim tem todos os sinais de finalidade. Perguntem a qualquer pessoa, até mesmo um crente, que tenha perdido um ser querido. É uma experiência inenarrável e indescritível: aquilo a que Hamlet chamava o “país oculto de cujas fronteiras nenhum viajante regressa”. Como é que podemos falar com verdade de algum lugar que ainda não visitámos?

A crise pode fazer-nos ficar deprimidos. Mas a morte é mais do que isso. Pode parecer estranho, mas é mais fácil encontrar a verdadeira esperança na experiência da morte do que a lidar com a crise. Isto é assim porque, na morte, todas as imagens daquilo por que esperamos perecem também no seu escuro túnel. A esperança nasce apenas da morte das esperanças. Por isso, mal reconhecemos a real esperança quando ela chega, tal como os discípulos não reconheceram o Jesus ressuscitado quando Ele regressou para se mostrar a uma nova luz. Compreensivelmente, eles tinham desistido. Estavam ou a fugir ou a regressar às suas redes de pesca. A esperança só aparece depois de esgotadas as falsas esperanças e quando todas as tentativas de negar a realidade fracassaram. A esperança real faz parte da ressurreição, a luz depois da escuridão, a vida depois da morte.

O termo místico para isto é “a noite escura”. Como nos túneis da auto-estrada, a noite escura é impenetrável. Não conseguimos ver para além do fim; e a infindável entrada e saída dos túneis desgasta a nossa fé e até aquilo que pensámos que era a nossa capacidade para a esperança.

“Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” Este é o ponto de não retorno; mas é também o ponto de retorno.

 
Laurence



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Segunda-feira da Semana Santa - Quaresma 2021

29/3/2021

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Quaresma 2021 - Segunda-feira da Semana Santa

(Evangelho Jo 12:1-11. Maria ungiu os pés de Jesus, secando-os com os seus cabelos)
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Às vezes, não sou muito bom observador. Só ontem é que apreciei plenamente uma coisa que ando a fazer há longo tempo, subindo um estreito carreiro desde a Abadia até ao Celeiro, aqui em Bonnevaux. O carreiro foi-se formando gradualmente, impercetivelmente, ao longo de muito tempo, atravessando todas as condições climáticas, sob a pressão de muitos pares de pés em fila indiana, várias vezes ao dia.

Estava a pensar como descrever o que significa “tradição” numa reunião para jovens, a primeira de uma série mensal. É claro que poderia dizer que “tradição” significa “fazer a ponte + dar”, a entrega em mãos, de uma intuição de sabedoria ou de um simples padrão de comportamento. Mas isso parecia-me um pouco frio porque não descreve o sentimento de descobrir que já pertencemos (em Inglês, belong) a uma tradição: nós “existimos” (be) nesta transmissão contínua e tocamos o nosso profundo “anseio” (long) nela. A ideia de que meramente escolhemos a nossa tradição a partir daquilo que há disponível como oferta, é muito menos interessante e profunda. É um enorme alívio saber que já pertencemos (“existimos-ansiamos”).

Ver o pequeno carreiro que sobe a colina, rasgado entre a erva, que todos fizemos, mês após mês, inconsciente e fielmente, foi também um alívio. Espero que nunca formalizemos este carreirinho e o pavimentemos com gravilha, embora ele possa ficar escorregadio com tempo húmido e, muitas vezes, trazemos bocados de terra para dentro de casa. Assim evolui a tradição.

Enquanto falava com os jovens na nossa reunião intercontinental, pareceu-me que a pertença era uma necessidade essencial neste nosso tempo fragmentado; dar por nós em carreiros que herdamos, mas que também ajudamos a manter e a dar forma. Um deles é o caminho comum da prática espiritual, do profundo autodesenvolvimento. Outro é o caminho da compreensão e do envolvimento com as culturas uns dos outros. Outro ainda é a proteção da nossa casa comum e termos o dever de cuidar, expressando-o compassivamente, àqueles que a Bíblia designa como “anawim”, os pobres, oprimidos e marginalizados. Porém, também se refere, à pobreza em espírito que abraçamos na meditação. Os mais importantes termos no pensamento religioso, cada um deles, tem dois lados. Pensemos em “jihad”, que pode ser sequestrado para se referir apenas ao conflito externo, mas cujo significado mais profundo é interior, o sentido de autodomínio. 

Se um carreiro é criado por se caminhar sobre ele continuamente, ele tem dois lados formados por pares de pés que se movem num caminhar fácil e natural. Uma tradição também é formada por meio do equilíbrio entre os significados exterior e interior. Então, o carreirinho estreito transforma-se numa grande tradição. Torna-se nosso quando vemos que lhe pertencemos e ajudamos a fazê-lo.

Então, aquilo que descobrimos passando diariamente para cima e para baixo no carreiro nunca deixa de nos deleitar e enriquecer. A cantata de Bach que oiço, quando tenho tempo, de manhã. Ou a história do evangelho de hoje. O amor de Maria por Jesus é silenciosamente derramado quando ela Lhe unge os pés, com um perfume precioso. O nardo alivia o stress e a ansiedade. Enquanto ela aplica o unguento nos seus pés, as suas lágrimas escorrem e ela seca-as com os cabelos. É a mais íntima descrição física de Jesus que viajou ao longo da tradição, assim como o Caminho em que Ele se tornou e pelo qual ainda caminhamos.

“E a casa encheu-se com a fragância do perfume” (Jo 12:3). Não apenas a casa, mas o tempo.
 

Laurence
 




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Domingo de Ramos - Quaresma 2021

28/3/2021

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Quaresma 2021 - Domingo de Ramos

(Evangelho Mc 11:1-11. Outros espalharam ramos de verdura que tinham cortado nos campos.)
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E ao aproximarem-se de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus envia dois dos Seus discípulos e diz-lhes: “Ide à aldeia que está à vossa frente, logo que lá entrardes, encontrareis preso um pequeno jumento, no qual ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o.

Vamos começar o retiro da Páscoa online na quinta-feira, quando duas correntes do tempo, a mundana e a sagrada, fluem poderosamente juntas. É como o Encontro das Águas na Amazónia, onde o Rio Negro e o Amazonas correm juntos, lado a lado, no mesmo canal ao longo de várias milhas antes de se misturarem. Mas a mudança começa hoje, Domingo de Ramos, o início da Semana Santa. Com a entrada de Jesus em Jerusalém, sentado num jumento, aclamado pelas multidões, começamos a ser levados pela rápida corrente dos mistérios da Páscoa. Cada um dos quatro evangelhos comungam da importância simbólica desta entrada triunfal, que precedeu a rejeição e a derrota.

Podemos ouvir a tradição oral da história na versão escrita. Existem detalhes que não entendemos; sentimo-nos excluídos. Estamos a ouvir uma conversa entre pessoas que partilham detalhes e um sentido do significado simbólico que a nós nos parece alheio. Na realidade, é bom sentirmo-nos desconfortáveis porque estamos a entrar num país novo. Uma vez, aterrei no aeroporto de Deli, na Índia, e vi um grupo de turistas americanos traumatizados pelo choque total do ambiente físico e cultural. Quando já estávamos fora do terminal, reparei numa mulher que estava a afastar-se. Enquanto esperavam o retorno do guia turístico e a chegada do autocarro, ela foi cercada por vendedores intrusivos e mendigos aleijados, de mãos estendidas a querer agarrá-la. Passado pouco tempo ela colapsou totalmente, foi a correr de volta para o aeroporto e disse que ia voltar para casa. O seu momento de encontro com a Mãe India ainda não tinha chegado.

A Semana Santa é a nossa chegada numa tradição. A estranheza que sentimos é em si mesma, parte do processo transformador dos Mistérios da Páscoa. Estamos a conectar-nos com uma história, uma família, uma transmissão, às quais podemos sentir-nos alheios, estrangeiros. Mas suspendam o ceticismo racional e o choque cultural, por um tempo. Aguardem o regresso do guia turístico, deixem uma imaginação e intuição mais profundas fluir lado a lado com a consciência habitual e o sentido de alienação muda para um sentido de descoberta, uma nova dimensão de casa.
be” mais “longing” (ser mais ansiar). A Páscoa, dolorosa e alegremente, expõe o nosso mais forte e mais autodefenidor anseio. E convoca-nos para a experiência de ser, numa estranha e no entanto íntima plenitude.

O que há de importante no facto de Jesus dar instruções logísticas sobre os seus meios de transporte? Para a primeira geração, isso simbolizava o Rei da tradição bíblica a entrar na sua própria cidade, a chegar a casa de um modo apenas permitido ao rei. “Não tenhas medo, filha de Sião. Olha, o teu rei está a chegar sentado num jumento” (Jo 12:15).

E muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura cortados dos campos. E os que iam à frente e os que os seguiam atrás gritavam: “Hosana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor! Bendito é o reino do nosso pai David que está a chegar!”

Somos mais do que bisbilhoteiros. Sabemos mais do que eles sabiam. Ele não era um salvador nacionalista prometendo a expulsão da potência ocupante. Ele estava a mostrar à Humanidade em geral que todos ansiamos pela mesma coisa. Realizamo-nos todos pela pura experiência de ser. Todos pertencemos. Somos um.


Laurence


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Sábado da Quinta Semana - Quaresma 2021

27/3/2021

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Quaresma 2021 - Sábado da Quinta Semana
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(Evangelho Jo 11:45-56. “Para congregar na unidade todos os filhos de Deus, que andavam dispersos…)

 
Amamos heróis e estamos constantemente a inventar novos heróis. No ecrã, na política ou nas nossas vidas pessoais, idealizamos as vítimas infelizes dos nossos anseios heroicos. Nós não acreditamos que somos heróis: conhecemo-nos bem demais, mas para entender a vida, deveríamos tentar ver o mito heroico que está representado na experiência de cada um. A Quaresma pode não nos ter feito sentir uns super-heróis espirituais, esperemos, mas para compreender a história da Páscoa onde vamos re-entrar em breve, precisamos de compreender esse arquétipo. O crucificado Jesus apresenta-se como uma escolha estranha como herói, a não ser como uma espécie de anti-herói conspícuo pelo seu fracasso. Mas seguramente não um Super-homem.

O meu herói favorito é Gilgamesh (2000 AC), Rei de Uruk na Mesopotâmia. Encontramo-lo na obra mais antiga da literatura. Como nós, ele é dois terços deus e um terço humano. Porque ele é um governante opressor, os deuses enviam um homem selvagem, Enkidu, para o corrigir. Eles lutam entre si. Gilgamesh vence, mas eles formam uma amizade perfeita. Partem em demandas heroicas e, ao fazê-lo, enfurecem os deuses que tiram a vida a Enkidu. Gilgamesh parte numa viagem solitária e perigosa em busca do segredo da vida eterna. Ele fracassa, mas é-lhe ensinada a sabedoria da mortalidade: “A vida, que procuras, jamais a encontrarás. Pois quando os deuses criaram o homem, eles permitiram que a morte fosse parte da experiência, e a vida fosse retida nas suas próprias mãos.” Ele retorna a casa, mais sábio, mais humilde e um melhor governante.

Três elementos essenciais de significado heroico são refletidos nesta história de Gilgamesh: separação, iniciação e retorno. Os nossos heróis Super-homens distraem-nos do significado heroico que enobrece até a vida mais banal. Eles expressam uma enorme inflação do ego, a fantasia do poder e do domínio. Eles não são mestres nem reveladores da nossa verdade, mas fantasias requintadas a exigir adoração. Assim como os deuses antigos, que estão continuamente a assumir novas formas nas culturas humanas, eles dominam-nos e exploram-nos, mas são co-dependentes das ofertas que levamos. Sem a nossa adoração e sacrifícios, eles desvanecem como as velhas estrelas de cinema.

Gilgamesh ajuda-nos a entender a história da Páscoa, se virmos que Jesus não é um super-herói nem um deus, mas revela o que significa a vida humana mais completamente do que qualquer mito ou obra de ficção. No entanto, assim como cada ser humano ao descobrir quem é, de onde veio e para onde vai, ele separa-se progressivamente. Em última instância, Ele separa-se de tudo o resto. Com cada grau de separação que enfrentamos, também passamos por uma iniciação. A morte é a suprema iniciação. Recuperamos – retornamos – após cada ciclo. O retorno último que transcende o processo cíclico é a Ressurreição.

Jesus não requer adoração de herói porque ele heroicamente ilumina a nossa autocompreensão.


Laurence




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Sexta-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

26/3/2021

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Quaresma 2021 - Sexta-feira da Quinta Semana

(Evangelho Jo 10:31-42. Procuraram então de novo prendê-lo, mas ele saiu-lhes das mãos.)
 
Estamos a aproximar-nos do fim da Quaresma e do início da Semana Santa. É uma boa altura, se para tal estivermos inclinados, para rever e avaliar o que é que nos ensinaram as últimas seis semanas. Mudou alguma coisa? Vemos alguma coisa de forma diferente? Sentimo-nos mais livres ou menos? Que padrões permanecem intratáveis? Onde ficaram mais soltos?

Qualquer ponto de uma reflexão séria sobre o significado da experiência é como o deus Jano. Para os Romanos ele era o deus das portas e passagens, dos fins e dos começos. Cada porta é uma via de entrada, uma via de saída e uma passagem. Cada janela pode permitir a vista para dentro e para fora e através dela.

Refletir sobre o significado é um meio de passar o tempo mas não deveria tomar todo o nosso tempo, caso contrário ficaríamos sem tempo para viver. Viver plenamente significa retirar a atenção de nós mesmos. Em vez de nos mantermos no centro de todas as cenas expressando grandes solilóquios, permitirmos a nós mesmos sermos um participante menor ou até sairmos de cena. O significado então surge como uma experiência de íntima conexão com dimensões da realidade além daquela que nos obceca, nomeadamente nós mesmos. Como resultado, tornamo-nos mais claramente conscientes de nós próprios por ativarmos a nossa visão periférica a qual inclui a maior parte do nosso campo visual. Vemos em mais direções. Retirar a atenção de nós mesmos como um ponto fixo de auto-observação permite-nos ver e saber melhor.

No decorrer destes dias, no Evangelho, Jesus é descrito como estando a aproximar-se de Jerusalém, o princípio da Sua Paixão e o fim da Sua vida. Ele está perfeitamente ciente do que está vindo na Sua direção, à medida que se aproxima. Em muitas tradições, o iluminado, aquele que alcança todo o campo de visão, sabe da aproximação da sua morte.

Ao pensar nisto, lembrei-me da frase “eventos vindouros lançam as suas sombras diante deles”. Curioso quanto à sua origem, fui conduzido para um quadro com esse título, de um artista canadiano do séc. XIX (Charles Caleb Ward) das províncias do Leste rural. Trata-se de uma cena simples, mas comovedora, de uma família pobre a olhar para um cartaz que anunciava a chegada iminente do Circo Barnum. Retrata coisas curiosas e bizarras, como múmias egípcias e cavalos com chifres, nada comuns em New Brunswick. Coisas excitantes, fora do normal, que criam fortes expectativas. Visíveis aos nossos olhos estão restos de cartazes antigos rasgados que prometem futuros passados. Por detrás dos pais e de dois dos seus filhos, está uma terceira criança, um rapaz absorto, não no cartaz e nas coisas por vir, mas numa boneca que ele tem nas mãos. A sua imaginação está agora despertando dentro dele. Para os outros, ela é externalizada e projetada no futuro.

A única outra figura que resta é um cão deitado no chão ao lado do rapaz, que olha para nós como o deus.

Laurence


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Quinta-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

25/3/2021

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Quaresma 2021 - Quinta-feira da Quinta Semana

(Evangelho Lc 1:26-38. E ela interrogava-se que forma de saudação seria aquela)

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Há uma loja na Flórida por onde passei num dia de verão, que viu uma boa oportunidade em tirar partido do fator “boa onda” da época natalícia. Chamou-lhe “Natal Todos os Dias”. Não sei se foi bem-sucedida, mas parecia ser uma brilhante ideia de venda ao público. Suspeito que possa ter acontecido como em todos os Natais, já que o desejo das pessoas se apegarem à nostalgia e ao clima otimista do peru e ao papel de embrulho se desvaneceu e elas realizaram que, se o Natal é todos os dias, então não há Natal.

A Encarnação, no entanto, é um acontecimento diário. Hoje é a festa da Anunciação, quando Maria é visitada pelo anjo que lhe deu a oportunidade de afirmar um vasto e incondicional Sim em representação de todos nós. Daqui a noves meses, como consequência, estaremos a dizer Feliz Natal. Entretanto haverá mudanças de estações, mais confinamentos, mais teorias da conspiração, mais nacionalismos de vacinação e muitos mais nascimentos e mortes. Mas, no meio de todos os eventos a serem constantemente paridos pelo útero do tempo, como lhe chamava Shakespeare, um bebé estará crescendo em Maria, a universal Mãe.

Como a semente plantada no chão que Jesus comparou ao Reino dos Céus, o bebé cresce, “como, não sabemos”, enquanto nos levantamos de manhã e nos deitamos à noite. É como o nosso “progresso” na meditação. As mudanças que podemos observar e descrever são pequenas em comparação com o que está a acontecer à medida que somos levados pelo rio do tempo para dentro de um universo em expansão cujos limites não podemos ver.

Contudo, precisamos de ser lembrados de que essa vida nova está sendo constantemente formada, porque é muito fácil ficarmos distraídos e desanimados por acontecimentos que obscurecem o propósito essencial das coisas. Apegarmo-nos a boas mas efémeras experiências, como propõe a ideia de “Natal Todos os Dias”, é um investimento de retorno mínimo. Mergulhar cada dia no que está tomando forma, com um incondicional Sim de plena aceitação, é assumir o risco de estar vivo, de morrer e de lavrar com as nossas mortes o solo do renascimento. Então a semente cresce e o rio corre até que, o desabrochar da juventude, o fruto da meia-idade e a colheita dos últimos dias, todos eles, se cumpram.
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Tendo vindo a falar sobre o mantra há já alguns anos, estou ciente de que muitas pessoas reagem primeiro à meditação com o ceticismo que o “Natal é Todos os Dias” desperta. Não há como discutir com elas ou com as próprias dúvidas, porque a experiência é a professora. Não há provas salvo a experiência. Mas também não há experiência sem um Sim.

Laurence



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Quarta-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

24/3/2021

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Quaresma 2021 - Quarta-feira da Quinta Semana

(Evangelho Jo 8:31-42. Eu vim de Deus e vou para Deus. Pois não vim por mim mesmo, mas foi Ele que me enviou.)
 
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John Main disse uma vez que o propósito de uma educação cristã é preparar as pessoas para a experiência da traição.

A traição cobre uma grande faixa do sofrimento humano. Ser traído. Trair os outros, intencionalmente ou geralmente sem intenção. Traídos pelas nossas falsas esperanças e expectativas. Ficando aquém, mesmo com a melhor das intenções. No final, traídos pelo nosso corpo. Cristo é um mestre cuja vida, ou aquilo que dela sabemos, foi atravessada por experiências de ser incompreendido e mal representado até por aqueles que lhe eram mais próximos. Haveria uma Páscoa sem Judas?

E, pobre Jesus, isso continua. Testemunhei, não há muito tempo, uma conversa entre um grupo que tinha acabado de ouvir uma palestra de John Main sobre meditação. A certa altura ele tinha dito: “O que é real? O que é a verdade? Deus é real e a realidade de Deus é a verdade revelada em Jesus”. Depois da palestra houve um tempo de meditação e após o sino de encerramento, uma pausa. O primeiro comentário foi sobre essas palavras. A pessoa em questão tinha estado em sintonia com tudo até esse ponto. Disse que estava confuso e não percebia porquê. Não era que não sentisse, intuísse ou mesmo acreditasse que Jesus fosse real – embora então tenha recuado, desconfiando de si próprio. Ele não sabia o que isso significava ou o que significava acreditar em qualquer coisa.

Posso estar enganado, mas pensei que o motivo dessa pessoa se fechar, resistindo àquelas palavras, foi por causa da confiança, da claridade com que John Main empregou o nome de Jesus. Terá soado excessivamente como um cristão a falar sobre Jesus? Ainda que Jesus possa não ser suspeito para as pessoas hoje, os cristãos são. A conversa logo se desviou para um território abstrato. O que é a verdade? Apenas relativa e subjetiva ou, como disse John Main, “absolutamente confiável”? Todos poderiam concordar, mais ou menos, que a verdade é aquilo que “eu” pessoalmente percebo e sinto. Portanto, embora seja aceitável dizer que, “para mim”, a verdade sobre Deus é revelada em Jesus, é ofensivo omitir o tom subjetivo da expressão apologética “para mim, pessoalmente”. Isto levou a uma discussão sobre a dor corrosiva da auto-dúvida contínua. Foi então que pensei ter vislumbrado a grande traição do nosso tempo, profundamente presente no modo como fomos educados. Não educados para saber lidar com a traição, mas educados para uma traição sobre o que significa a verdade.

A ideia de que a verdade é “subjetiva” produz uma terrível solidão. A ideia de que é “objetiva” conduz a uma outra espécie de solidão em que não podemos tolerar outro ponto de vista. Ao desenvolver-se, depois de se ter divorciado a si própria do misticismo, a teologia levou a uma grande traição a Jesus, a quem só podemos “conhecer” em nós e entre nós. Não objetivamente ou subjetivamente, mas não-dualmente. Na tradição mística cristã John Main sabia isto. Assim como Mestre Eckhart, quando disse que a verdade real de Jesus não está no que Ele fez ou disse, mas em quem Ele é.

Toda a traição é um trágico erro. Como é que o Cristianismo chegou ao ponto de trair o seu mestre? E o que acontece quando aquele que traímos não se vai embora mas permanece quem é?


Laurence

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Terça-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

24/3/2021

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Quaresma 2021 - Terça-feira da Quinta Semana
(Evangelho Jo 8:21-30. Conforme o Pai me ensinou é que falo.)
 
Antes do grande confinamento, muitas pessoas estavam estressadas pelo trabalho, as viagens, as reuniões e a correria da vida moderna. A sua energia pessoal era despendida apenas sobrevivendo nas grandes cidades que construímos para nosso prazer mas que, para muitos se tornaram uma prisão. Desde o confinamento e as novas vagas do vírus, para muita gente, o estresse surgiu de muitos lados: solidão, preocupações financeiras, exigências dos cuidados infantis, falta de contato físico. O estresse resulta de uma excessiva tensão, que por vezes conduz a uma crise de nervos ou a um colapso. Debaixo dessa pressão estressante, nós naturalmente procuramos relaxar a tensão. Alguns poderão tentar a meditação e uma vida mais saudável; mas outros brincam com álcool, drogas, comer em demasia ou outras vias.

O relaxamento é natural e necessário tanto para a saúde física como para o equilíbrio mental. O problema começa quando os próprios meios de relaxamento se tornam artificiais e excessivos. Precisamos de estar relaxados quando meditamos, assim como meditamos para relaxar. Não há realização de si mesmo (Self) se nos esforçarmos demais na procura ou se a nossa expectativa em relação aos resultados ultrapassar o especificamente necessário para o fim em vista.

Se relaxarmos natural e saudavelmente – e abordarmos a meditação do mesmo modo que cuidamos dos nossos estados físico e emocional – encontraremos o grau certo de tensão. A tensão não é a inimiga, mas sim a amiga. A vida sem tensão é inviável: ou colapsa ou acaba. Até andar naturalmente pelo quarto ou bater nas teclas do teclado implica tensão no grau certo.

Tensão a mais ou a menos é um problema com consequências terríveis. Como saberemos então se estamos a ir na direção certa? Porque nós e outros a quem servimos saberemos que estamos a prestar atenção mais plenamente, na medida em que nos damos às pessoas e às tarefas. O grau perfeito de tensão é a pura atenção.

A atenção precisa de ser dirigida e depois, suave e firmemente mantida. Independentemente daquilo a que estamos a dar a nossa atenção (e a nós próprios), ela torna-se então, o embevecido olhar do amor ou da contemplação. Pura atenção a um outro é atenção a o Outro, a Deus que é o fundamento do ser em todas as coisas, boas e más. Ao prestarmos atenção a algo de bom, isso poderá ser sentido como deleite ou sermos energizados. No caso de algo indesejável ou hostil é sentido como perdão ou compaixão.

Porque se presta atenção a Deus em todas as coisas e porque atenção é amor, quando nós verdadeiramente prestamos atenção (ainda que imperfeitamente) sentimos reciprocidade. O grau perfeito de tensão é pura atenção ao outro que está em troca contínua com a atenção que recebemos de Deus. À medida que a nossa atenção muda de nós próprios movendo-se para um outro, a troca entre os “eus” vai ainda mais fundo, da reciprocidade e mutualidade à unidade. Quando fica bloqueada em nós mesmos, sentimo-nos isolados e não-amados. A troca de amor correspondido e correspondendo é criação. É nascimento e morte – e a ressurreição que transcende ambos. É quietude e é a dança de Ser-em-Amor, a que chamamos, por conveniência, “Deus”.
 
Laurence 



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Segunda-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

22/3/2021

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Quaresma 2021 - Segunda-feira da Quinta Semana
(Evangelho Jo 8: 1-11. Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o seu dedo.)
 
Jesus, Buda e Sócrates influenciaram mais a família humana do que qualquer outro professor individual, no entanto, nenhum deles deixou os seus próprios escritos. Eles caminharam, comeram com pessoas, falaram e conversaram. A sua transmissão direta era oral; foram os seus privilegiados primeiros ouvintes que confundiram, relembraram, repetiram e finalmente escreveram o que eles disseram.

Numa era de contínuas mensagens escritas, emails, tweets, relatórios e sumários, de legislação excessiva (desde “legere”, a para ler) e de documentos oficiais, é difícil imaginar como é que a palavra falada podia ser tão transformadora através dos tempos e do espaço. A nossa compulsão para escrever o efémero, em não confiar na palavra falada e em controlar o futuro pelo que escrevemos, é esgotante. No final, provoca a erosão da simples confiança e intuição, convocando assim o espectro da anarquia. Dizem-me que se uma pessoa disser num tribunal que confiou na palavra do seu opositor ao fazer um acordo com ele, perderá o caso por falta da devida diligência. Ela é a culpada porque confiou. Ao voltar para França recentemente, fui armado com oito documentos oficiais assinados, nenhum dos quais foi pedido quando passei pela imigração. Não me parece que isso tenha sido por eu ter ares de ser uma pessoa confiável, mas sim porque o funcionário não esteve para maçadas. Ele já tinha visto e conferido papeis suficientes nesse dia. A falta de confiança leva a não ser cuidadoso.

A confiança é mais profundamente dada a alguém que se está a escutar do que pela leitura das suas palavras escritas. Um orador inconscientemente emprega mais meios de transmitir confiabilidade do que um escritor, como o tom de voz, a linguagem corporal e o contacto visual. Muitos profetas e professores não tinham reputação de eloquência, por isso, mesmo ser um “fraco orador” não é uma barreira para despertar essa confiança. Oradores motivacionais profissionais por outro lado, podem ser tão enjoativamente persuasivos que você instintivamente não confia eles.

É claro que escrever também pode criar um vínculo íntimo de confiança e, ao longo do tempo, com um muito maior número de leitores. O falar também pode ser enganador. Mas quando o coração é puro, um orador transmite mais, diretamente e profundamente. Quando a mensagem não é sobre marketing ou política, mas sobre as mais profundas verdades espirituais, um evento único ocorre. Uma dimensão de comunhão é desencadeada que não termina quando o orador acaba ou morre. A palavra falada encontrou um lugar no coração e na mente dos primeiros ouvintes. Ela continua a os in-formar do mesmo modo que uma semente cresce até ao ponto em que, quando eles falam do que ouviram e eventualmente o escrevem, algo da transmissão original é comunicado nas palavras escritas.

Essa presença em primeira mão é o significado das expressões “Palavra de Deus” ou “Sagrada Escritura”. Também está parcialmente refletida na literatura mais grandiosa. A essência da comunicação original também não é “perdida na tradução” porque o significado não é literal. É o fruto que vai sempre amadurecendo. Cresce, não através de uma leitura literal, mas através da interpretação pessoal e da partilha com outras pessoas. De algum modo reflete a experiência do leitor-ouvinte e cria a ressonância da compreensão que é nova a cada momento. Sente-se como “Eu próprio escrevi isto” ou “como é que ele sabia que era isso que eu sentia?”

A Palavra não foi originalmente dita para informar, instruir ou especular, mas sim para iniciar.
 
 
Laurence
 


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Quinto Domingo da Quaresma - Quaresma 2021

21/3/2021

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Quaresma 2021 - Quinto Domingo da Quaresma

(Evangelho: de Jo 12:20-30)
Agora chegou a hora do Filho do Homem ser glorificado.

O tempo passa. Uma longa viagem de carro como a que fiz ontem de regresso a Bonnevaux, todos os ciclos diurnos de manhã até á noite, um curso educativo, um casamento e a parentalidade, todo um ciclo de vida. No final de cada período de tempo, chegamos a um novo precipício. Cada fim é o mesmo fim, mais uma prova do sabor da morte. Não há retorno. Um futuro que só está presente para a fé. Jesus viu e entendeu o Seu que se aproximava – mais plenamente do que nós o fazemos.

Em verdade, em verdade vos digo, a menos que o grão de trigo caia na terra e morra, permanece apenas um grão; mas se morrer, produz uma rica colheita.

Esta parábola duma tão simples beleza reúne toda a verdade do que Jesus viu na Sua própria morte que se aproximava. Porque ela contém o significado todo do Ciclo Pascal, ela captura a mensagem e o poder do Evangelho inteiro. É a Boa Nova, o Evangelion. A simples palavra “se” evita que ela seja apenas uma afirmação. É também um aviso e um convite. Se nos recusarmos a morrer, não seremos ressuscitados. Se morrermos de boa vontade, não há dúvida de que iremos despertar num campo de vida que é a nova colheita.

Quem tem amor à sua vida perde-a; quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me servir, tem de Me seguir; onde quer que Eu esteja, também estará o Meu servo.

A certeza e clareza destas palavras são difíceis de aceitar. Elas dizem a dureza de se deixar morrer, os nossos apegos, sonhos, esperanças, todas as projeções negativas e imaginárias que construímos. No Fim, tudo tem de passar e, a certa altura, vemos que temos de, de boa vontade, deixá-lo ir. Podemos “enfurecer-nos contra a morte da luz” por um tempo mas finalmente, quando estivermos cansados disso, ficaremos convencidos de que a deposição voluntária, de que abrir mão da nossa vida é Esperança seria esperança pela coisa errada. Mesmo o amor seria amor pela coisa errada. Encarar o Fim de todas as coisas é o início do serviço Àquele que encarou o Seu Fim e, ao fazê-lo, criou um laço inquebrável entre nós e Ele.

Este laço torna-se mais real ao encararmos de boa vontade o nosso Fim. Mas quem serve a quem? O servo segue o seu senhor. Porém, Jesus segue-nos a nós para o Fim para não entramos neste sozinhos.
Se alguém Me servir, Meu Pai o honrará. A Minha alma está perturbada. Que hei-de dizer: Pai, poupai-Me a esta hora? Mas foi exatamente por esta razão que Eu vim até esta hora.

O ponto sem fuga possível é profundamente perturbador mas é também o momento de auto-aceitação, autoconhecimento e libertação de si mesmo, pelo abraçar do seu destino. Na impotência do Fim, somos “honrados” para lá de qualquer coisa que possa ser imaginada. Não uma recompensa ou prémio, mas a “honra” de nos conhecermos a nós mesmos verdadeiramente – e, finalmente, sempre – como amados.
 
Laurence


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