
Quaresma 2021 - Terça-feira da Quarta Semana
(Evangelho: João 5:1-3,5-16. “Queres ficar são de novo?”)
Jesus faz muitas perguntas. Tal como os verdadeiros professores, a sua intenção não é dar às pessoas respostas, mas ajudar o estudante a descobrir a verdade por si mesmo. “Na vossa própria experiência”, como dizia John Main tantas vezes. Uma pergunta tem um poder revelador. Parsifal, na Lenda do Santo Graal, por causa da sua imaturidade e dúvida sobre si mesmo, fracassa por não fazer ao rei ferido a pergunta que o iria curar, a ele e à terra em agonia: “o que é o Graal e a quem é que ele serve?”
As perguntas corajosamente colocadas ou profundamente escutadas podem inesperadamente revelar a fonte da consciência. Se olharmos para trás nas nossas vidas, poderemos recordar momentos pivô, que muitas vezes pareceram completamente comuns na altura, e que fizeram isto mesmo. Recordamo-los porque nos elevaram para um outro nível de consciência. Vou partilhar alguns desses momentos da minha vida para vos encorajar a identificar momentos similares na vossa, se tiverem tempo para coisas tão frívolas. Quando andava na escola, tinha grande interesse por selos. No caminho para casa, parava muitas vezes para olhar pasmado e cheio de ânsia a montra duma loja que expunha muitos pacotes e coleções de selos. Um dia, um amigo da minha família passou por ali e cumprimentou-me. No dia seguinte, enquanto eu estava absorvido a olhar para a mesma montra, ele passou por ali de novo, perguntando-me com humor: “Olá Laurence! Estás aí desde ontem?” Pop!
Porque é que eu haveria de recordar isto de forma tão vívida? A palavra “consciente” é composta por duas palavras: com (“com”) e scio (“eu sei”). Estar consciente significa “saber com”. Tornamo-nos mais conscientes quando encontramos alguém que sabe connosco. Se nos conhecer melhor do que nós nos conhecemos a nós mesmos, ficamos intrigados por nos conhecermos com ele. Estar na companhia de pessoas mais conscientes, mais despertas, estimula o crescimento em consciência. Meditar em conjunto é “saber com”. Outro momento para mim, quando era estudante, aconteceu quando estava em Pall Mall, no centro de Londres, tendo acabado de almoçar com John Main. Estávamos a despedir-nos pois ele ia regressar em breve para os Estados Unidos. Demos um aperto de mão. Pop! Acabava de saltar outro na minha cabeça. Depois de começar a trabalhar na City, ia muitas vezes de manhã bem cedo à missa e caminhava da igreja até à estação naquele estado de comunhão eucarística que os cristãos conhecem. Num certo dia normal, ao fundo da colina, de novo: Pop! Porquê estes momentos e não outras experiências mais dramáticas, isso não sei.
A consciência tem a ver com a ligação e a mútua compreensão. É o segredo de Jesus e do seu Pai e a natureza de Deus como Estando em Comunhão. É o mesmo sempre e em toda a parte; por isso, pode saltar (pop) em qualquer momento.
Aproveitamos momentos particulares, como a Quaresma, ou uma celebração especial, ou a nossa meditação quotidiana, para fazer o trabalho necessário para crescer gradualmente em consciência e em recetividade a esta realidade. Só o nosso ego é que nos bloqueia de “sabermos-com” a todo o momento. Sempre que o ego resvala, por qualquer razão ou pelo tempo que for, acontece um “Pop”.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho: João 5:1-3,5-16. “Queres ficar são de novo?”)
Jesus faz muitas perguntas. Tal como os verdadeiros professores, a sua intenção não é dar às pessoas respostas, mas ajudar o estudante a descobrir a verdade por si mesmo. “Na vossa própria experiência”, como dizia John Main tantas vezes. Uma pergunta tem um poder revelador. Parsifal, na Lenda do Santo Graal, por causa da sua imaturidade e dúvida sobre si mesmo, fracassa por não fazer ao rei ferido a pergunta que o iria curar, a ele e à terra em agonia: “o que é o Graal e a quem é que ele serve?”
As perguntas corajosamente colocadas ou profundamente escutadas podem inesperadamente revelar a fonte da consciência. Se olharmos para trás nas nossas vidas, poderemos recordar momentos pivô, que muitas vezes pareceram completamente comuns na altura, e que fizeram isto mesmo. Recordamo-los porque nos elevaram para um outro nível de consciência. Vou partilhar alguns desses momentos da minha vida para vos encorajar a identificar momentos similares na vossa, se tiverem tempo para coisas tão frívolas. Quando andava na escola, tinha grande interesse por selos. No caminho para casa, parava muitas vezes para olhar pasmado e cheio de ânsia a montra duma loja que expunha muitos pacotes e coleções de selos. Um dia, um amigo da minha família passou por ali e cumprimentou-me. No dia seguinte, enquanto eu estava absorvido a olhar para a mesma montra, ele passou por ali de novo, perguntando-me com humor: “Olá Laurence! Estás aí desde ontem?” Pop!
Porque é que eu haveria de recordar isto de forma tão vívida? A palavra “consciente” é composta por duas palavras: com (“com”) e scio (“eu sei”). Estar consciente significa “saber com”. Tornamo-nos mais conscientes quando encontramos alguém que sabe connosco. Se nos conhecer melhor do que nós nos conhecemos a nós mesmos, ficamos intrigados por nos conhecermos com ele. Estar na companhia de pessoas mais conscientes, mais despertas, estimula o crescimento em consciência. Meditar em conjunto é “saber com”. Outro momento para mim, quando era estudante, aconteceu quando estava em Pall Mall, no centro de Londres, tendo acabado de almoçar com John Main. Estávamos a despedir-nos pois ele ia regressar em breve para os Estados Unidos. Demos um aperto de mão. Pop! Acabava de saltar outro na minha cabeça. Depois de começar a trabalhar na City, ia muitas vezes de manhã bem cedo à missa e caminhava da igreja até à estação naquele estado de comunhão eucarística que os cristãos conhecem. Num certo dia normal, ao fundo da colina, de novo: Pop! Porquê estes momentos e não outras experiências mais dramáticas, isso não sei.
A consciência tem a ver com a ligação e a mútua compreensão. É o segredo de Jesus e do seu Pai e a natureza de Deus como Estando em Comunhão. É o mesmo sempre e em toda a parte; por isso, pode saltar (pop) em qualquer momento.
Aproveitamos momentos particulares, como a Quaresma, ou uma celebração especial, ou a nossa meditação quotidiana, para fazer o trabalho necessário para crescer gradualmente em consciência e em recetividade a esta realidade. Só o nosso ego é que nos bloqueia de “sabermos-com” a todo o momento. Sempre que o ego resvala, por qualquer razão ou pelo tempo que for, acontece um “Pop”.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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