
Quaresma 2021 - Quinta-feira da Quinta Semana
(Evangelho Lc 1:26-38. E ela interrogava-se que forma de saudação seria aquela)
Há uma loja na Flórida por onde passei num dia de verão, que viu uma boa oportunidade em tirar partido do fator “boa onda” da época natalícia. Chamou-lhe “Natal Todos os Dias”. Não sei se foi bem-sucedida, mas parecia ser uma brilhante ideia de venda ao público. Suspeito que possa ter acontecido como em todos os Natais, já que o desejo das pessoas se apegarem à nostalgia e ao clima otimista do peru e ao papel de embrulho se desvaneceu e elas realizaram que, se o Natal é todos os dias, então não há Natal.
A Encarnação, no entanto, é um acontecimento diário. Hoje é a festa da Anunciação, quando Maria é visitada pelo anjo que lhe deu a oportunidade de afirmar um vasto e incondicional Sim em representação de todos nós. Daqui a noves meses, como consequência, estaremos a dizer Feliz Natal. Entretanto haverá mudanças de estações, mais confinamentos, mais teorias da conspiração, mais nacionalismos de vacinação e muitos mais nascimentos e mortes. Mas, no meio de todos os eventos a serem constantemente paridos pelo útero do tempo, como lhe chamava Shakespeare, um bebé estará crescendo em Maria, a universal Mãe.
Como a semente plantada no chão que Jesus comparou ao Reino dos Céus, o bebé cresce, “como, não sabemos”, enquanto nos levantamos de manhã e nos deitamos à noite. É como o nosso “progresso” na meditação. As mudanças que podemos observar e descrever são pequenas em comparação com o que está a acontecer à medida que somos levados pelo rio do tempo para dentro de um universo em expansão cujos limites não podemos ver.
Contudo, precisamos de ser lembrados de que essa vida nova está sendo constantemente formada, porque é muito fácil ficarmos distraídos e desanimados por acontecimentos que obscurecem o propósito essencial das coisas. Apegarmo-nos a boas mas efémeras experiências, como propõe a ideia de “Natal Todos os Dias”, é um investimento de retorno mínimo. Mergulhar cada dia no que está tomando forma, com um incondicional Sim de plena aceitação, é assumir o risco de estar vivo, de morrer e de lavrar com as nossas mortes o solo do renascimento. Então a semente cresce e o rio corre até que, o desabrochar da juventude, o fruto da meia-idade e a colheita dos últimos dias, todos eles, se cumpram.
Tendo vindo a falar sobre o mantra há já alguns anos, estou ciente de que muitas pessoas reagem primeiro à meditação com o ceticismo que o “Natal é Todos os Dias” desperta. Não há como discutir com elas ou com as próprias dúvidas, porque a experiência é a professora. Não há provas salvo a experiência. Mas também não há experiência sem um Sim.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho Lc 1:26-38. E ela interrogava-se que forma de saudação seria aquela)
Há uma loja na Flórida por onde passei num dia de verão, que viu uma boa oportunidade em tirar partido do fator “boa onda” da época natalícia. Chamou-lhe “Natal Todos os Dias”. Não sei se foi bem-sucedida, mas parecia ser uma brilhante ideia de venda ao público. Suspeito que possa ter acontecido como em todos os Natais, já que o desejo das pessoas se apegarem à nostalgia e ao clima otimista do peru e ao papel de embrulho se desvaneceu e elas realizaram que, se o Natal é todos os dias, então não há Natal.
A Encarnação, no entanto, é um acontecimento diário. Hoje é a festa da Anunciação, quando Maria é visitada pelo anjo que lhe deu a oportunidade de afirmar um vasto e incondicional Sim em representação de todos nós. Daqui a noves meses, como consequência, estaremos a dizer Feliz Natal. Entretanto haverá mudanças de estações, mais confinamentos, mais teorias da conspiração, mais nacionalismos de vacinação e muitos mais nascimentos e mortes. Mas, no meio de todos os eventos a serem constantemente paridos pelo útero do tempo, como lhe chamava Shakespeare, um bebé estará crescendo em Maria, a universal Mãe.
Como a semente plantada no chão que Jesus comparou ao Reino dos Céus, o bebé cresce, “como, não sabemos”, enquanto nos levantamos de manhã e nos deitamos à noite. É como o nosso “progresso” na meditação. As mudanças que podemos observar e descrever são pequenas em comparação com o que está a acontecer à medida que somos levados pelo rio do tempo para dentro de um universo em expansão cujos limites não podemos ver.
Contudo, precisamos de ser lembrados de que essa vida nova está sendo constantemente formada, porque é muito fácil ficarmos distraídos e desanimados por acontecimentos que obscurecem o propósito essencial das coisas. Apegarmo-nos a boas mas efémeras experiências, como propõe a ideia de “Natal Todos os Dias”, é um investimento de retorno mínimo. Mergulhar cada dia no que está tomando forma, com um incondicional Sim de plena aceitação, é assumir o risco de estar vivo, de morrer e de lavrar com as nossas mortes o solo do renascimento. Então a semente cresce e o rio corre até que, o desabrochar da juventude, o fruto da meia-idade e a colheita dos últimos dias, todos eles, se cumpram.
Tendo vindo a falar sobre o mantra há já alguns anos, estou ciente de que muitas pessoas reagem primeiro à meditação com o ceticismo que o “Natal é Todos os Dias” desperta. Não há como discutir com elas ou com as próprias dúvidas, porque a experiência é a professora. Não há provas salvo a experiência. Mas também não há experiência sem um Sim.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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