
Segunda-feira da Segundo Semana
Se há um coisa que esta Quaresma em particular deveria estar a fazer é verificar a condição do nosso coração. Temos suficientes testes de esforço disponíveis na vida quotidiana e na nossa resposta a esta crise global.
Em todas as tradições místicas, o coração é entendido como um portal entre este mundo e o próximo, de forma a poderem fundir-se e tornar-se um só. Mas a porta do coração precisa ser aberta e escancarada, para isto acontecer. As consequências dum coração fechado contra os outros devastam e destroem interiormente e, por fim, no exterior. Ontem eu estava a ler uma avaliação geopolítica da crise da Ucrânia e compreendi como a excessiva intelectualização duma situação de sofrimento humano faz bater e trancar a porta do coração. A abstração torna-nos sem coração e a ausência de coração piora qualquer situação. Sem dúvida que certos diplomatas e estrategas em alguns países ignoram o bombardeamento de infantários e hospitais para se concentrarem apenas nos objetivos estratégicos de longo prazo da China, dos EUA e da União Europeia. Mais crianças e refugiados irão morrer como resultado direto disso.
Tem aquecido o coração a muitos ver a forma como países que, anteriormente, fecharam os corações e as fronteiras aos refugiados sírios, como a Polónia e a Hungria, estão a abrir os braços aos ucranianos que fogem da morte e da destruição. Espera-se que seja um sinal duma conversão permanente. No entanto, a capacidade para desenvolver e defender um coração de pedra está poderosamente imbricada na psique humana. O espírito humano clama por ser libertado deste encarceramento. Desejá-lo é em si mesmo virar-se para Deus:
Dar-te-ei um coração novo e porei um novo espírito em ti; Eu retirarei de ti o teu coração de pedra e dar-te-ei um coração de carne. (Ezequiel 36:26)
Há momentos de fraqueza num coração empedernido, quando baixamos a guarda e vislumbramos o que estamos a fazer, a nós mesmos e aos outros, mantendo uma posição teimosa. Mas estas são ocorrências raras e as reservas do ego rapidamente se vertem para tapar a brecha. Reconhecer a resistência em nós mesmos a mudar o nosso ponto de vista torna mais fácil ver o que acontece na mente dos estrategas geopolíticos, cujos corações se fecharam e deixaram as suas mentes à mercê dos seus egos. A implacabilidade do tirano e a sua resistência à discussão é uma horrível ampliação da nossa própria relutância em ceder terreno nos conflitos domésticos ou locais.
Há quatrocentos anos, o filósofo Francis Bacon disse: “Assim que um intelecto humano adota uma opinião (seja como algo de que gosta ou como algo geralmente aceite), vai buscar tudo o resto para confirmá-la e apoiá-la.”
Não conseguimos mudar o pensamento duma pessoa sem tocar o ser coração.
Não podemos ir a uma festa dizendo: “vou me apaixonar por alguém”. Apaixonar-se é uma outra maneira de abrir o coração e ela sempre nos surpreende. Ficamos perturbados, mas felizes, por sermos surpreendidos desta maneira. Mas como é que surpreendemos o tirano cujo coração se tornou pedra?
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Se há um coisa que esta Quaresma em particular deveria estar a fazer é verificar a condição do nosso coração. Temos suficientes testes de esforço disponíveis na vida quotidiana e na nossa resposta a esta crise global.
Em todas as tradições místicas, o coração é entendido como um portal entre este mundo e o próximo, de forma a poderem fundir-se e tornar-se um só. Mas a porta do coração precisa ser aberta e escancarada, para isto acontecer. As consequências dum coração fechado contra os outros devastam e destroem interiormente e, por fim, no exterior. Ontem eu estava a ler uma avaliação geopolítica da crise da Ucrânia e compreendi como a excessiva intelectualização duma situação de sofrimento humano faz bater e trancar a porta do coração. A abstração torna-nos sem coração e a ausência de coração piora qualquer situação. Sem dúvida que certos diplomatas e estrategas em alguns países ignoram o bombardeamento de infantários e hospitais para se concentrarem apenas nos objetivos estratégicos de longo prazo da China, dos EUA e da União Europeia. Mais crianças e refugiados irão morrer como resultado direto disso.
Tem aquecido o coração a muitos ver a forma como países que, anteriormente, fecharam os corações e as fronteiras aos refugiados sírios, como a Polónia e a Hungria, estão a abrir os braços aos ucranianos que fogem da morte e da destruição. Espera-se que seja um sinal duma conversão permanente. No entanto, a capacidade para desenvolver e defender um coração de pedra está poderosamente imbricada na psique humana. O espírito humano clama por ser libertado deste encarceramento. Desejá-lo é em si mesmo virar-se para Deus:
Dar-te-ei um coração novo e porei um novo espírito em ti; Eu retirarei de ti o teu coração de pedra e dar-te-ei um coração de carne. (Ezequiel 36:26)
Há momentos de fraqueza num coração empedernido, quando baixamos a guarda e vislumbramos o que estamos a fazer, a nós mesmos e aos outros, mantendo uma posição teimosa. Mas estas são ocorrências raras e as reservas do ego rapidamente se vertem para tapar a brecha. Reconhecer a resistência em nós mesmos a mudar o nosso ponto de vista torna mais fácil ver o que acontece na mente dos estrategas geopolíticos, cujos corações se fecharam e deixaram as suas mentes à mercê dos seus egos. A implacabilidade do tirano e a sua resistência à discussão é uma horrível ampliação da nossa própria relutância em ceder terreno nos conflitos domésticos ou locais.
Há quatrocentos anos, o filósofo Francis Bacon disse: “Assim que um intelecto humano adota uma opinião (seja como algo de que gosta ou como algo geralmente aceite), vai buscar tudo o resto para confirmá-la e apoiá-la.”
Não conseguimos mudar o pensamento duma pessoa sem tocar o ser coração.
Não podemos ir a uma festa dizendo: “vou me apaixonar por alguém”. Apaixonar-se é uma outra maneira de abrir o coração e ela sempre nos surpreende. Ficamos perturbados, mas felizes, por sermos surpreendidos desta maneira. Mas como é que surpreendemos o tirano cujo coração se tornou pedra?
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv