
Quaresma 2021 - Quinta-feira Santa
(Evangelho; Jo 13:1-15 “Deveis lavar os pés uns aos outros.”)
Isto é o Meu Corpo. Isto é o Meu Sangue. A Eucaristia significa muitas coisas para todos os tipos de cristãos. Alguns católicos sentem-se mal se não forem todos os dias à Missa. A maioria não vai à Missa, mas sente-se bem por ela estar a ser celebrada algures no mundo a todo o momento. Na imaginação católica, ela é o “sacrifício de Jesus na Cruz”, eternamente oferecido pela salvação do mundo. Entre os Evangélicos ou as Igrejas da Reforma, a Eucaristia nunca ou raramente é celebrada e é vista como uma memória e não como um sacrifício. Lutero pensava que a “Missa Papista” era uma “obra do diabo”. Podemos ver a sua raiva pela maneira como a Igreja de Roma tinha desvirtuado a Missa, transformando-a numa utilidade mágica e numa máquina de fazer dinheiro mas, mesmo assim, talvez ele estivesse a exagerar.
Não entremos em polémicas sobre este momento de transcendente maravilha na história cristã, repetido num ritual que revela uma unicidade além das palavras. O que é triste é que para muitos a sacralidade da Eucaristia, que evoluiu da refeição da Páscoa Judaica e que Jesus celebrou na Sua última noite, seja um vazio sem sentido, uma perda de tempo. A minha experiência é a de que a meditação, a prática contemplativa, preenche de novo o vazio com uma plenitude de significado, com a energia do mistério. Os sacramentos como um todo servem de marcos na viagem da vida e são re-encantados ao começarmos a viagem interior. Não magia, mas um sentido de ligação direta à condição humana, começando pelo corpo que somos hoje e consumando-se no corpo transfigurado. O que acontece é o espanto de descobrirmos todo o nosso “eu” como um microcosmos de todo o universo. Isto levou o salmista a cantar uma vez o “como somos feitos de medo e de maravilha”.
Os grandes curadores são como astronautas explorando o cosmos interior, descobrindo e dando nome aos seus sistemas infinitamente integrados que se encontram dentro de redes de ligação cada vez mais subtis. Os primeiros filósofos pensavam no cosmos como música. O corpo, o microcosmos, é mais parecido com esta música do que com o aparelho mecânico a que a ciência médica tende a reduzi-lo. A música é o alimento do amor. Isto é o Meu corpo com os seus oceanos e rios de sangue. “A Minha carne é verdadeira comida, o Meu sangue é verdadeira bebida”, disse Jesus.
As grandes verdades evocam os seus opostos e as grandes luzes causam escuras sombras. A língua sagrada do Cristianismo é o corpo. A Palavra fez-se carne. Jesus não nos deu uma teoria. Deu-nos o Seu corpo. Como é que então os cristãos conseguiram tornar o corpo em algo pecaminoso e os seus maravilhosos sistemas galácticos, como a beleza e a sexualidade, em algo sinistro? Bem, não olhemos demasiado tempo para trás.
Talvez consigam juntar-se online a nós em Bonnevaux para a Eucaristia de hoje. Se assim for, tenham convosco o vosso próprio pão e vinho. Mas tentem celebrá-la de algum modo no princípio do fim da Quaresma. Tudo o que precisam é de um pouco de pão e vinho. Ao ingeri-los, deixem que o vosso corpo se torne o que é agora o d’Ele. É um alimento espantoso para a viagem de descoberta em que estamos quando meditamos.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho; Jo 13:1-15 “Deveis lavar os pés uns aos outros.”)
Isto é o Meu Corpo. Isto é o Meu Sangue. A Eucaristia significa muitas coisas para todos os tipos de cristãos. Alguns católicos sentem-se mal se não forem todos os dias à Missa. A maioria não vai à Missa, mas sente-se bem por ela estar a ser celebrada algures no mundo a todo o momento. Na imaginação católica, ela é o “sacrifício de Jesus na Cruz”, eternamente oferecido pela salvação do mundo. Entre os Evangélicos ou as Igrejas da Reforma, a Eucaristia nunca ou raramente é celebrada e é vista como uma memória e não como um sacrifício. Lutero pensava que a “Missa Papista” era uma “obra do diabo”. Podemos ver a sua raiva pela maneira como a Igreja de Roma tinha desvirtuado a Missa, transformando-a numa utilidade mágica e numa máquina de fazer dinheiro mas, mesmo assim, talvez ele estivesse a exagerar.
Não entremos em polémicas sobre este momento de transcendente maravilha na história cristã, repetido num ritual que revela uma unicidade além das palavras. O que é triste é que para muitos a sacralidade da Eucaristia, que evoluiu da refeição da Páscoa Judaica e que Jesus celebrou na Sua última noite, seja um vazio sem sentido, uma perda de tempo. A minha experiência é a de que a meditação, a prática contemplativa, preenche de novo o vazio com uma plenitude de significado, com a energia do mistério. Os sacramentos como um todo servem de marcos na viagem da vida e são re-encantados ao começarmos a viagem interior. Não magia, mas um sentido de ligação direta à condição humana, começando pelo corpo que somos hoje e consumando-se no corpo transfigurado. O que acontece é o espanto de descobrirmos todo o nosso “eu” como um microcosmos de todo o universo. Isto levou o salmista a cantar uma vez o “como somos feitos de medo e de maravilha”.
Os grandes curadores são como astronautas explorando o cosmos interior, descobrindo e dando nome aos seus sistemas infinitamente integrados que se encontram dentro de redes de ligação cada vez mais subtis. Os primeiros filósofos pensavam no cosmos como música. O corpo, o microcosmos, é mais parecido com esta música do que com o aparelho mecânico a que a ciência médica tende a reduzi-lo. A música é o alimento do amor. Isto é o Meu corpo com os seus oceanos e rios de sangue. “A Minha carne é verdadeira comida, o Meu sangue é verdadeira bebida”, disse Jesus.
As grandes verdades evocam os seus opostos e as grandes luzes causam escuras sombras. A língua sagrada do Cristianismo é o corpo. A Palavra fez-se carne. Jesus não nos deu uma teoria. Deu-nos o Seu corpo. Como é que então os cristãos conseguiram tornar o corpo em algo pecaminoso e os seus maravilhosos sistemas galácticos, como a beleza e a sexualidade, em algo sinistro? Bem, não olhemos demasiado tempo para trás.
Talvez consigam juntar-se online a nós em Bonnevaux para a Eucaristia de hoje. Se assim for, tenham convosco o vosso próprio pão e vinho. Mas tentem celebrá-la de algum modo no princípio do fim da Quaresma. Tudo o que precisam é de um pouco de pão e vinho. Ao ingeri-los, deixem que o vosso corpo se torne o que é agora o d’Ele. É um alimento espantoso para a viagem de descoberta em que estamos quando meditamos.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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