
Quinta-feira da Terceira Semana
Fui fazer um teste de visão recentemente e deram-me uma nova receita de óculos. Fiquei à espera de que chegassem e então fiquei surpreendido ao descobrir como eram diferentes e fortes as novas lentes. Basicamente, eu estava a ver a dobrar e a tentar pela força de vontade corrigir a minha visão. Pensei que era defeito do meu cérebro que não se adaptava. Confiei mais no médico do que nos meus próprios olhos!
Por fim, a razão apareceu: o médico tinha se esquecido de pôr nas lentes o prisma que eu precisava para ver corretamente. Sem ele, eu estava a viver num mundo de dualismo. Quando as lentes corrigidas chegaram, a minha visão ficou mais sintonizada com a consciência unificada que estou a tentar viver. Clareza e unidade de visão – nós temos três olhos: corpo, mente e coração.
A domínio da ciência materialista tem tido muitas consequências para a forma como as pessoas vêem e interpretam as coisas. Ela reclama “objetividade” – significando a exclusão do factor subjetivo – mas isto é impossível de provar e inatingível nos seus próprios termos. Cria também uma realidade impessoal, falsa e centrada-no-ego que está por trás de muitos usos desumanos da tecnologia – atacar Mariupol com fogo de artilharia, bombardear alvos civis ou usar armas químicas, entre outros. A ciência materialista, aplicada fanaticamente, não respeita a verdade que a verdadeira ciência serve, porque nega a sabedoria e a ciência do amor.
O materialismo é de vistas curtas e irá sempre ver as coisas a dobrar. Por exemplo, ele nega o efeito perturbador do observador sobre qualquer experiência. Não vê a sua própria sombra. E rejeita a evidência dum mais elevado nível de consciência – mente e espírito – que existe e é distinto do cérebro. Hoje em dia, muitos cientistas brilhantes vêem a duplicidade do materialismo, mas o dualismo está ainda embutido no pensamento científico dominante – apesar de todas as descobertas da Física Quântica.
No Cristianismo Ocidental, a ciência materialista criou a divisão entre a religião e a ciência. Mas, ao contrário da Igreja na era moderna, o Sufismo nunca teve problemas em aclamar as novas descobertas da ciência. Via a ciência como estando a explorar a imensa diversidade que Deus criou, em ordem a manifestar a Sua unidade única. Os místicos de todas as tradições compreendem que a ciência, praticada de modo contemplativo como deveria ser e como o nosso companheiro Marco Schloremmer explica – é outro meio de amar e de compreender melhor a Deus.
Ao vermos a tecnologia a espalhar morte e miséria na Ucrânia a cada dia, não há lição mais clara sobre como podemos ficar aprisionados na visão dupla. E mostra a necessidade de restaurar o prisma da contemplação de que precisamos para ver um só e ver corretamente.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Fui fazer um teste de visão recentemente e deram-me uma nova receita de óculos. Fiquei à espera de que chegassem e então fiquei surpreendido ao descobrir como eram diferentes e fortes as novas lentes. Basicamente, eu estava a ver a dobrar e a tentar pela força de vontade corrigir a minha visão. Pensei que era defeito do meu cérebro que não se adaptava. Confiei mais no médico do que nos meus próprios olhos!
Por fim, a razão apareceu: o médico tinha se esquecido de pôr nas lentes o prisma que eu precisava para ver corretamente. Sem ele, eu estava a viver num mundo de dualismo. Quando as lentes corrigidas chegaram, a minha visão ficou mais sintonizada com a consciência unificada que estou a tentar viver. Clareza e unidade de visão – nós temos três olhos: corpo, mente e coração.
A domínio da ciência materialista tem tido muitas consequências para a forma como as pessoas vêem e interpretam as coisas. Ela reclama “objetividade” – significando a exclusão do factor subjetivo – mas isto é impossível de provar e inatingível nos seus próprios termos. Cria também uma realidade impessoal, falsa e centrada-no-ego que está por trás de muitos usos desumanos da tecnologia – atacar Mariupol com fogo de artilharia, bombardear alvos civis ou usar armas químicas, entre outros. A ciência materialista, aplicada fanaticamente, não respeita a verdade que a verdadeira ciência serve, porque nega a sabedoria e a ciência do amor.
O materialismo é de vistas curtas e irá sempre ver as coisas a dobrar. Por exemplo, ele nega o efeito perturbador do observador sobre qualquer experiência. Não vê a sua própria sombra. E rejeita a evidência dum mais elevado nível de consciência – mente e espírito – que existe e é distinto do cérebro. Hoje em dia, muitos cientistas brilhantes vêem a duplicidade do materialismo, mas o dualismo está ainda embutido no pensamento científico dominante – apesar de todas as descobertas da Física Quântica.
No Cristianismo Ocidental, a ciência materialista criou a divisão entre a religião e a ciência. Mas, ao contrário da Igreja na era moderna, o Sufismo nunca teve problemas em aclamar as novas descobertas da ciência. Via a ciência como estando a explorar a imensa diversidade que Deus criou, em ordem a manifestar a Sua unidade única. Os místicos de todas as tradições compreendem que a ciência, praticada de modo contemplativo como deveria ser e como o nosso companheiro Marco Schloremmer explica – é outro meio de amar e de compreender melhor a Deus.
Ao vermos a tecnologia a espalhar morte e miséria na Ucrânia a cada dia, não há lição mais clara sobre como podemos ficar aprisionados na visão dupla. E mostra a necessidade de restaurar o prisma da contemplação de que precisamos para ver um só e ver corretamente.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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