
Segunda-feira da Semana Santa
Um centurião que estava junto à Cruz ouviu as últimas palavras de Jesus entregando o Seu espírito nas mãos do Pai e dando o Seu último suspiro. O centurião disse: “este era um homem grande e bom”.
É o mínimo que podemos dizer sobre Jesus. O Seu ensinamento e a Sua forma de viver e de morrer dão testemunho duma muito rara autenticidade nos seres humanos. Olhamos para Jesus e vemos um grande professor de humanidade, um modelo do que o carácter humano significa e um exemplo daquilo a que podemos aspirar. Mas porque sentimos que Ele é exemplar, e chegámos tarde ao trabalho de aprender o que Ele está a ensinar, é mais fácil pô-Lo num pedestal e adorá-Lo de longe. Isto é uma forma radical de mal interpretar o Seu ensinamento e o Seu exemplo. “Já não vos chamo de servos…eu vos chamo de amigos”. “Eu neles e Tu em Mim, que sejam perfeitamente um só”. “Quem acredita em Mim fará as obras que Eu faço e fará coisas ainda maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai”.
A história que lemos ontem e agora que entramos na Semana Santa, é - deveria ser - muito perturbadora para todos, especialmente para os que pensam em si mesmos como Seus discípulos. Ela muda a forma como nos vemos a nós mesmos, a nossa vida, a morte e o significado último. Ela sacode-nos rudemente – tal como Ele sacudiu os discípulos adormecidos em Getsémani – para nos despertar da complacência. Jesus pergunta-nos: “quem dizeis vós que Eu sou?” Se escolhermos escutar e ponderar a nossa resposta, caímos para além do horizonte de tudo o que pensamos que somos, num autoconhecimento que é um mergulhar em Deus, ser infinito.
Porém, isto acontece sem perdermos a nossa humanidade. Mas o nosso carácter humano tem de estar plenamente rendido e transformado. Tornamo-nos desumanos, menos que humanos, quando não conseguimos ver esta condição da nossa existência. Então, somos capazes de crucificar um inocente, grande e bom homem, de bombardear mulheres e crianças inocentes e de assassinar os cidadãos de Bucha. Sem nos conhecermos a nós mesmos, não conseguimos ser quem Jesus nos ensina que somos.
Deus está em todo o lado presente e porém incognoscível. Mas, quando passamos para além do horizonte do ego, o mesmo acontece com o nosso “Eu”. Conhecer a Deus e ao nosso “Eu” significa entrar num caminho de não-conhecimento em que a visão ocorre para além do filtro da divisão.
Deus está sempre ausente – enquanto objeto. Deus só pode ser conhecido pelo partilhar do Seu próprio auto-conhecimento, o que não significa cair de amor por Deus, mas cair no amor que é Deus. Pela minha parte, o “eu” que penso que sou nunca está feliz ou realizado porque é um trabalho em curso que poderá ser interrompido a qualquer momento por falta de fundos ou por ser invadido por forças estrangeiras.
Na Semana Santa o Espírito que Jesus soprou sobre a Humanidade guia-nos para vermos o abismo que nos aterroriza. Ela nos ensina sobre tudo o que encontramos através da perda.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Um centurião que estava junto à Cruz ouviu as últimas palavras de Jesus entregando o Seu espírito nas mãos do Pai e dando o Seu último suspiro. O centurião disse: “este era um homem grande e bom”.
É o mínimo que podemos dizer sobre Jesus. O Seu ensinamento e a Sua forma de viver e de morrer dão testemunho duma muito rara autenticidade nos seres humanos. Olhamos para Jesus e vemos um grande professor de humanidade, um modelo do que o carácter humano significa e um exemplo daquilo a que podemos aspirar. Mas porque sentimos que Ele é exemplar, e chegámos tarde ao trabalho de aprender o que Ele está a ensinar, é mais fácil pô-Lo num pedestal e adorá-Lo de longe. Isto é uma forma radical de mal interpretar o Seu ensinamento e o Seu exemplo. “Já não vos chamo de servos…eu vos chamo de amigos”. “Eu neles e Tu em Mim, que sejam perfeitamente um só”. “Quem acredita em Mim fará as obras que Eu faço e fará coisas ainda maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai”.
A história que lemos ontem e agora que entramos na Semana Santa, é - deveria ser - muito perturbadora para todos, especialmente para os que pensam em si mesmos como Seus discípulos. Ela muda a forma como nos vemos a nós mesmos, a nossa vida, a morte e o significado último. Ela sacode-nos rudemente – tal como Ele sacudiu os discípulos adormecidos em Getsémani – para nos despertar da complacência. Jesus pergunta-nos: “quem dizeis vós que Eu sou?” Se escolhermos escutar e ponderar a nossa resposta, caímos para além do horizonte de tudo o que pensamos que somos, num autoconhecimento que é um mergulhar em Deus, ser infinito.
Porém, isto acontece sem perdermos a nossa humanidade. Mas o nosso carácter humano tem de estar plenamente rendido e transformado. Tornamo-nos desumanos, menos que humanos, quando não conseguimos ver esta condição da nossa existência. Então, somos capazes de crucificar um inocente, grande e bom homem, de bombardear mulheres e crianças inocentes e de assassinar os cidadãos de Bucha. Sem nos conhecermos a nós mesmos, não conseguimos ser quem Jesus nos ensina que somos.
Deus está em todo o lado presente e porém incognoscível. Mas, quando passamos para além do horizonte do ego, o mesmo acontece com o nosso “Eu”. Conhecer a Deus e ao nosso “Eu” significa entrar num caminho de não-conhecimento em que a visão ocorre para além do filtro da divisão.
Deus está sempre ausente – enquanto objeto. Deus só pode ser conhecido pelo partilhar do Seu próprio auto-conhecimento, o que não significa cair de amor por Deus, mas cair no amor que é Deus. Pela minha parte, o “eu” que penso que sou nunca está feliz ou realizado porque é um trabalho em curso que poderá ser interrompido a qualquer momento por falta de fundos ou por ser invadido por forças estrangeiras.
Na Semana Santa o Espírito que Jesus soprou sobre a Humanidade guia-nos para vermos o abismo que nos aterroriza. Ela nos ensina sobre tudo o que encontramos através da perda.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
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