
Quarta-feira da Quinta Semana
Lembram-se do tempo em que se consultava um mapa para ir aonde queríamos? Toda a gente em Londres tinha um “De A a Z em Londres”, com todos os pequenos becos com o seu nome, embora, é claro, o sítio para onde íamos estivesse sempre ilegível na margem da página. Agora, descansamos na grande passividade do GPS, guiados por uma voz à nossa escolha, a partir de satélites que circundam o planeta e nos corrigem com a implacável paciência do Espírito Santo, sempre que desobedecemos às suas ordens.
Os mapas e as instruções ajudam a navegar em muitas das voltas e reviravoltas da vida. Sem as orientações que eles dão, podemos sentir-nos à deriva. O jovem que me disse: “Tenho o que eu queria; eu o consegui; mas sinto-me completamente perdido” era um vagabundo que se sentia sem ter um caminho ou direção. Tinha esperança de que a sua casa fosse o seu destino. Mas tinha-se desconectado de conhecer a sua casa como a direção na qual estamos a viajar, de um momento para o outro.
Nós facilmente sobrevalorizamos mapas, sistemas, explicações e até mesmo palavras sábias de orientação. O que realmente importa é estar em casa por entre as transições da vida. Por exemplo, no jargão espiritual, falamos de “níveis de consciência” e desenhamos diagramas que nos dão a sensação de trazer ordem à confusão criada por todas as coisas, deslizando e embatendo umas nas outras.
Olhar para mapas ou diagramas ou escutar brilhantes teorias pode parecer como se estivéssemos a olhar para grandes saltos de um nível para outro. Saltos que podemos não ter a coragem ou a energia para dar. Mas pensemos na vida como uma série de salas interconectadas num museu, cheias de fascinantes e deliciosas descobertas do passado e desafiantes vislumbres de possíveis futuros. A porta duma sala para a outra está sempre aberta. Não estamos trancados na nossa sala presente. Não há razão para temer a expansão do nosso sentido de “eu” ao movermos de uma para outra.
Podemos ver um mapa do museu na parede mas a experiência que realmente importa não é memorizá-lo, mas sim a experiência de busca e descoberta. Lentamente, gera-se um sentido da forma e da estrutura que estamos a explorar e ele torna-se a nossa própria forma.
Isto demora tempo – quarenta anos do Êxodo ou quarenta dias no deserto. Tememos ser vagabundos e queremos regressar, mas o medo evolui para a maravilha e o passado é transformado pelo que descobrimos no presente. Ó feliz Quaresma! Ó corajosa Ucrânia, aguenta firme!
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Lembram-se do tempo em que se consultava um mapa para ir aonde queríamos? Toda a gente em Londres tinha um “De A a Z em Londres”, com todos os pequenos becos com o seu nome, embora, é claro, o sítio para onde íamos estivesse sempre ilegível na margem da página. Agora, descansamos na grande passividade do GPS, guiados por uma voz à nossa escolha, a partir de satélites que circundam o planeta e nos corrigem com a implacável paciência do Espírito Santo, sempre que desobedecemos às suas ordens.
Os mapas e as instruções ajudam a navegar em muitas das voltas e reviravoltas da vida. Sem as orientações que eles dão, podemos sentir-nos à deriva. O jovem que me disse: “Tenho o que eu queria; eu o consegui; mas sinto-me completamente perdido” era um vagabundo que se sentia sem ter um caminho ou direção. Tinha esperança de que a sua casa fosse o seu destino. Mas tinha-se desconectado de conhecer a sua casa como a direção na qual estamos a viajar, de um momento para o outro.
Nós facilmente sobrevalorizamos mapas, sistemas, explicações e até mesmo palavras sábias de orientação. O que realmente importa é estar em casa por entre as transições da vida. Por exemplo, no jargão espiritual, falamos de “níveis de consciência” e desenhamos diagramas que nos dão a sensação de trazer ordem à confusão criada por todas as coisas, deslizando e embatendo umas nas outras.
Olhar para mapas ou diagramas ou escutar brilhantes teorias pode parecer como se estivéssemos a olhar para grandes saltos de um nível para outro. Saltos que podemos não ter a coragem ou a energia para dar. Mas pensemos na vida como uma série de salas interconectadas num museu, cheias de fascinantes e deliciosas descobertas do passado e desafiantes vislumbres de possíveis futuros. A porta duma sala para a outra está sempre aberta. Não estamos trancados na nossa sala presente. Não há razão para temer a expansão do nosso sentido de “eu” ao movermos de uma para outra.
Podemos ver um mapa do museu na parede mas a experiência que realmente importa não é memorizá-lo, mas sim a experiência de busca e descoberta. Lentamente, gera-se um sentido da forma e da estrutura que estamos a explorar e ele torna-se a nossa própria forma.
Isto demora tempo – quarenta anos do Êxodo ou quarenta dias no deserto. Tememos ser vagabundos e queremos regressar, mas o medo evolui para a maravilha e o passado é transformado pelo que descobrimos no presente. Ó feliz Quaresma! Ó corajosa Ucrânia, aguenta firme!
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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