
Quaresma 2021 – Quarta-feira da Terceira Semana
(Evangelho Mt 5:17-19. Não vim para abolir, mas sim para completar).
“Toda a arte aspira à condição da música”. Quando eu li isto, enquanto era estudante de literatura, fiquei instantaneamente galvanizado pelo que pensei que fosse uma nova verdade universal. A pouco e pouco, percebi que verdades universais abrangentes como esta podem ter valor, mas logo se vê como falham em acertar o alvo ou como só acertam ocasionalmente. Contudo, continuamos a tentar captar a verdade em palavras. O mesmo se aplica ao fracasso do sucesso e ao sucesso do fracasso que aprendemos ao aprender a meditar. O que vemos nesse processo é a importância de pôr sempre de lado as palavras e ideias em que depositamos a nossa confiança. Não há boas respostas que sirvam para tudo, mas aprender isso ilumina toda a paisagem da nossa vivência.
A meditação é um caminho de sabedoria – para todos – precisamente porque não pode ser resumida numa frase bombástica nem mesmo num longo tratado. Uma abordagem científica aos seus benefícios mensuráveis pode dizer coisas sobre ela que se podem verificar. Mas são meramente observações, ilustrações do que está constantemente a crescer para além de nós.
John Main compreendeu e ensinou isto com a genialidade da simplicidade. Ele sabia que a plenitude não é estática mas sim um libertar de todas as limitações que nos impedem uma expansão ilimitada. No trabalho do mantra, desligamo-nos do ontem e do amanhã; descobrimos o quão limitadas são essas dimensões da realidade. À medida que perdem o seu compassar das nossas mentes, experienciamos como estamos sempre no momento presente e como podemos realmente saborear a paz e a plenitude que isso traz. Mas experienciar o presente é o primeiro passo de entrada no eterno agora que é Deus trazer o presente para nós. O primeiro passo para dentro de um universo em expansão, para dentro da plenitude que é Deus.
Não conseguimos traduzir isto em palavras ou conceitos; mas podemos sentar-nos e dizer o mantra. Aprender a humildade, a fidelidade e a confiança envolvidas no caminho do mantra abre-nos às bordas do infinito. Meditar, então, traz-nos de volta a casa para Deus, mas voltar para casa, neste caso, não significa estabelecermo-nos em segurança e familiaridade. É tornar-se um peregrino, crescendo na liberdade do amor, mas com cada vez menos coisas a que estamos apegados.
As formas de vida que esta peregrinação toma, seja no tempo de uma vida seja por uma semana, são incontáveis e imprevisíveis. Aprendemos como estar prontos e obedientes à lei da mudança perpétua. No entanto, seja qual for a forma de vida, há a paz e a certeza daquilo que o Evangelho chama o próprio Caminho. John Main entende a experiência diária de crescimento na meditação em relação direta com o chamamento cristão. Digo “entende” em vez de “entendeu” porque, ao ouvir as suas palestras durante a Quaresma, as profundezas e as vistas do seu ensinamento são como uma nova revelação que me devolve ao Caminho do Evangelho com um novo maravilhamento.
A sua ênfase na liberdade é um pilar do seu ensinamento. Livre das limitações. Livre do medo. Livre para amar. Esta liberdade é uma energia da consciência de Cristo que flui para dentro da vida diária. “Você morreu e agora a sua vida está escondida em Deus com Cristo”. O Caminho – e o pequeno caminho do mantra – continuamente revela o que está oculto, mesmo quando a expansão nos revela o que está além do que podemos saber.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
original: AQUI
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho Mt 5:17-19. Não vim para abolir, mas sim para completar).
“Toda a arte aspira à condição da música”. Quando eu li isto, enquanto era estudante de literatura, fiquei instantaneamente galvanizado pelo que pensei que fosse uma nova verdade universal. A pouco e pouco, percebi que verdades universais abrangentes como esta podem ter valor, mas logo se vê como falham em acertar o alvo ou como só acertam ocasionalmente. Contudo, continuamos a tentar captar a verdade em palavras. O mesmo se aplica ao fracasso do sucesso e ao sucesso do fracasso que aprendemos ao aprender a meditar. O que vemos nesse processo é a importância de pôr sempre de lado as palavras e ideias em que depositamos a nossa confiança. Não há boas respostas que sirvam para tudo, mas aprender isso ilumina toda a paisagem da nossa vivência.
A meditação é um caminho de sabedoria – para todos – precisamente porque não pode ser resumida numa frase bombástica nem mesmo num longo tratado. Uma abordagem científica aos seus benefícios mensuráveis pode dizer coisas sobre ela que se podem verificar. Mas são meramente observações, ilustrações do que está constantemente a crescer para além de nós.
John Main compreendeu e ensinou isto com a genialidade da simplicidade. Ele sabia que a plenitude não é estática mas sim um libertar de todas as limitações que nos impedem uma expansão ilimitada. No trabalho do mantra, desligamo-nos do ontem e do amanhã; descobrimos o quão limitadas são essas dimensões da realidade. À medida que perdem o seu compassar das nossas mentes, experienciamos como estamos sempre no momento presente e como podemos realmente saborear a paz e a plenitude que isso traz. Mas experienciar o presente é o primeiro passo de entrada no eterno agora que é Deus trazer o presente para nós. O primeiro passo para dentro de um universo em expansão, para dentro da plenitude que é Deus.
Não conseguimos traduzir isto em palavras ou conceitos; mas podemos sentar-nos e dizer o mantra. Aprender a humildade, a fidelidade e a confiança envolvidas no caminho do mantra abre-nos às bordas do infinito. Meditar, então, traz-nos de volta a casa para Deus, mas voltar para casa, neste caso, não significa estabelecermo-nos em segurança e familiaridade. É tornar-se um peregrino, crescendo na liberdade do amor, mas com cada vez menos coisas a que estamos apegados.
As formas de vida que esta peregrinação toma, seja no tempo de uma vida seja por uma semana, são incontáveis e imprevisíveis. Aprendemos como estar prontos e obedientes à lei da mudança perpétua. No entanto, seja qual for a forma de vida, há a paz e a certeza daquilo que o Evangelho chama o próprio Caminho. John Main entende a experiência diária de crescimento na meditação em relação direta com o chamamento cristão. Digo “entende” em vez de “entendeu” porque, ao ouvir as suas palestras durante a Quaresma, as profundezas e as vistas do seu ensinamento são como uma nova revelação que me devolve ao Caminho do Evangelho com um novo maravilhamento.
A sua ênfase na liberdade é um pilar do seu ensinamento. Livre das limitações. Livre do medo. Livre para amar. Esta liberdade é uma energia da consciência de Cristo que flui para dentro da vida diária. “Você morreu e agora a sua vida está escondida em Deus com Cristo”. O Caminho – e o pequeno caminho do mantra – continuamente revela o que está oculto, mesmo quando a expansão nos revela o que está além do que podemos saber.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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