
Sexta-feira Santa
Os pensadores cristãos há longo tempo que ligam a Eucaristia com a Cruz – a Quinta-feira Santa, quando celebramos a Última Ceia, com a Sexta-feira Santa quando o tema da perda atinge o clímax na morte de Jesus. Quando ligamos as duas com a experiência da meditação podemos ver porque é que ambas trazem a cura à condição humana. Porque é que se diz que a Semana Santa é o “clímax da história da salvação”.
“Eucaristia” significa dar graças e mostra-nos como a gratidão é a nossa verdadeira natureza, que surge da alegria de ser em vez da satisfação de ter. O nosso hábito de sempre reclamar interiormente e de nos focarmos naquilo que nos falta é suspenso. A felicidade, descobrimos, vem de ser-se grato em lugar de a gratidão depender da felicidade. Do modo similar, podemos sentar-nos para meditar presos na armadilha da raiva, do descontentamento e da reclamação. Começamos a cavar atravessando estas camadas que podem ter muitos anos de espessura. Mas tomamos a decisão de dizer o mantra, nada mais, atravessando ondas de negatividade ou voos de fantasia. Abrimos mão das coisas velhas, deixamo-las morrer, a nascente da alegria flui de novo.
Esta perda voluntária conduz à pobreza em espírito e à auto-aceitação e humildade de que precisamos para amar a Deus com o mesmo amor com que Ele nos ama. A meditação em breve nos mostra que nós não caímos em amores por Deus. Isso é uma fantasia. Nós caímos no amor de Deus. Meditação e a Eucaristia são curas complementares e como é que pode a pessoa que sente a cura não se sentir agradecida?
A Eucaristia sempre foi vista como um remédio para a pessoa como um todo. Ao celebrá-la, sentimos o cuidado e a atenção do médico divino que se move dentro da comunidade unida em koinonia. A confiança em alguém que cura faz com que a cura aconteça por meio do relacionamento. Porém, sem a perda que Jesus aceitou na Cruz, Ele não estaria presente na Eucaristia ou no silêncio do nosso coração na meditação. Não estaria disponível para o relacionamento ilimitado que é tornado possível pela contínua libertação do Seu Espírito.
Hoje, os cristãos em todo o lado veneram a Cruz. Aqui em Bonnevaux, iremos ajoelhar-nos e tocá-la como um humilde sinal de reverência ao seu poder, que está bem além de qualquer coisa que possamos explicar. Isto é mais profundo do que ver a Cruz apenas como um exemplo trágico e nobre da integridade da qual os seres humanos raramente são capazes. Com mais entendimento interior do que isso, o acto da veneração, um leve beijo ou um dedo sobre a madeira da cruz, reconhece-a como um evento na História que toca e cura a natureza humana, para diante e para trás no tempo.
Isto é dizer - tentar dizer - muito mais do que as palavras conseguem suportar. O longo silêncio que se segue amanhã é necessário. O que se eleva desse silêncio é a torrente de saúde, a plenitude de vida, para a qual a cura nos restaura, mudando a forma como vivemos, vemos tudo e amamos.
Laurence
Reflexões para a Quaresma 2021 - LAURENCE FREEMAN OSB
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - Portugal
Site: http://www.meditacaocrista.com/
Facebook: https://www.facebook.com/meditacaocristaportugal
YouTube: https://www.youtube.com/user/meditacaocristaTv
Os pensadores cristãos há longo tempo que ligam a Eucaristia com a Cruz – a Quinta-feira Santa, quando celebramos a Última Ceia, com a Sexta-feira Santa quando o tema da perda atinge o clímax na morte de Jesus. Quando ligamos as duas com a experiência da meditação podemos ver porque é que ambas trazem a cura à condição humana. Porque é que se diz que a Semana Santa é o “clímax da história da salvação”.
“Eucaristia” significa dar graças e mostra-nos como a gratidão é a nossa verdadeira natureza, que surge da alegria de ser em vez da satisfação de ter. O nosso hábito de sempre reclamar interiormente e de nos focarmos naquilo que nos falta é suspenso. A felicidade, descobrimos, vem de ser-se grato em lugar de a gratidão depender da felicidade. Do modo similar, podemos sentar-nos para meditar presos na armadilha da raiva, do descontentamento e da reclamação. Começamos a cavar atravessando estas camadas que podem ter muitos anos de espessura. Mas tomamos a decisão de dizer o mantra, nada mais, atravessando ondas de negatividade ou voos de fantasia. Abrimos mão das coisas velhas, deixamo-las morrer, a nascente da alegria flui de novo.
Esta perda voluntária conduz à pobreza em espírito e à auto-aceitação e humildade de que precisamos para amar a Deus com o mesmo amor com que Ele nos ama. A meditação em breve nos mostra que nós não caímos em amores por Deus. Isso é uma fantasia. Nós caímos no amor de Deus. Meditação e a Eucaristia são curas complementares e como é que pode a pessoa que sente a cura não se sentir agradecida?
A Eucaristia sempre foi vista como um remédio para a pessoa como um todo. Ao celebrá-la, sentimos o cuidado e a atenção do médico divino que se move dentro da comunidade unida em koinonia. A confiança em alguém que cura faz com que a cura aconteça por meio do relacionamento. Porém, sem a perda que Jesus aceitou na Cruz, Ele não estaria presente na Eucaristia ou no silêncio do nosso coração na meditação. Não estaria disponível para o relacionamento ilimitado que é tornado possível pela contínua libertação do Seu Espírito.
Hoje, os cristãos em todo o lado veneram a Cruz. Aqui em Bonnevaux, iremos ajoelhar-nos e tocá-la como um humilde sinal de reverência ao seu poder, que está bem além de qualquer coisa que possamos explicar. Isto é mais profundo do que ver a Cruz apenas como um exemplo trágico e nobre da integridade da qual os seres humanos raramente são capazes. Com mais entendimento interior do que isso, o acto da veneração, um leve beijo ou um dedo sobre a madeira da cruz, reconhece-a como um evento na História que toca e cura a natureza humana, para diante e para trás no tempo.
Isto é dizer - tentar dizer - muito mais do que as palavras conseguem suportar. O longo silêncio que se segue amanhã é necessário. O que se eleva desse silêncio é a torrente de saúde, a plenitude de vida, para a qual a cura nos restaura, mudando a forma como vivemos, vemos tudo e amamos.
Laurence
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