
Quaresma 2021 - Domingo de Ramos
(Evangelho Mc 11:1-11. Outros espalharam ramos de verdura que tinham cortado nos campos.)
E ao aproximarem-se de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus envia dois dos Seus discípulos e diz-lhes: “Ide à aldeia que está à vossa frente, logo que lá entrardes, encontrareis preso um pequeno jumento, no qual ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o.
Vamos começar o retiro da Páscoa online na quinta-feira, quando duas correntes do tempo, a mundana e a sagrada, fluem poderosamente juntas. É como o Encontro das Águas na Amazónia, onde o Rio Negro e o Amazonas correm juntos, lado a lado, no mesmo canal ao longo de várias milhas antes de se misturarem. Mas a mudança começa hoje, Domingo de Ramos, o início da Semana Santa. Com a entrada de Jesus em Jerusalém, sentado num jumento, aclamado pelas multidões, começamos a ser levados pela rápida corrente dos mistérios da Páscoa. Cada um dos quatro evangelhos comungam da importância simbólica desta entrada triunfal, que precedeu a rejeição e a derrota.
Podemos ouvir a tradição oral da história na versão escrita. Existem detalhes que não entendemos; sentimo-nos excluídos. Estamos a ouvir uma conversa entre pessoas que partilham detalhes e um sentido do significado simbólico que a nós nos parece alheio. Na realidade, é bom sentirmo-nos desconfortáveis porque estamos a entrar num país novo. Uma vez, aterrei no aeroporto de Deli, na Índia, e vi um grupo de turistas americanos traumatizados pelo choque total do ambiente físico e cultural. Quando já estávamos fora do terminal, reparei numa mulher que estava a afastar-se. Enquanto esperavam o retorno do guia turístico e a chegada do autocarro, ela foi cercada por vendedores intrusivos e mendigos aleijados, de mãos estendidas a querer agarrá-la. Passado pouco tempo ela colapsou totalmente, foi a correr de volta para o aeroporto e disse que ia voltar para casa. O seu momento de encontro com a Mãe India ainda não tinha chegado.
A Semana Santa é a nossa chegada numa tradição. A estranheza que sentimos é em si mesma, parte do processo transformador dos Mistérios da Páscoa. Estamos a conectar-nos com uma história, uma família, uma transmissão, às quais podemos sentir-nos alheios, estrangeiros. Mas suspendam o ceticismo racional e o choque cultural, por um tempo. Aguardem o regresso do guia turístico, deixem uma imaginação e intuição mais profundas fluir lado a lado com a consciência habitual e o sentido de alienação muda para um sentido de descoberta, uma nova dimensão de casa.
be” mais “longing” (ser mais ansiar). A Páscoa, dolorosa e alegremente, expõe o nosso mais forte e mais autodefenidor anseio. E convoca-nos para a experiência de ser, numa estranha e no entanto íntima plenitude.
O que há de importante no facto de Jesus dar instruções logísticas sobre os seus meios de transporte? Para a primeira geração, isso simbolizava o Rei da tradição bíblica a entrar na sua própria cidade, a chegar a casa de um modo apenas permitido ao rei. “Não tenhas medo, filha de Sião. Olha, o teu rei está a chegar sentado num jumento” (Jo 12:15).
E muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura cortados dos campos. E os que iam à frente e os que os seguiam atrás gritavam: “Hosana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor! Bendito é o reino do nosso pai David que está a chegar!”
Somos mais do que bisbilhoteiros. Sabemos mais do que eles sabiam. Ele não era um salvador nacionalista prometendo a expulsão da potência ocupante. Ele estava a mostrar à Humanidade em geral que todos ansiamos pela mesma coisa. Realizamo-nos todos pela pura experiência de ser. Todos pertencemos. Somos um.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho Mc 11:1-11. Outros espalharam ramos de verdura que tinham cortado nos campos.)
E ao aproximarem-se de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus envia dois dos Seus discípulos e diz-lhes: “Ide à aldeia que está à vossa frente, logo que lá entrardes, encontrareis preso um pequeno jumento, no qual ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o.
Vamos começar o retiro da Páscoa online na quinta-feira, quando duas correntes do tempo, a mundana e a sagrada, fluem poderosamente juntas. É como o Encontro das Águas na Amazónia, onde o Rio Negro e o Amazonas correm juntos, lado a lado, no mesmo canal ao longo de várias milhas antes de se misturarem. Mas a mudança começa hoje, Domingo de Ramos, o início da Semana Santa. Com a entrada de Jesus em Jerusalém, sentado num jumento, aclamado pelas multidões, começamos a ser levados pela rápida corrente dos mistérios da Páscoa. Cada um dos quatro evangelhos comungam da importância simbólica desta entrada triunfal, que precedeu a rejeição e a derrota.
Podemos ouvir a tradição oral da história na versão escrita. Existem detalhes que não entendemos; sentimo-nos excluídos. Estamos a ouvir uma conversa entre pessoas que partilham detalhes e um sentido do significado simbólico que a nós nos parece alheio. Na realidade, é bom sentirmo-nos desconfortáveis porque estamos a entrar num país novo. Uma vez, aterrei no aeroporto de Deli, na Índia, e vi um grupo de turistas americanos traumatizados pelo choque total do ambiente físico e cultural. Quando já estávamos fora do terminal, reparei numa mulher que estava a afastar-se. Enquanto esperavam o retorno do guia turístico e a chegada do autocarro, ela foi cercada por vendedores intrusivos e mendigos aleijados, de mãos estendidas a querer agarrá-la. Passado pouco tempo ela colapsou totalmente, foi a correr de volta para o aeroporto e disse que ia voltar para casa. O seu momento de encontro com a Mãe India ainda não tinha chegado.
A Semana Santa é a nossa chegada numa tradição. A estranheza que sentimos é em si mesma, parte do processo transformador dos Mistérios da Páscoa. Estamos a conectar-nos com uma história, uma família, uma transmissão, às quais podemos sentir-nos alheios, estrangeiros. Mas suspendam o ceticismo racional e o choque cultural, por um tempo. Aguardem o regresso do guia turístico, deixem uma imaginação e intuição mais profundas fluir lado a lado com a consciência habitual e o sentido de alienação muda para um sentido de descoberta, uma nova dimensão de casa.
be” mais “longing” (ser mais ansiar). A Páscoa, dolorosa e alegremente, expõe o nosso mais forte e mais autodefenidor anseio. E convoca-nos para a experiência de ser, numa estranha e no entanto íntima plenitude.
O que há de importante no facto de Jesus dar instruções logísticas sobre os seus meios de transporte? Para a primeira geração, isso simbolizava o Rei da tradição bíblica a entrar na sua própria cidade, a chegar a casa de um modo apenas permitido ao rei. “Não tenhas medo, filha de Sião. Olha, o teu rei está a chegar sentado num jumento” (Jo 12:15).
E muitos estenderam as capas pelo caminho; outros, ramos de verdura cortados dos campos. E os que iam à frente e os que os seguiam atrás gritavam: “Hosana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor! Bendito é o reino do nosso pai David que está a chegar!”
Somos mais do que bisbilhoteiros. Sabemos mais do que eles sabiam. Ele não era um salvador nacionalista prometendo a expulsão da potência ocupante. Ele estava a mostrar à Humanidade em geral que todos ansiamos pela mesma coisa. Realizamo-nos todos pela pura experiência de ser. Todos pertencemos. Somos um.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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