
Sexta-feira da Segundo Semana
A meditação corresponde bem à natureza da vida enquanto viagem na qual nunca fazemos totalmente pausas. Há muitos altos e baixos, períodos de intensa luta e tempos de descontração e gozo. Mas, porque somos passageiros no rio do tempo estamos sempre em movimento. Como em todas as viagens, precisamos de ser guiados, reassegurados por vezes, de companheirismo e alimento para a viagem. E significado: porque, sem significado, não somos peregrinos, mas antes vagabundos sem rumo.
O deserto, com os seus oásis e uma estranha fertilidade tem sido usado muitas vezes para descrever o aspeto interior da viagem da vida. Relembrando o maná no deserto do Êxodo, podemos pensar no mantra como o nosso maná, tal como muitos pensam na Eucaristia como “o pão nosso de cada dia”.
O mantra, tal como a substância leve e em flocos do maná, não soa a um festim substancial. Isso é correto num certo sentido, porque na dimensão interior da viagem humana, tal como no mundo relacional da física quântica, estamos sujeitos a leis diferentes. Aqui, um festim pode ser fome e a fome um festim. Aqui, a pobreza é a chave para a arca do tesouro do Reino. Aqui, abrir mão é o caminho seguro para atingir a nossa meta. Aqui, até mesmo a morte é a porta para vida mais plena. O fracasso transforma-se em florescimento, através das muitas nascentes ocultas de graça.
O meditante aprende a viver com o paradoxo numa base de momento-a-momento, seja o que for que estejamos a suportar ou a desfrutar.
Dizemos o mantra levemente, aprendendo a escutá-lo com plena atenção, em vez de o brandir como uma arma de controlo da mente manipulada pela nossa vontade. O mantra, na sua simplicidade e delicadeza é uma alavanca que move a montanha do ego. Qualquer meditante que tenha desenvolvido uma prática por muito imperfeita que lhe possa parecer, aprendeu a render-se à realidade de boa vontade, apesar de isso significar a renúncia a muitas ilusões acalentadas.
Perguntem a um meditante de longa data porque é que ele pratica e ele irá muitas vezes ter dificuldade em responder de imediato. Por onde começar? Por outro lado, cada meditante para quem a sua prática se tornou o fio condutor da viagem interior, que entretece com o trabalho da vida quotidiana, dirá: “É um dom!”
Este é o significado do maná, que caiu gratuitamente, diariamente do céu (duas doses no Shabat). O mesmo para todos, não podia ser acumulado. Só podia ser recebido por aqueles que o recebiam como um dom que provava a sua igualdade face a todos. Assim, ele abriu um funil de percepção bem fundo na natureza da realidade. Ele mostra que cada um de nós está destinado a um grau igual de felicidade, mas esta irá tomar diferentes formas para cada um. Ele é “capaz de todos os sabores e adaptado a todos os gostos”. E, todavia, não está à venda. Ele é, tal como o nosso próprio ser, puro dom.
Lei básica sobre Deus: Deus nunca retira um dom. Segunda lei básica: o dom de Deus inclui os meios para o aceitar.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
A meditação corresponde bem à natureza da vida enquanto viagem na qual nunca fazemos totalmente pausas. Há muitos altos e baixos, períodos de intensa luta e tempos de descontração e gozo. Mas, porque somos passageiros no rio do tempo estamos sempre em movimento. Como em todas as viagens, precisamos de ser guiados, reassegurados por vezes, de companheirismo e alimento para a viagem. E significado: porque, sem significado, não somos peregrinos, mas antes vagabundos sem rumo.
O deserto, com os seus oásis e uma estranha fertilidade tem sido usado muitas vezes para descrever o aspeto interior da viagem da vida. Relembrando o maná no deserto do Êxodo, podemos pensar no mantra como o nosso maná, tal como muitos pensam na Eucaristia como “o pão nosso de cada dia”.
O mantra, tal como a substância leve e em flocos do maná, não soa a um festim substancial. Isso é correto num certo sentido, porque na dimensão interior da viagem humana, tal como no mundo relacional da física quântica, estamos sujeitos a leis diferentes. Aqui, um festim pode ser fome e a fome um festim. Aqui, a pobreza é a chave para a arca do tesouro do Reino. Aqui, abrir mão é o caminho seguro para atingir a nossa meta. Aqui, até mesmo a morte é a porta para vida mais plena. O fracasso transforma-se em florescimento, através das muitas nascentes ocultas de graça.
O meditante aprende a viver com o paradoxo numa base de momento-a-momento, seja o que for que estejamos a suportar ou a desfrutar.
Dizemos o mantra levemente, aprendendo a escutá-lo com plena atenção, em vez de o brandir como uma arma de controlo da mente manipulada pela nossa vontade. O mantra, na sua simplicidade e delicadeza é uma alavanca que move a montanha do ego. Qualquer meditante que tenha desenvolvido uma prática por muito imperfeita que lhe possa parecer, aprendeu a render-se à realidade de boa vontade, apesar de isso significar a renúncia a muitas ilusões acalentadas.
Perguntem a um meditante de longa data porque é que ele pratica e ele irá muitas vezes ter dificuldade em responder de imediato. Por onde começar? Por outro lado, cada meditante para quem a sua prática se tornou o fio condutor da viagem interior, que entretece com o trabalho da vida quotidiana, dirá: “É um dom!”
Este é o significado do maná, que caiu gratuitamente, diariamente do céu (duas doses no Shabat). O mesmo para todos, não podia ser acumulado. Só podia ser recebido por aqueles que o recebiam como um dom que provava a sua igualdade face a todos. Assim, ele abriu um funil de percepção bem fundo na natureza da realidade. Ele mostra que cada um de nós está destinado a um grau igual de felicidade, mas esta irá tomar diferentes formas para cada um. Ele é “capaz de todos os sabores e adaptado a todos os gostos”. E, todavia, não está à venda. Ele é, tal como o nosso próprio ser, puro dom.
Lei básica sobre Deus: Deus nunca retira um dom. Segunda lei básica: o dom de Deus inclui os meios para o aceitar.
Laurence
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