
Quaresma 2021 - Sexta-feira da Primeira Semana
O Evangelho de hoje é: Mateus 5:20-26 “Pois digo-vos que, a não ser que a vossa justiça exceda a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos Céus.”
Algumas pessoas têm-me questionado recentemente sobre como é que o Ano Covid me influenciou pessoalmente. Julgo estar entre os dez por cento das pessoas que, segundo sugere a investigação, retiraram da situação uma vantagem geral, por algo embaraçoso que possa ser dizê-lo.
Aparentemente, 60% das pessoas foram muito resilientes, algumas com uma doença mental pré-existente sofreram intensamente e outras sofreram episódios de depressão e ansiedade. Claro que esta é uma simples pesquisa estatística que ignora a sacralidade de cada experiência pessoal e a imensidade da tragédia que tem sido para alguns. A maior parte de nós moveu-se, ao longo do ano, por entre um espectro de respostas. Uma avaliação final poderá não ser conclusiva por alguns anos. Conheço pessoas que morreram e outras que têm sofrido de uma longa Covid. E estou muitíssimo consciente de que, embora tenhamos sido todos atingidos pela mesma tempestade, não estivemos, de modo nenhum, todos no mesmo barco.
Quando as paralisações começaram, eu estava em Bonnevaux com uma calorosa, animada e amorosa comunidade. É um lugar de uma grande beleza natural e uma longa história de contemplação impregnou-se na terra e nos edifícios, permitindo que emita uma contínua energia de paz. Ao longo dos anos tenho viajado muito. Mas, de cada vez que partia para uma viagem, muitas vezes tinha a esperança, por breves momentos no dia anterior ao da partida, que qualquer coisa acontecesse para cancelá-la. Algumas pessoas assumiram que eu me tinha apegado às viagens só pelo gosto de viajar, mas isso não é verdade. Contudo, uma vez longe, sentia-me em casa em todo o lado e profundamente abençoado pelas pessoas e lugares que visitava. Quando as viagens pararam, não senti de todo a falta delas e passei nove meses em Bonnevaux quase sempre contentemente. Entre o programa diário espiritual, sendo parte do que outros estavam a viver em comunidade e com sessenta e sete comunidades nacionais como família alargada, foi uma vida cheia, de facto muito cheia.
Sentimos a necessidade de chegarmos até às pessoas que se encontravam menos seguras e mais carentes do que nós. Por isso, desenvolvemos um programa online de formação e acompanhamento da meditação, oferecendo retiros e cursos e muitos conferencistas e diálogos, com o intuito de ajudar as pessoas a dar um sentido contemplativo à crise. Pelos comentários recebidos, sentimos que ele valeu a pena e foi, sem dúvida, um tempo intenso e criativo. Descobri o potencial espiritual da internet e também como isso podia ser mais exigente, em tempo e energia, do que a dimensão física. Também me senti com mais claridade em relação ao papel que Bonnevaux estava a ser chamado a desempenhar.
Depois, quando a comunidade decidiu parar por uns tempos, no fim do ano, vim para um ermitério em Bere Island e tenho passado várias semanas em solidão. Apesar de manter o ensino online, a vida tem sido muito diferente. Tenho podido fixar o meu próprio plano diário e meditar mais longamente. Tem sido, não só um tempo menos intenso do que antes, mas também me ajudou a revitalizar capacidades pessoais de paz e vivência contemplativa que tinham enfraquecido sem que eu desse por isso.
A Covid não tem sido nada fácil, mas tenho sofrido muito menos do que muitos outros. Espero que as graças que inesperadamente emergiram me ajudarão a, na nossa comunidade, servir melhor os que buscam um sentido neste caos, paz nos seus medos e Deus nos seus corações.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
original: AQUI
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
O Evangelho de hoje é: Mateus 5:20-26 “Pois digo-vos que, a não ser que a vossa justiça exceda a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos Céus.”
Algumas pessoas têm-me questionado recentemente sobre como é que o Ano Covid me influenciou pessoalmente. Julgo estar entre os dez por cento das pessoas que, segundo sugere a investigação, retiraram da situação uma vantagem geral, por algo embaraçoso que possa ser dizê-lo.
Aparentemente, 60% das pessoas foram muito resilientes, algumas com uma doença mental pré-existente sofreram intensamente e outras sofreram episódios de depressão e ansiedade. Claro que esta é uma simples pesquisa estatística que ignora a sacralidade de cada experiência pessoal e a imensidade da tragédia que tem sido para alguns. A maior parte de nós moveu-se, ao longo do ano, por entre um espectro de respostas. Uma avaliação final poderá não ser conclusiva por alguns anos. Conheço pessoas que morreram e outras que têm sofrido de uma longa Covid. E estou muitíssimo consciente de que, embora tenhamos sido todos atingidos pela mesma tempestade, não estivemos, de modo nenhum, todos no mesmo barco.
Quando as paralisações começaram, eu estava em Bonnevaux com uma calorosa, animada e amorosa comunidade. É um lugar de uma grande beleza natural e uma longa história de contemplação impregnou-se na terra e nos edifícios, permitindo que emita uma contínua energia de paz. Ao longo dos anos tenho viajado muito. Mas, de cada vez que partia para uma viagem, muitas vezes tinha a esperança, por breves momentos no dia anterior ao da partida, que qualquer coisa acontecesse para cancelá-la. Algumas pessoas assumiram que eu me tinha apegado às viagens só pelo gosto de viajar, mas isso não é verdade. Contudo, uma vez longe, sentia-me em casa em todo o lado e profundamente abençoado pelas pessoas e lugares que visitava. Quando as viagens pararam, não senti de todo a falta delas e passei nove meses em Bonnevaux quase sempre contentemente. Entre o programa diário espiritual, sendo parte do que outros estavam a viver em comunidade e com sessenta e sete comunidades nacionais como família alargada, foi uma vida cheia, de facto muito cheia.
Sentimos a necessidade de chegarmos até às pessoas que se encontravam menos seguras e mais carentes do que nós. Por isso, desenvolvemos um programa online de formação e acompanhamento da meditação, oferecendo retiros e cursos e muitos conferencistas e diálogos, com o intuito de ajudar as pessoas a dar um sentido contemplativo à crise. Pelos comentários recebidos, sentimos que ele valeu a pena e foi, sem dúvida, um tempo intenso e criativo. Descobri o potencial espiritual da internet e também como isso podia ser mais exigente, em tempo e energia, do que a dimensão física. Também me senti com mais claridade em relação ao papel que Bonnevaux estava a ser chamado a desempenhar.
Depois, quando a comunidade decidiu parar por uns tempos, no fim do ano, vim para um ermitério em Bere Island e tenho passado várias semanas em solidão. Apesar de manter o ensino online, a vida tem sido muito diferente. Tenho podido fixar o meu próprio plano diário e meditar mais longamente. Tem sido, não só um tempo menos intenso do que antes, mas também me ajudou a revitalizar capacidades pessoais de paz e vivência contemplativa que tinham enfraquecido sem que eu desse por isso.
A Covid não tem sido nada fácil, mas tenho sofrido muito menos do que muitos outros. Espero que as graças que inesperadamente emergiram me ajudarão a, na nossa comunidade, servir melhor os que buscam um sentido neste caos, paz nos seus medos e Deus nos seus corações.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
original: AQUI
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
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