WCCM - MEDITAÇÃO CRISTÃ (Portugal)
  • MEDITAÇÃO CRISTÃ
    • Sobre Meditação >
      • Meditação e Oração
      • O MANTRA
    • Como meditar
    • Meditação com Crianças
  • A COMUNIDADE
    • O Grupo de Meditação Semanal >
      • A Importância do Grupo
    • GRUPOS DE MEDITAÇÃO >
      • Grupos On-line
    • Sobre a WCCM
  • JOHN MAIN
    • Aniversário de John Main 2019
    • Aniversário de John Main - 30 de dezembro de 2015
    • Os oceanos de Deus: Última Carta de John Main
    • O Coração da Criação
    • Sabedoria - John Main
  • LAURENCE FREEMAN
  • ATIVIDADES
    • Seminário John Main 2020
    • Fr. Laurence Freeman em Portugal 2017 >
      • Retiro com Fr. Laurence Freeman_20170310-13
      • Conf_Lisboa20170310_Fr. Laurence Freeman
      • SemFtMeditaçãoCrianças_Fatima20170312_Fr. LaurenceFreeman
      • SemCxMeditaçãoCrianças_Coimbra20170312_Fr. Laurence Freeman
      • Conf_Coimbra20170312_Fr. Laurence Freeman
      • Conf_Porto20170313_Fr. Laurence Freeman
    • Retiros 2016 >
      • “Contemplação" - com Ir. Vera de Jesus Graça, 29 Abril a 1 Maio - Mosteiro de Bande
      • Retiro "São Bento" - Roriz, 8-10/11 Julho 2016
      • “Vida no Evangelho e Evangelho na vida” - Frei Fernando Ventura - Fátima, 16-18 Setembro 2016
    • Retiros 2015 >
      • “Contemplação" - com Ir. Vera de Jesus Graça 23 a 25 Out 2015 - Mosteiro de Bande
      • Retiro "São Bento" - Roriz, 10-12 Julho 2015
      • “Vida no Evangelho e Evangelho na vida” - Frei Fernando Ventura - Fátima, 18-20 Setembro 2015
    • Ora et Labora
    • Eucaristia Contemplativa
    • Meditação Cristã e Artes Orientais
    • Fim-de-semana "Partilhar o Essencial" >
      • Fim-de-semana "Partilhar o Essencial"
    • Workshops com professores e educadores
    • Cursos, Apresentações, Workshops e >
      • A Nuvem do Não Saber
      • Curso Introdutório - 20161118-20 - Rio Maior
    • Peregrinações e Caminhadas >
      • Peregrinação a Fátima, 2019, 8-12 de Maio >
        • Peregrinação a Fátima, 2016, 8-12 de Maio
      • Caminhadas 2016 - Lisboa
    • Laudato Si' 2019 - Meditação pela Criação >
      • Laudato Si' 2015 - Meditação pela Criação
    • Diálogo Inter-Religioso >
      • Dia Internacional da Paz - Meditação Inter-Religiosa pela Paz
    • AGENDA Atividades
  • RECURSOS
    • Biblioteca Partilhada
    • QUARESMA 2022 - Reflexões >
      • QUARESMA 2021 - Reflexões
      • QUARESMA 2020 - Reflexões
      • QUARESMA 2019 - Reflexões
      • QUARESMA 2018 - Reflexões
      • QUARESMA 2017 - Reflexões
      • QUARESMA 2016 - Reflexões >
        • Retiro da Semana Santa 2016
      • QUARESMA 2015 - Reflexões >
        • Como aproveitar ao máximo
        • Evangelhos-Quaresma 2015
    • ADVENTO 2020 - Reflexões >
      • ADVENTO 2019 - Reflexões
      • ADVENTO 2018 - Reflexões
      • ADVENTO 2017 - Reflexões
      • ADVENTO 2016 - Reflexões
      • ADVENTO 2015 - Reflexões
    • LEITURAS SEMANAIS
    • LIVROS E MONOGRAFIAS
    • DVD's e CD's
    • JORNAL
    • DOCUMENTOS >
      • TESTEMUNHOS
  • CONTATOS
    • Receba in-formativos
  • DONATIVO

Reflexões para a Quaresma 2021


​LAURENCE FREEMAN OSB 

Receba os nosso In-formativos

Quinta-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

25/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Quinta-feira da Quinta Semana

(Evangelho Lc 1:26-38. E ela interrogava-se que forma de saudação seria aquela)

​
Há uma loja na Flórida por onde passei num dia de verão, que viu uma boa oportunidade em tirar partido do fator “boa onda” da época natalícia. Chamou-lhe “Natal Todos os Dias”. Não sei se foi bem-sucedida, mas parecia ser uma brilhante ideia de venda ao público. Suspeito que possa ter acontecido como em todos os Natais, já que o desejo das pessoas se apegarem à nostalgia e ao clima otimista do peru e ao papel de embrulho se desvaneceu e elas realizaram que, se o Natal é todos os dias, então não há Natal.

A Encarnação, no entanto, é um acontecimento diário. Hoje é a festa da Anunciação, quando Maria é visitada pelo anjo que lhe deu a oportunidade de afirmar um vasto e incondicional Sim em representação de todos nós. Daqui a noves meses, como consequência, estaremos a dizer Feliz Natal. Entretanto haverá mudanças de estações, mais confinamentos, mais teorias da conspiração, mais nacionalismos de vacinação e muitos mais nascimentos e mortes. Mas, no meio de todos os eventos a serem constantemente paridos pelo útero do tempo, como lhe chamava Shakespeare, um bebé estará crescendo em Maria, a universal Mãe.

Como a semente plantada no chão que Jesus comparou ao Reino dos Céus, o bebé cresce, “como, não sabemos”, enquanto nos levantamos de manhã e nos deitamos à noite. É como o nosso “progresso” na meditação. As mudanças que podemos observar e descrever são pequenas em comparação com o que está a acontecer à medida que somos levados pelo rio do tempo para dentro de um universo em expansão cujos limites não podemos ver.

Contudo, precisamos de ser lembrados de que essa vida nova está sendo constantemente formada, porque é muito fácil ficarmos distraídos e desanimados por acontecimentos que obscurecem o propósito essencial das coisas. Apegarmo-nos a boas mas efémeras experiências, como propõe a ideia de “Natal Todos os Dias”, é um investimento de retorno mínimo. Mergulhar cada dia no que está tomando forma, com um incondicional Sim de plena aceitação, é assumir o risco de estar vivo, de morrer e de lavrar com as nossas mortes o solo do renascimento. Então a semente cresce e o rio corre até que, o desabrochar da juventude, o fruto da meia-idade e a colheita dos últimos dias, todos eles, se cumpram.
​
Tendo vindo a falar sobre o mantra há já alguns anos, estou ciente de que muitas pessoas reagem primeiro à meditação com o ceticismo que o “Natal é Todos os Dias” desperta. Não há como discutir com elas ou com as próprias dúvidas, porque a experiência é a professora. Não há provas salvo a experiência. Mas também não há experiência sem um Sim.

Laurence



Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
​


0 Comentários

Quarta-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

24/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Quarta-feira da Quinta Semana

(Evangelho Jo 8:31-42. Eu vim de Deus e vou para Deus. Pois não vim por mim mesmo, mas foi Ele que me enviou.)
 
​
John Main disse uma vez que o propósito de uma educação cristã é preparar as pessoas para a experiência da traição.

A traição cobre uma grande faixa do sofrimento humano. Ser traído. Trair os outros, intencionalmente ou geralmente sem intenção. Traídos pelas nossas falsas esperanças e expectativas. Ficando aquém, mesmo com a melhor das intenções. No final, traídos pelo nosso corpo. Cristo é um mestre cuja vida, ou aquilo que dela sabemos, foi atravessada por experiências de ser incompreendido e mal representado até por aqueles que lhe eram mais próximos. Haveria uma Páscoa sem Judas?

E, pobre Jesus, isso continua. Testemunhei, não há muito tempo, uma conversa entre um grupo que tinha acabado de ouvir uma palestra de John Main sobre meditação. A certa altura ele tinha dito: “O que é real? O que é a verdade? Deus é real e a realidade de Deus é a verdade revelada em Jesus”. Depois da palestra houve um tempo de meditação e após o sino de encerramento, uma pausa. O primeiro comentário foi sobre essas palavras. A pessoa em questão tinha estado em sintonia com tudo até esse ponto. Disse que estava confuso e não percebia porquê. Não era que não sentisse, intuísse ou mesmo acreditasse que Jesus fosse real – embora então tenha recuado, desconfiando de si próprio. Ele não sabia o que isso significava ou o que significava acreditar em qualquer coisa.

Posso estar enganado, mas pensei que o motivo dessa pessoa se fechar, resistindo àquelas palavras, foi por causa da confiança, da claridade com que John Main empregou o nome de Jesus. Terá soado excessivamente como um cristão a falar sobre Jesus? Ainda que Jesus possa não ser suspeito para as pessoas hoje, os cristãos são. A conversa logo se desviou para um território abstrato. O que é a verdade? Apenas relativa e subjetiva ou, como disse John Main, “absolutamente confiável”? Todos poderiam concordar, mais ou menos, que a verdade é aquilo que “eu” pessoalmente percebo e sinto. Portanto, embora seja aceitável dizer que, “para mim”, a verdade sobre Deus é revelada em Jesus, é ofensivo omitir o tom subjetivo da expressão apologética “para mim, pessoalmente”. Isto levou a uma discussão sobre a dor corrosiva da auto-dúvida contínua. Foi então que pensei ter vislumbrado a grande traição do nosso tempo, profundamente presente no modo como fomos educados. Não educados para saber lidar com a traição, mas educados para uma traição sobre o que significa a verdade.

A ideia de que a verdade é “subjetiva” produz uma terrível solidão. A ideia de que é “objetiva” conduz a uma outra espécie de solidão em que não podemos tolerar outro ponto de vista. Ao desenvolver-se, depois de se ter divorciado a si própria do misticismo, a teologia levou a uma grande traição a Jesus, a quem só podemos “conhecer” em nós e entre nós. Não objetivamente ou subjetivamente, mas não-dualmente. Na tradição mística cristã John Main sabia isto. Assim como Mestre Eckhart, quando disse que a verdade real de Jesus não está no que Ele fez ou disse, mas em quem Ele é.

Toda a traição é um trágico erro. Como é que o Cristianismo chegou ao ponto de trair o seu mestre? E o que acontece quando aquele que traímos não se vai embora mas permanece quem é?


Laurence

​

Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv


0 Comentários

Terça-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

24/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Terça-feira da Quinta Semana
(Evangelho Jo 8:21-30. Conforme o Pai me ensinou é que falo.)
 
Antes do grande confinamento, muitas pessoas estavam estressadas pelo trabalho, as viagens, as reuniões e a correria da vida moderna. A sua energia pessoal era despendida apenas sobrevivendo nas grandes cidades que construímos para nosso prazer mas que, para muitos se tornaram uma prisão. Desde o confinamento e as novas vagas do vírus, para muita gente, o estresse surgiu de muitos lados: solidão, preocupações financeiras, exigências dos cuidados infantis, falta de contato físico. O estresse resulta de uma excessiva tensão, que por vezes conduz a uma crise de nervos ou a um colapso. Debaixo dessa pressão estressante, nós naturalmente procuramos relaxar a tensão. Alguns poderão tentar a meditação e uma vida mais saudável; mas outros brincam com álcool, drogas, comer em demasia ou outras vias.

O relaxamento é natural e necessário tanto para a saúde física como para o equilíbrio mental. O problema começa quando os próprios meios de relaxamento se tornam artificiais e excessivos. Precisamos de estar relaxados quando meditamos, assim como meditamos para relaxar. Não há realização de si mesmo (Self) se nos esforçarmos demais na procura ou se a nossa expectativa em relação aos resultados ultrapassar o especificamente necessário para o fim em vista.

Se relaxarmos natural e saudavelmente – e abordarmos a meditação do mesmo modo que cuidamos dos nossos estados físico e emocional – encontraremos o grau certo de tensão. A tensão não é a inimiga, mas sim a amiga. A vida sem tensão é inviável: ou colapsa ou acaba. Até andar naturalmente pelo quarto ou bater nas teclas do teclado implica tensão no grau certo.

Tensão a mais ou a menos é um problema com consequências terríveis. Como saberemos então se estamos a ir na direção certa? Porque nós e outros a quem servimos saberemos que estamos a prestar atenção mais plenamente, na medida em que nos damos às pessoas e às tarefas. O grau perfeito de tensão é a pura atenção.

A atenção precisa de ser dirigida e depois, suave e firmemente mantida. Independentemente daquilo a que estamos a dar a nossa atenção (e a nós próprios), ela torna-se então, o embevecido olhar do amor ou da contemplação. Pura atenção a um outro é atenção a o Outro, a Deus que é o fundamento do ser em todas as coisas, boas e más. Ao prestarmos atenção a algo de bom, isso poderá ser sentido como deleite ou sermos energizados. No caso de algo indesejável ou hostil é sentido como perdão ou compaixão.

Porque se presta atenção a Deus em todas as coisas e porque atenção é amor, quando nós verdadeiramente prestamos atenção (ainda que imperfeitamente) sentimos reciprocidade. O grau perfeito de tensão é pura atenção ao outro que está em troca contínua com a atenção que recebemos de Deus. À medida que a nossa atenção muda de nós próprios movendo-se para um outro, a troca entre os “eus” vai ainda mais fundo, da reciprocidade e mutualidade à unidade. Quando fica bloqueada em nós mesmos, sentimo-nos isolados e não-amados. A troca de amor correspondido e correspondendo é criação. É nascimento e morte – e a ressurreição que transcende ambos. É quietude e é a dança de Ser-em-Amor, a que chamamos, por conveniência, “Deus”.
 
Laurence 



Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários

Segunda-feira da Quinta Semana - Quaresma 2021

22/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Segunda-feira da Quinta Semana
(Evangelho Jo 8: 1-11. Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o seu dedo.)
 
Jesus, Buda e Sócrates influenciaram mais a família humana do que qualquer outro professor individual, no entanto, nenhum deles deixou os seus próprios escritos. Eles caminharam, comeram com pessoas, falaram e conversaram. A sua transmissão direta era oral; foram os seus privilegiados primeiros ouvintes que confundiram, relembraram, repetiram e finalmente escreveram o que eles disseram.

Numa era de contínuas mensagens escritas, emails, tweets, relatórios e sumários, de legislação excessiva (desde “legere”, a para ler) e de documentos oficiais, é difícil imaginar como é que a palavra falada podia ser tão transformadora através dos tempos e do espaço. A nossa compulsão para escrever o efémero, em não confiar na palavra falada e em controlar o futuro pelo que escrevemos, é esgotante. No final, provoca a erosão da simples confiança e intuição, convocando assim o espectro da anarquia. Dizem-me que se uma pessoa disser num tribunal que confiou na palavra do seu opositor ao fazer um acordo com ele, perderá o caso por falta da devida diligência. Ela é a culpada porque confiou. Ao voltar para França recentemente, fui armado com oito documentos oficiais assinados, nenhum dos quais foi pedido quando passei pela imigração. Não me parece que isso tenha sido por eu ter ares de ser uma pessoa confiável, mas sim porque o funcionário não esteve para maçadas. Ele já tinha visto e conferido papeis suficientes nesse dia. A falta de confiança leva a não ser cuidadoso.

A confiança é mais profundamente dada a alguém que se está a escutar do que pela leitura das suas palavras escritas. Um orador inconscientemente emprega mais meios de transmitir confiabilidade do que um escritor, como o tom de voz, a linguagem corporal e o contacto visual. Muitos profetas e professores não tinham reputação de eloquência, por isso, mesmo ser um “fraco orador” não é uma barreira para despertar essa confiança. Oradores motivacionais profissionais por outro lado, podem ser tão enjoativamente persuasivos que você instintivamente não confia eles.

É claro que escrever também pode criar um vínculo íntimo de confiança e, ao longo do tempo, com um muito maior número de leitores. O falar também pode ser enganador. Mas quando o coração é puro, um orador transmite mais, diretamente e profundamente. Quando a mensagem não é sobre marketing ou política, mas sobre as mais profundas verdades espirituais, um evento único ocorre. Uma dimensão de comunhão é desencadeada que não termina quando o orador acaba ou morre. A palavra falada encontrou um lugar no coração e na mente dos primeiros ouvintes. Ela continua a os in-formar do mesmo modo que uma semente cresce até ao ponto em que, quando eles falam do que ouviram e eventualmente o escrevem, algo da transmissão original é comunicado nas palavras escritas.

Essa presença em primeira mão é o significado das expressões “Palavra de Deus” ou “Sagrada Escritura”. Também está parcialmente refletida na literatura mais grandiosa. A essência da comunicação original também não é “perdida na tradução” porque o significado não é literal. É o fruto que vai sempre amadurecendo. Cresce, não através de uma leitura literal, mas através da interpretação pessoal e da partilha com outras pessoas. De algum modo reflete a experiência do leitor-ouvinte e cria a ressonância da compreensão que é nova a cada momento. Sente-se como “Eu próprio escrevi isto” ou “como é que ele sabia que era isso que eu sentia?”

A Palavra não foi originalmente dita para informar, instruir ou especular, mas sim para iniciar.
 
 
Laurence
 


​
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários

Quinto Domingo da Quaresma - Quaresma 2021

21/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Quinto Domingo da Quaresma

(Evangelho: de Jo 12:20-30)
Agora chegou a hora do Filho do Homem ser glorificado.

O tempo passa. Uma longa viagem de carro como a que fiz ontem de regresso a Bonnevaux, todos os ciclos diurnos de manhã até á noite, um curso educativo, um casamento e a parentalidade, todo um ciclo de vida. No final de cada período de tempo, chegamos a um novo precipício. Cada fim é o mesmo fim, mais uma prova do sabor da morte. Não há retorno. Um futuro que só está presente para a fé. Jesus viu e entendeu o Seu que se aproximava – mais plenamente do que nós o fazemos.

Em verdade, em verdade vos digo, a menos que o grão de trigo caia na terra e morra, permanece apenas um grão; mas se morrer, produz uma rica colheita.

Esta parábola duma tão simples beleza reúne toda a verdade do que Jesus viu na Sua própria morte que se aproximava. Porque ela contém o significado todo do Ciclo Pascal, ela captura a mensagem e o poder do Evangelho inteiro. É a Boa Nova, o Evangelion. A simples palavra “se” evita que ela seja apenas uma afirmação. É também um aviso e um convite. Se nos recusarmos a morrer, não seremos ressuscitados. Se morrermos de boa vontade, não há dúvida de que iremos despertar num campo de vida que é a nova colheita.

Quem tem amor à sua vida perde-a; quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me servir, tem de Me seguir; onde quer que Eu esteja, também estará o Meu servo.

A certeza e clareza destas palavras são difíceis de aceitar. Elas dizem a dureza de se deixar morrer, os nossos apegos, sonhos, esperanças, todas as projeções negativas e imaginárias que construímos. No Fim, tudo tem de passar e, a certa altura, vemos que temos de, de boa vontade, deixá-lo ir. Podemos “enfurecer-nos contra a morte da luz” por um tempo mas finalmente, quando estivermos cansados disso, ficaremos convencidos de que a deposição voluntária, de que abrir mão da nossa vida é Esperança seria esperança pela coisa errada. Mesmo o amor seria amor pela coisa errada. Encarar o Fim de todas as coisas é o início do serviço Àquele que encarou o Seu Fim e, ao fazê-lo, criou um laço inquebrável entre nós e Ele.

Este laço torna-se mais real ao encararmos de boa vontade o nosso Fim. Mas quem serve a quem? O servo segue o seu senhor. Porém, Jesus segue-nos a nós para o Fim para não entramos neste sozinhos.
Se alguém Me servir, Meu Pai o honrará. A Minha alma está perturbada. Que hei-de dizer: Pai, poupai-Me a esta hora? Mas foi exatamente por esta razão que Eu vim até esta hora.

O ponto sem fuga possível é profundamente perturbador mas é também o momento de auto-aceitação, autoconhecimento e libertação de si mesmo, pelo abraçar do seu destino. Na impotência do Fim, somos “honrados” para lá de qualquer coisa que possa ser imaginada. Não uma recompensa ou prémio, mas a “honra” de nos conhecermos a nós mesmos verdadeiramente – e, finalmente, sempre – como amados.
 
Laurence


Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 

Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários

Sábado da Quarta Semana - Quaresma 2021

20/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Sábado da Quarta Semana
​

(Evangelho Jo 7:40-52. As pessoas não conseguiam pôr-se de acordo a Seu respeito)
 
Uma meditante queria iniciar os seus netos na meditação. A filha dela, que era uma forte ateia, concordou, com a condição de que ela deixasse de fora a religião. A senhora respeitou os desejos da filha mas quando teve de escolher qual o mantra que ia dar às crianças não se conseguia decidir, por isso, pediu-lhes que escolhessem eles próprios. O rapazinho escolheu “empada de pastor” porque era a sua comida preferida. Depois de pensar um pouco, a sua irmã escolheu “dicionário” porque ele “continha todas as palavras”.

As pessoas podem levar longo tempo até estabilizarem num mantra e, às vezes, nunca o fazem. Procuram incessantemente uma palavra com mais significado, mais “poderosa”, sem compreenderem que a meditação não é o que pensamos. A tradição diz que tornamos o mantra unicamente nosso ao dizê-lo fielmente, de modo que ele acaba por conter todos os significados e sentimentos concebíveis.
Quando se pergunta às pessoas “qual é a língua sagrada do Cristianismo?”, elas ficam intrigadas. Conhecemos a língua sagrada dos Hindus, dos Judeus e dos Muçulmanos. Mas a língua sagrada do Cristianismo? O Grego? O Aramaico? O Latim? É, deve ser, o corpo humano porque Deus transladou-se a Si mesmo para o interior do corpo do filho de Maria. Era um corpo tal e qual o nosso, que cresceu desde a infância até à maturidade, se sentiu cansado, com fome, conheceu o prazer e a dor, chorou e morreu. Na obra apócrifa Actos de João, Jesus é descrito a dançar num círculo com os Seus discípulos depois da Última Ceia. Ele chama-os para que se juntem a Ele porque “se não dançardes, não conhecereis aquilo que Nós conhecemos”.

Como tantas outras pessoas eu sou um dançarino relutante. Dizemos: “não sou bom a dançar” ou “prefiro assistir”. A nossa autoconsciência ou medo de parecer tonto bloqueia a experiência do corpo como a língua do Deus incarnado. Não conseguimos ver que pertencemos, não aos que observam a partir das margens, mas que somos convocados a juntarmo-nos à dança da vida da melhor forma que conseguirmos, a nossa forma única. Tragicamente, grande parte do Cristianismo ao longo dos séculos encorajou exatamente o contrário, uma auto-alienação face ao nosso próprio corpo que nos impediu de entrar no Corpo de Cristo. “Tocámos flauta para vós, mas não dançastes.” (Mt 11:17) Culpa, embaraço ou vergonha impedem-nos de ver o quanto pertencemos à dança da vida, que contém todos os concebíveis tipos de dança – incluindo aquele que parece mais perturbar a Igreja, as rotinas de dança da sexualidade que existem em grande variedade. Onde é que Jesus mostra estar de algum modo perturbado por esta parte da dança?

O nosso corpo é uma enciclopédia contendo todo o tipo de conhecimento. Os seres humanos são um microcosmos do Universo. O corpo humano estende-se tão amplamente como o cosmos. E assim, não conseguimos saber tudo sobre os seus mistérios, tal como não conseguimos conhecer todas as maravilhas e mistérios do cosmos. Mas, se uma palavra é suficiente para combinar todos os pensamentos e anseios dos nossos corações, então um corpo é suficiente para estar consciente da nossa unidade com a Criação e a sua fonte e a Palavra que a chamou à existência. A meditação junta estas duas escalas – o imenso e o minúsculo. Ela não pode ser analisada. Não pode ser observada enquanto está a acontecer. Conhecemo-la na dança divina para dentro da qual o Cristo ressuscitado nos convoca tal como uma vez Jesus convidou os Seus amigos a juntarem-se a Ele.
 
Laurence



Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv


0 Comentários

Sexta-feira da Quarta Semana - Quaresma 2021

19/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Sexta-feira da Quarta Semana
​

(Evangelho: Mt 1:16,18-21,24. “O seu marido José, que era um homem honrado…”)
 
Einstein disse que só observamos aquilo que as nossas teorias nos permitem observar. Estamos cheios de ângulos mortos, mesmo quando podemos ter um foco nítido numa porção daquilo que está diante de nós. A investigação sobre a percepção mostra que fenómenos totalmente novos e inesperados podem ser completamente apagados, mesmo perante a atenção de um grupo inteiro de pessoas, porque o cérebro não sabe como lidar com eles. O que não sabemos, não sabemos e, se soubéssemos realmente aquilo que não sabemos, saberíamos tudo. Por isso, vivemos com as nossas limitações.

Hoje é a Festa de S. José, carpinteiro, marido de Maria, patrono dos trabalhadores manuais. Ele está habitualmente no nosso ângulo morto quando lemos a primeira parte da história dos Evangelhos, após a qual ele desaparece inteiramente da fotografia. Porém, nas poucas palavras que descrevem a sua decisão de não pôr a sua prometida grávida de lado e em vergonha, ele encontrou uma imortalidade mítica, inúmeros santuários, biografias especulativas e, recentemente, um lugar em que é nomeado no cânone da Missa Romana.

Seria difícil não gostar de S. José, embora ele tenha um papel secundário. Ele não é uma estrela. É como o operário que vem a nossa casa reparar alguma coisa que nos tem estado a causar muitos incómodos e que não temos conseguido arranjar. O seu superior conhecimento e capacidade dão-lhe um toque sobrenatural. Ele faz o trabalho sozinho, tranquilamente, depois de o avaliar e de decidir o que precisa. Cobra modestamente e vai-se embora parecendo deslisar como um anjo que já entregou a sua mensagem, aceitando os nossos profusos agradecimentos sem espalhafato. Um modelo de bom trabalho que gostaríamos de imitar em qualquer trabalho, provavelmente menos útil, que possamos estar a fazer.

Um bom operário, bem como uma boa trabalhadora manual, merece o que cobra e o respeito por aquilo que faz. Ele lembra-nos de que tudo o que temos que fazer é aquilo que é suposto fazermos e fazê-lo sem ganância ou um desejo egotista de aprovação. Um trabalho bem feito é em si a sua própria recompensa e traz benefícios aos outros. José lidou com o problema de arranjar sítio para ficarem em Belém, o problema dos visitantes reais, a fuga apressada para o exílio, o regresso a Nazaré e a criação de um negócio que providenciasse o sustento da família. Numa tradução, Cassiano chama ao meditante o “contador de contas de Deus”, significando o monge simples cujo trabalho era dizer orações, contar as suas contas. Repetir o mantra é bom trabalho. Tal como o trabalho manual, ele envolve a totalidade da pessoa, corpo e mente. Não afaga o ego, bem pelo contrário. É a sua própria recompensa.

Teria sido culturalmente estranho para a época se Maria tivesse sido a carpinteira e José o dono de casa. Mas hoje os papéis de género são mais flexíveis e permitem que, tanto homens como mulheres, façam o tipo de trabalho que melhor se lhes adequa. O marido de uma mulher ambiciosamente poderosa e bem-sucedida contou-me que ele e os filhos sempre tinham preferido que fosse ele a governar a casa e a família porque ele o fazia melhor do que a sua mulher. Os consortes de mulheres em posições de poder que eu conheço espantam-me com a sua integração pessoal e confiança masculina, num papel de suporte de retaguarda que o estereotipo atribui às mulheres.

Tudo o que importa é que reconheçamos o que é suposto fazermos e termos a coragem de o fazer com todo o coração. Todos temos ângulos mortos culturais e vaidades com que lidar. Mas a meditação tem um jeito para os remover e para nos ajudar a ver o que está diante dos nossos olhos.
 


Laurence
 

Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários

Quinta-feira da Quarta Semana -  Quaresma 2021

18/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Quinta-feira da Quarta Semana
(Evangelho: Jo 5 31-47. Como podeis acreditar se andais à procura da aprovação uns dos outros?)
 
O Mestre Eckhart elogia as coisas de que a mente humana habitualmente foge. Ele via o desapego como a dinâmica essencial do nosso progresso para Deus, do nosso processo de iluminação. Mas não um desapego superficial, como abdicar dos doces ou do gin tónico durante a Quaresma. Ele é mais como Bento que diz: “a vida do monge é uma contínua Quaresma”. Neste ponto, a maioria dirá: “bom, graças a Deus eu não sou monge” e maioria dos monges diz: “bem, vejamos como é que podemos interpretar isso”. Eckhart usa o vocabulário da Quaresma para todos os dias – e para a meditação quotidiana: deserto, vazio, pobreza, nudez da mente.

Estes termos não se referem a práticas externas ou ao ascetismo, mas ao modo como aprendemos a não estar dependentes de coisas externas para o nosso sentido de quem somos e de quem somos chamados a ser. Uma dessas coisas externas é a opinião dos outros sobre nós. Jesus refere-se no evangelho de hoje à nossa tendência para buscar a aprovação humana em vez da “aprovação de Deus”, a qual poderíamos descrever como o “sermos autênticos”. Esta é uma boa marca para o autoconhecimento, à medida que nos aproximamos do maior drama humano da história da Páscoa. No centro deste teatro da vida está a morte que se segue ao desapego, vendo-se claramente como não depender da aprovação dos outros pode conduzir a uma violenta rejeição.

Tudo isto seria muito pouco atrativo se não tivesse, de facto, que ver com o florescimento humano, com a realização, não com a degradação ou a perda. O deserto floresce quando compreendemos e aceitamos a sua simplicidade. O vazio enche-se com infinitos graus de plenitude quando desligámos completamente a ficha. A pobreza torna-se em “grande pobreza”, que é como Cassiano descreve o efeito do mantra. A nudez da alma, quando nos despimos das auto-imagens e da vaidade, ultrapassa a vergonha, a duplicidade e o medo de ser conhecido. O estilo de pensamento místico de Eckhart é robusto e positivo, especialmente quando fala sobre coisas que à primeira vista nos fazem querer sair do caminho ou, pelo menos desacelerar.

Penso que as pessoas que lutam para meditar todos os dia, embora gostassem de o fazer, têm maiores probabilidades de melhorar a sua prática se compreenderem o significado da meditação desta maneira. É simplesmente compreender qual é o significado da vida, com as suas alegrias e dores, perdas e descobertas, amores e solidão. A vida é um assunto sério e, quando o percebemos, podemos ficar alegres com isso, na sua plenitude.

Eckhart dizia que a viagem consiste em ser “des-formado, in-formado e trans-formado”. John Main compreendia isto como a natureza absoluta da meditação, ao mesmo tempo que reconhecia que necessitava de ser alcançada por estágios. O que para ele importa é, realmente, começar a viagem e “estar a caminho”, em vez de pensar que devíamos estar a fazer melhor e ficar demasiado auto-desencorajados para começar de novo. Para ele, o mantra combina estes três estágios da viagem num só: um simples acto de pura e pobre fé repetido e que sempre nos conduz mais fundo.

Encontramos o encorajamento para praticar este pleno desapego interior em passagens da Escritura como esta:

“Conto tudo como perda por causa do valor insuperável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por Sua causa, sofri a perda de todas as coisas e considero-as lixo, para que eu possa ganhar Cristo e ser encontrado n’Ele… de modo a que eu possa conhecer a Ele e ao poder da Sua ressurreição.” (Fil 3:8-10)
 
Laurence
 


Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários

Quarta-feira da Quarta Semana - Quaresma 2021

17/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 -  Quarta-feira da Quarta Semana
(Dia de S. Patrício)
 
(Evangelho: Jo: 5 17-30. “O Meu propósito é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou.”)
 
Levanto-me hoje
Por meio duma força poderosa, a invocação da Trindade,
Por meio da crença no Ternário,
Por meio da confissão da Unidade
do Criador e da Criação…
Levanto-me hoje por meio da poderosa força do Senhor da Criação.
            (Oração de S. Patrício)
 
Com o passar dos anos, tenho me sentido mais irlandês. A minha mãe era irlandesa, o meu pai inglês e eu fui criado em Inglaterra. Durante muito tempo, assumi que era um inglês com um toque de pincel do verde irlandês. Mas nunca me senti completamente à vontade com a forma como os ingleses viam o mundo e o descreveram uns aos outros. Vi que havia uma perceção paralela da realidade que operava em mim. Quanto mais conhecia a Irlanda, mais me sentia expandido por ela. A pureza racial é coisa que não existe, um falso mito de racistas ou nacionalistas. Por experiência própria, penso que é libertador para todos conhecer e valorizar as suas raízes e é bom para qualquer sociedade celebrar a sua diversidade cultural.

Hoje em dia, todas as pessoas sábias pensam que têm em si algo de irlandês. O ser-se irlandês é um estado de espírito que permite a melhor interação entre uma imaginação desenfreada e a realidade de qualquer cultura. É por isso que os irlandeses foram mais sagazes que os seus opressores ingleses durante centenas de anos, mesmo que a sua língua, cultura, religião e liberdade tenham sido reprimidas. Através da sua fé, do seu humor, do seu amor pela língua, do seu vínculo à terra e da sua música e outras artes, transformaram a humilhação em vitória. Forneceram aos seus ocupantes os melhores generais e artistas de entretenimento. No séc. XX, esta pequena ilha, da qual metade da população morreu ou foi exilada pela fome, uma ilha de santos e pecadores e de grandes poetas, produziu onze Prémios Nobel, incluindo quatro da Literatura. (Há apenas um exagero mínimo nas afirmações acima que podem verificar contra os factos.)

Embora a Igreja Católica na Irlanda se tenha desmoronado enquanto autoridade espiritual, a fé dos primeiros séculos está viva e talvez vá ser o ponto de partida para a futura regeneração. S. Patrício era contemporâneo de João Cassiano que trouxe a sabedoria do Deserto para Ocidente, no séc. V. Mas já existiam ligações entre os Padres do Deserto e a Igreja Irlandesa, que era originalmente uma igreja monástica. Patrício fora feito escravo, fugira e formara-se como monge em França, sob a influência de Cassiano. Regressou à Irlanda para pregar o Evangelho, usando o trevo como símbolo da Trindade.

Sete milhas ao largo da costa de Kerry, Skellig Michael é um assentamento monástico do séc. VI, construído no topo dum rochedo com forma de pirâmide que se ergue abruptamente do mar. Os monges que o construíram e que aí rezaram ou eram loucos ou místicos ou uma mistura irlandesa de ambos. Quando visitei o local, senti como em nenhum outro lugar a presença imediata de Deus, num local onde o Céu e a Terra se abraçam. Torna a meditação visível.

A celebração de hoje, para mim, aquece a Quaresma. Espero que a oração de S. Patrício possa fazer o mesmo por vós.
 
Laurence
 


Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv​

0 Comentários

Terça-feira da Quarta Semana - Quaresma 2021

16/3/2021

0 Comentários

 
Imagem
Quaresma 2021 - Terça-feira da Quarta Semana

(Evangelho: João 5:1-3,5-16. “Queres ficar são de novo?”)

 
Jesus faz muitas perguntas. Tal como os verdadeiros professores, a sua intenção não é dar às pessoas respostas, mas ajudar o estudante a descobrir a verdade por si mesmo. “Na vossa própria experiência”, como dizia John Main tantas vezes. Uma pergunta tem um poder revelador. Parsifal, na Lenda do Santo Graal, por causa da sua imaturidade e dúvida sobre si mesmo, fracassa por não fazer ao rei ferido a pergunta que o iria curar, a ele e à terra em agonia: “o que é o Graal e a quem é que ele serve?”

As perguntas corajosamente colocadas ou profundamente escutadas podem inesperadamente revelar a fonte da consciência. Se olharmos para trás nas nossas vidas, poderemos recordar momentos pivô, que muitas vezes pareceram completamente comuns na altura, e que fizeram isto mesmo. Recordamo-los porque nos elevaram para um outro nível de consciência. Vou partilhar alguns desses momentos da minha vida para vos encorajar a identificar momentos similares na vossa, se tiverem tempo para coisas tão frívolas. Quando andava na escola, tinha grande interesse por selos. No caminho para casa, parava muitas vezes para olhar pasmado e cheio de ânsia a montra duma loja que expunha muitos pacotes e coleções de selos. Um dia, um amigo da minha família passou por ali e cumprimentou-me. No dia seguinte, enquanto eu estava absorvido a olhar para a mesma montra, ele passou por ali de novo, perguntando-me com humor: “Olá Laurence! Estás aí desde ontem?” Pop!

Porque é que eu haveria de recordar isto de forma tão vívida? A palavra “consciente” é composta por duas palavras: com (“com”) e scio (“eu sei”). Estar consciente significa “saber com”. Tornamo-nos mais conscientes quando encontramos alguém que sabe connosco. Se nos conhecer melhor do que nós nos conhecemos a nós mesmos, ficamos intrigados por nos conhecermos com ele. Estar na companhia de pessoas mais conscientes, mais despertas, estimula o crescimento em consciência. Meditar em conjunto é “saber com”. Outro momento para mim, quando era estudante, aconteceu quando estava em Pall Mall, no centro de Londres, tendo acabado de almoçar com John Main. Estávamos a despedir-nos pois ele ia regressar em breve para os Estados Unidos. Demos um aperto de mão. Pop! Acabava de saltar outro na minha cabeça. Depois de começar a trabalhar na City, ia muitas vezes de manhã bem cedo à missa e caminhava da igreja até à estação naquele estado de comunhão eucarística que os cristãos conhecem. Num certo dia normal, ao fundo da colina, de novo: Pop! Porquê estes momentos e não outras experiências mais dramáticas, isso não sei.

A consciência tem a ver com a ligação e a mútua compreensão. É o segredo de Jesus e do seu Pai e a natureza de Deus como Estando em Comunhão. É o mesmo sempre e em toda a parte; por isso, pode saltar (pop) em qualquer momento.

Aproveitamos momentos particulares, como a Quaresma, ou uma celebração especial, ou a nossa meditação quotidiana, para fazer o trabalho necessário para crescer gradualmente em consciência e em recetividade a esta realidade. Só o nosso ego é que nos bloqueia de “sabermos-com” a todo o momento. Sempre que o ego resvala, por qualquer razão ou pelo tempo que for, acontece um “Pop”.

 
Laurence
 




Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB 


Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal 
Site: http://www.meditacaocrista.com/ 
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal

YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv

0 Comentários
<<Anterior
Seguinte>>

    WCCM Portugal 
    ​A nossa missão:

    Divulgar e fomentar a prática da meditação cristã segundo os ensinamentos de 
    John Main no seio da tradição cristã, num espírito de serviço à união entre todos.
     ​

    Imagem

    Histórico

    Abril 2021
    Março 2021
    Fevereiro 2021

    Anos anteriores
    Quaresma 2020
    ​​Quaresma 2019
    ​Quaresma 2018

    Quaresma 2017
    Quaresma 2016
    Quaresma 2015
    Imagem
    Leitura Sagrada
    ​
    Evangelho Quotidiano

    Bíblia Sagrada
    ​
    ​Liturgia das Horas​​

    Categorias

    Todos

    Feed RSS

Powered by Create your own unique website with customizable templates.