
Quaresma 2021 – Segunda-feira da Terceira Semana
(Evangelho de Lc 4:24-30. Nenhum profeta é aceite na sua própria pátria).
«O que o faz SENTIR-SE BEM? (foto aqui de pessoas esbeltas e bem-parecidas a divertirem-se à grande). Pode ser uma sessão normal de corrida, ou talvez você seja mais do tipo “banho e livro”. Reserve um tempo todos os dias para se focar em si.»
Transmito este conselho da Marks and Spencer que surgiu furtivamente no meu email hoje. Talvez devesse qualificá-lo, mas não o condeno inteiramente. Uma rejeição puritana de todas as formas de prazer é anticristã. Um certo rabi disse uma vez que, no dia do julgamento final, iremos ser responsabilizados por cada prazer legítimo que não aceitámos. Uma atitude de aceitação do prazer e da dor parece estar mais perto de uma saúde moral e espiritual; mas ela também exige uma maior discrição e autodisciplina do que o fundamentalista medo de “sentir-se bem” num sentido sensorial.
Especialmente neste tempo da Covid, quando tantos prazeres simples foram retirados do nosso alcance e criminalizados fora das bolhas de segurança, sentir-se bem nesse sentido comum não devia ser visto como um problema. As pessoas descobriram outras maneiras de encontrar ou intensificar o prazer para se compensarem. Vi o rosto de um homem transfigurado pelo seu zoom diário com o seu neto antes do rapaz ir para a cama. Muita gente, eu estou excluindo, encontrou um grande prazer num mergulho diário em água gelada, ao qual se referem frequentemente como um despertar espiritual. Eu encontrei um prazer mais nutritivo no meu eremitério, ao descobrir que era capaz de cozinhar um refogado, coisa que antes pensava ser algo muito especializado e fora do meu alcance.
Submetidas a condições extremamente difíceis, as pessoas podem achar um grande prazer em coisas simples e infantis. Enquanto ia mudando entre os campos de concentração para judeus sob a tutela nazi, até à sua própria viagem de comboio para a morte, Etty Hillesum, descreve o abençoado prazer que sentia ao observar as flores da Primavera ou nos breves contactos com as famílias que ajudava. Descobrir prazeres assim ajuda-nos a restaurar um sentimento redescoberto de inocência, o qual nos dá energia e nos alivia de toda a carga de opressão, culpa ou vergonha que possamos ter estado a carregar. A publicidade que eu recebi era para prazeres comprados por cartão online e, assim, não se referem aos que emergem graciosamente a partir do tecido da vida quotidiana. O velho adágio “as coisas melhores da vida são gratuitas” não se aplica à maior parte das estratégias comerciais.
Talvez num dia pós-Covid se possa acrescentar o prazer de se ser restituído a um sentimento de paz e inteireza através da meditação. A descrição acima poderá, então, dizer: O que o faz sentir-se bem? Pode ser uma sessão de corrida regular. Ou talvez você seja uma pessoa tipo banho e livro. E, claro, as suas meditações diárias. Reserve um tempo todos os dias para se sentir realmente bem retirando a atenção de si próprio.
Laurence
(Evangelho de Lc 4:24-30. Nenhum profeta é aceite na sua própria pátria).
«O que o faz SENTIR-SE BEM? (foto aqui de pessoas esbeltas e bem-parecidas a divertirem-se à grande). Pode ser uma sessão normal de corrida, ou talvez você seja mais do tipo “banho e livro”. Reserve um tempo todos os dias para se focar em si.»
Transmito este conselho da Marks and Spencer que surgiu furtivamente no meu email hoje. Talvez devesse qualificá-lo, mas não o condeno inteiramente. Uma rejeição puritana de todas as formas de prazer é anticristã. Um certo rabi disse uma vez que, no dia do julgamento final, iremos ser responsabilizados por cada prazer legítimo que não aceitámos. Uma atitude de aceitação do prazer e da dor parece estar mais perto de uma saúde moral e espiritual; mas ela também exige uma maior discrição e autodisciplina do que o fundamentalista medo de “sentir-se bem” num sentido sensorial.
Especialmente neste tempo da Covid, quando tantos prazeres simples foram retirados do nosso alcance e criminalizados fora das bolhas de segurança, sentir-se bem nesse sentido comum não devia ser visto como um problema. As pessoas descobriram outras maneiras de encontrar ou intensificar o prazer para se compensarem. Vi o rosto de um homem transfigurado pelo seu zoom diário com o seu neto antes do rapaz ir para a cama. Muita gente, eu estou excluindo, encontrou um grande prazer num mergulho diário em água gelada, ao qual se referem frequentemente como um despertar espiritual. Eu encontrei um prazer mais nutritivo no meu eremitério, ao descobrir que era capaz de cozinhar um refogado, coisa que antes pensava ser algo muito especializado e fora do meu alcance.
Submetidas a condições extremamente difíceis, as pessoas podem achar um grande prazer em coisas simples e infantis. Enquanto ia mudando entre os campos de concentração para judeus sob a tutela nazi, até à sua própria viagem de comboio para a morte, Etty Hillesum, descreve o abençoado prazer que sentia ao observar as flores da Primavera ou nos breves contactos com as famílias que ajudava. Descobrir prazeres assim ajuda-nos a restaurar um sentimento redescoberto de inocência, o qual nos dá energia e nos alivia de toda a carga de opressão, culpa ou vergonha que possamos ter estado a carregar. A publicidade que eu recebi era para prazeres comprados por cartão online e, assim, não se referem aos que emergem graciosamente a partir do tecido da vida quotidiana. O velho adágio “as coisas melhores da vida são gratuitas” não se aplica à maior parte das estratégias comerciais.
Talvez num dia pós-Covid se possa acrescentar o prazer de se ser restituído a um sentimento de paz e inteireza através da meditação. A descrição acima poderá, então, dizer: O que o faz sentir-se bem? Pode ser uma sessão de corrida regular. Ou talvez você seja uma pessoa tipo banho e livro. E, claro, as suas meditações diárias. Reserve um tempo todos os dias para se sentir realmente bem retirando a atenção de si próprio.
Laurence