
Quaresma 2021 - Terça-feira da Quinta Semana
(Evangelho Jo 8:21-30. Conforme o Pai me ensinou é que falo.)
Antes do grande confinamento, muitas pessoas estavam estressadas pelo trabalho, as viagens, as reuniões e a correria da vida moderna. A sua energia pessoal era despendida apenas sobrevivendo nas grandes cidades que construímos para nosso prazer mas que, para muitos se tornaram uma prisão. Desde o confinamento e as novas vagas do vírus, para muita gente, o estresse surgiu de muitos lados: solidão, preocupações financeiras, exigências dos cuidados infantis, falta de contato físico. O estresse resulta de uma excessiva tensão, que por vezes conduz a uma crise de nervos ou a um colapso. Debaixo dessa pressão estressante, nós naturalmente procuramos relaxar a tensão. Alguns poderão tentar a meditação e uma vida mais saudável; mas outros brincam com álcool, drogas, comer em demasia ou outras vias.
O relaxamento é natural e necessário tanto para a saúde física como para o equilíbrio mental. O problema começa quando os próprios meios de relaxamento se tornam artificiais e excessivos. Precisamos de estar relaxados quando meditamos, assim como meditamos para relaxar. Não há realização de si mesmo (Self) se nos esforçarmos demais na procura ou se a nossa expectativa em relação aos resultados ultrapassar o especificamente necessário para o fim em vista.
Se relaxarmos natural e saudavelmente – e abordarmos a meditação do mesmo modo que cuidamos dos nossos estados físico e emocional – encontraremos o grau certo de tensão. A tensão não é a inimiga, mas sim a amiga. A vida sem tensão é inviável: ou colapsa ou acaba. Até andar naturalmente pelo quarto ou bater nas teclas do teclado implica tensão no grau certo.
Tensão a mais ou a menos é um problema com consequências terríveis. Como saberemos então se estamos a ir na direção certa? Porque nós e outros a quem servimos saberemos que estamos a prestar atenção mais plenamente, na medida em que nos damos às pessoas e às tarefas. O grau perfeito de tensão é a pura atenção.
A atenção precisa de ser dirigida e depois, suave e firmemente mantida. Independentemente daquilo a que estamos a dar a nossa atenção (e a nós próprios), ela torna-se então, o embevecido olhar do amor ou da contemplação. Pura atenção a um outro é atenção a o Outro, a Deus que é o fundamento do ser em todas as coisas, boas e más. Ao prestarmos atenção a algo de bom, isso poderá ser sentido como deleite ou sermos energizados. No caso de algo indesejável ou hostil é sentido como perdão ou compaixão.
Porque se presta atenção a Deus em todas as coisas e porque atenção é amor, quando nós verdadeiramente prestamos atenção (ainda que imperfeitamente) sentimos reciprocidade. O grau perfeito de tensão é pura atenção ao outro que está em troca contínua com a atenção que recebemos de Deus. À medida que a nossa atenção muda de nós próprios movendo-se para um outro, a troca entre os “eus” vai ainda mais fundo, da reciprocidade e mutualidade à unidade. Quando fica bloqueada em nós mesmos, sentimo-nos isolados e não-amados. A troca de amor correspondido e correspondendo é criação. É nascimento e morte – e a ressurreição que transcende ambos. É quietude e é a dança de Ser-em-Amor, a que chamamos, por conveniência, “Deus”.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
(Evangelho Jo 8:21-30. Conforme o Pai me ensinou é que falo.)
Antes do grande confinamento, muitas pessoas estavam estressadas pelo trabalho, as viagens, as reuniões e a correria da vida moderna. A sua energia pessoal era despendida apenas sobrevivendo nas grandes cidades que construímos para nosso prazer mas que, para muitos se tornaram uma prisão. Desde o confinamento e as novas vagas do vírus, para muita gente, o estresse surgiu de muitos lados: solidão, preocupações financeiras, exigências dos cuidados infantis, falta de contato físico. O estresse resulta de uma excessiva tensão, que por vezes conduz a uma crise de nervos ou a um colapso. Debaixo dessa pressão estressante, nós naturalmente procuramos relaxar a tensão. Alguns poderão tentar a meditação e uma vida mais saudável; mas outros brincam com álcool, drogas, comer em demasia ou outras vias.
O relaxamento é natural e necessário tanto para a saúde física como para o equilíbrio mental. O problema começa quando os próprios meios de relaxamento se tornam artificiais e excessivos. Precisamos de estar relaxados quando meditamos, assim como meditamos para relaxar. Não há realização de si mesmo (Self) se nos esforçarmos demais na procura ou se a nossa expectativa em relação aos resultados ultrapassar o especificamente necessário para o fim em vista.
Se relaxarmos natural e saudavelmente – e abordarmos a meditação do mesmo modo que cuidamos dos nossos estados físico e emocional – encontraremos o grau certo de tensão. A tensão não é a inimiga, mas sim a amiga. A vida sem tensão é inviável: ou colapsa ou acaba. Até andar naturalmente pelo quarto ou bater nas teclas do teclado implica tensão no grau certo.
Tensão a mais ou a menos é um problema com consequências terríveis. Como saberemos então se estamos a ir na direção certa? Porque nós e outros a quem servimos saberemos que estamos a prestar atenção mais plenamente, na medida em que nos damos às pessoas e às tarefas. O grau perfeito de tensão é a pura atenção.
A atenção precisa de ser dirigida e depois, suave e firmemente mantida. Independentemente daquilo a que estamos a dar a nossa atenção (e a nós próprios), ela torna-se então, o embevecido olhar do amor ou da contemplação. Pura atenção a um outro é atenção a o Outro, a Deus que é o fundamento do ser em todas as coisas, boas e más. Ao prestarmos atenção a algo de bom, isso poderá ser sentido como deleite ou sermos energizados. No caso de algo indesejável ou hostil é sentido como perdão ou compaixão.
Porque se presta atenção a Deus em todas as coisas e porque atenção é amor, quando nós verdadeiramente prestamos atenção (ainda que imperfeitamente) sentimos reciprocidade. O grau perfeito de tensão é pura atenção ao outro que está em troca contínua com a atenção que recebemos de Deus. À medida que a nossa atenção muda de nós próprios movendo-se para um outro, a troca entre os “eus” vai ainda mais fundo, da reciprocidade e mutualidade à unidade. Quando fica bloqueada em nós mesmos, sentimo-nos isolados e não-amados. A troca de amor correspondido e correspondendo é criação. É nascimento e morte – e a ressurreição que transcende ambos. É quietude e é a dança de Ser-em-Amor, a que chamamos, por conveniência, “Deus”.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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