
Quaresma 2021 - Quarta-feira da Quarta Semana
(Dia de S. Patrício)
(Evangelho: Jo: 5 17-30. “O Meu propósito é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou.”)
Levanto-me hoje
Por meio duma força poderosa, a invocação da Trindade,
Por meio da crença no Ternário,
Por meio da confissão da Unidade
do Criador e da Criação…
Levanto-me hoje por meio da poderosa força do Senhor da Criação.
(Oração de S. Patrício)
Com o passar dos anos, tenho me sentido mais irlandês. A minha mãe era irlandesa, o meu pai inglês e eu fui criado em Inglaterra. Durante muito tempo, assumi que era um inglês com um toque de pincel do verde irlandês. Mas nunca me senti completamente à vontade com a forma como os ingleses viam o mundo e o descreveram uns aos outros. Vi que havia uma perceção paralela da realidade que operava em mim. Quanto mais conhecia a Irlanda, mais me sentia expandido por ela. A pureza racial é coisa que não existe, um falso mito de racistas ou nacionalistas. Por experiência própria, penso que é libertador para todos conhecer e valorizar as suas raízes e é bom para qualquer sociedade celebrar a sua diversidade cultural.
Hoje em dia, todas as pessoas sábias pensam que têm em si algo de irlandês. O ser-se irlandês é um estado de espírito que permite a melhor interação entre uma imaginação desenfreada e a realidade de qualquer cultura. É por isso que os irlandeses foram mais sagazes que os seus opressores ingleses durante centenas de anos, mesmo que a sua língua, cultura, religião e liberdade tenham sido reprimidas. Através da sua fé, do seu humor, do seu amor pela língua, do seu vínculo à terra e da sua música e outras artes, transformaram a humilhação em vitória. Forneceram aos seus ocupantes os melhores generais e artistas de entretenimento. No séc. XX, esta pequena ilha, da qual metade da população morreu ou foi exilada pela fome, uma ilha de santos e pecadores e de grandes poetas, produziu onze Prémios Nobel, incluindo quatro da Literatura. (Há apenas um exagero mínimo nas afirmações acima que podem verificar contra os factos.)
Embora a Igreja Católica na Irlanda se tenha desmoronado enquanto autoridade espiritual, a fé dos primeiros séculos está viva e talvez vá ser o ponto de partida para a futura regeneração. S. Patrício era contemporâneo de João Cassiano que trouxe a sabedoria do Deserto para Ocidente, no séc. V. Mas já existiam ligações entre os Padres do Deserto e a Igreja Irlandesa, que era originalmente uma igreja monástica. Patrício fora feito escravo, fugira e formara-se como monge em França, sob a influência de Cassiano. Regressou à Irlanda para pregar o Evangelho, usando o trevo como símbolo da Trindade.
Sete milhas ao largo da costa de Kerry, Skellig Michael é um assentamento monástico do séc. VI, construído no topo dum rochedo com forma de pirâmide que se ergue abruptamente do mar. Os monges que o construíram e que aí rezaram ou eram loucos ou místicos ou uma mistura irlandesa de ambos. Quando visitei o local, senti como em nenhum outro lugar a presença imediata de Deus, num local onde o Céu e a Terra se abraçam. Torna a meditação visível.
A celebração de hoje, para mim, aquece a Quaresma. Espero que a oração de S. Patrício possa fazer o mesmo por vós.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Dia de S. Patrício)
(Evangelho: Jo: 5 17-30. “O Meu propósito é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou.”)
Levanto-me hoje
Por meio duma força poderosa, a invocação da Trindade,
Por meio da crença no Ternário,
Por meio da confissão da Unidade
do Criador e da Criação…
Levanto-me hoje por meio da poderosa força do Senhor da Criação.
(Oração de S. Patrício)
Com o passar dos anos, tenho me sentido mais irlandês. A minha mãe era irlandesa, o meu pai inglês e eu fui criado em Inglaterra. Durante muito tempo, assumi que era um inglês com um toque de pincel do verde irlandês. Mas nunca me senti completamente à vontade com a forma como os ingleses viam o mundo e o descreveram uns aos outros. Vi que havia uma perceção paralela da realidade que operava em mim. Quanto mais conhecia a Irlanda, mais me sentia expandido por ela. A pureza racial é coisa que não existe, um falso mito de racistas ou nacionalistas. Por experiência própria, penso que é libertador para todos conhecer e valorizar as suas raízes e é bom para qualquer sociedade celebrar a sua diversidade cultural.
Hoje em dia, todas as pessoas sábias pensam que têm em si algo de irlandês. O ser-se irlandês é um estado de espírito que permite a melhor interação entre uma imaginação desenfreada e a realidade de qualquer cultura. É por isso que os irlandeses foram mais sagazes que os seus opressores ingleses durante centenas de anos, mesmo que a sua língua, cultura, religião e liberdade tenham sido reprimidas. Através da sua fé, do seu humor, do seu amor pela língua, do seu vínculo à terra e da sua música e outras artes, transformaram a humilhação em vitória. Forneceram aos seus ocupantes os melhores generais e artistas de entretenimento. No séc. XX, esta pequena ilha, da qual metade da população morreu ou foi exilada pela fome, uma ilha de santos e pecadores e de grandes poetas, produziu onze Prémios Nobel, incluindo quatro da Literatura. (Há apenas um exagero mínimo nas afirmações acima que podem verificar contra os factos.)
Embora a Igreja Católica na Irlanda se tenha desmoronado enquanto autoridade espiritual, a fé dos primeiros séculos está viva e talvez vá ser o ponto de partida para a futura regeneração. S. Patrício era contemporâneo de João Cassiano que trouxe a sabedoria do Deserto para Ocidente, no séc. V. Mas já existiam ligações entre os Padres do Deserto e a Igreja Irlandesa, que era originalmente uma igreja monástica. Patrício fora feito escravo, fugira e formara-se como monge em França, sob a influência de Cassiano. Regressou à Irlanda para pregar o Evangelho, usando o trevo como símbolo da Trindade.
Sete milhas ao largo da costa de Kerry, Skellig Michael é um assentamento monástico do séc. VI, construído no topo dum rochedo com forma de pirâmide que se ergue abruptamente do mar. Os monges que o construíram e que aí rezaram ou eram loucos ou místicos ou uma mistura irlandesa de ambos. Quando visitei o local, senti como em nenhum outro lugar a presença imediata de Deus, num local onde o Céu e a Terra se abraçam. Torna a meditação visível.
A celebração de hoje, para mim, aquece a Quaresma. Espero que a oração de S. Patrício possa fazer o mesmo por vós.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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